Paz
Com paz e com sossego, olho o horizonte, 
Num calmo entardecer alentejano, 
Ao longe, ouço a viola dum cigano 
E o sol, devagar, desce ali defronte. 
 
Quando a seara se vê, lá do monte 
De branco e azul vestido todo o ano, 
Tem o tom castanho dum ouro profano, 
Ornado de papoilas junto à fonte. 
 
Mais pra lá, as azinheiras do montado 
Fornecem alimento para o gado, 
Numa natural forma de alquimia. 
 
Em cada espiga existe um lindo verso 
Andando no mundo, em voar disperso, 
Para falar da vida, em poesia. 
 
António Barroso (Thiago) 
Portugal 
 
  
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