Nas horas que Morfeu mais me 
sugere 
P’ra que repouse corpo e consciência 
Mais se insinua em mim e mais me fere 
Um ordálio de fera consistência 
 
E esses deuses-juízes 
da dormência 
Tribunos de um libelo acusatório 
Crítica basta usam d’acidência 
De rítmica cerrada, tom persecutório 
 
Que endemoninhadas 
criaturas são 
As que me assaltam, torpes, o sossego 
Que de mim mais pavor pretenderão? 
 
Será que me condenam 
ao meu medo 
E ao tresvario dessa condenação 
Que ameaça tornar-se o meu degredo? 
 
Eugénio de Sá
  
(Luiz Gilberto de Barros - 
às 20 h e 23 min do dia 18 de abril de 2010 
do Rio de Janeiro, para a poesia do meu amado irmão Eugénio de Sá) 
 
É no sono que teus 
sonhos se revelam 
Nebulosos como tuas fantasias 
Solitárias que desmaiam e se anelam 
Nas imagens surreais que tu recrias... 
 
Na paisagem de uma vã 
mitologia., 
Tu te sentes como um mítico mortal 
Que precisa derrotar a letargia 
De um silêncio... que nem sempre te faz mal. 
 
Crias deuses... mas 
que deus é como o teu, 
Que aprendeste a adorar com reverência, 
Quando nem teu coração é tão ateu? 
 
Vai, portanto e 
condena, sim, tua dor 
Ao degredo e reconstrói, em cada ausência, 
Um altar em reverência ao teu amor. 
 
Luiz Poeta 
(Luiz Gilberto Barros) 
 
  
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