Fome de beijos - Eugénio de Sá

Nunca gostei de beijos de rotina
Aqueles beijos fugazes não sentidos
Que se dão como acenos devolvidos
Sem emoções brilhando na retina

Não; os beijos devem vir do coração
Sejam aqueles que trocam as salivas
Ou os castos, que damos a um irmão
Todos são comoções em nossas vidas

Pois que o beijar é um acto de nobreza
De quem faz desse gesto um ponto alto
Pra mostrar outro querer em subtileza

E então o ser amado, em sobressalto;
Perde a noção de tudo, e em ligeireza
Responde com fulgor perante o assalto!

Eugénio de Sá

Hambre de besos - Victoria Lucía Aristizábal

Besar con esa unión con que se besa
Y con la devoción con que se adora,
Es imitar la fuerza creadora
De la fe, del amor y la belleza

Otra cosa es besar como tu besas
Con la dulce emoción que me enamora
Aunque deje una huella tentadora
Y una mezcla de dicha y de flaqueza

Y después de besarme me imagino
Que tu boca es la fuente de aquel vino
Que apurara la ebúrnea sulamita

Y quisiera volverme sibarita
Para apurar tu nectar peregrino
Y esperar que tu amor me lo permita

Victoria Lucía Aristizábal
Bogotá - Colombia - Octubre de 2010

Beija-me assim... - Humberto Rodrigues Neto

Não quero ter de ti beijos formais,
quero-os assim, febris e irracionais,
iguais aos teus, vorazes e abrasivos...
Desejo-os plenos de arrepios ardentes
ricos de tórridas paixões mordentes,
arrebatados... sensuais... lascivos!

Beija-me louca e escancaradamente,
beija-me lúbrica e ousadamente,
num tom grosseiro, quase cafajeste!
Beija-me, pois, do modo mais relapso
e que esse beijo seja o mais devasso
de quantos foram os que já me deste!

Humberto Rodrigues Neto
São Paulo - Outubro de 2010

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