MARIA DAS FLORES

Carmo Vasconcelos

 

Doloridas violetas traz nos olhos,

pelos dedos escorrem-lhe martírios,

e, tal em novena, ardem-lhe quais círios,

no peito amante, pálidos abrolhos.

 

Por que, teimosa, inda cultiva flores;

paisagens coloridas de desejos

que sonha salpicadas de ígneos beijos?...

Se na hora da colheita, colhe dores!

 

Alimenta-as de amor e rubro sangue,

porém os caules, meros lambareiros,

saciados, deixam-na... sozinha e exangue.

 

Florista acorrentada à fantasia,

só tem a flor-saudade nos canteiros…

Mas o sonho ainda habita na Maria!

***

Lisboa/Portugal

Maio/2009

 

 

MARIA DAS FLORES

Humberto Rodrigues Neto

A orquídea que um dia foi na mocidade
em dias de fastígio e de ventura,
Maria ainda conserva com amargura
no cofre imorredouro da saudade.

Do lírio, então em plena formosura,
guarda apenas na mente a suavidade;
hoje tímida violeta fê-la a idade,
ou um miosótis sem viço e sem candura.

Maria agora traz o olhar vermelho
das lágrimas choradas frente ao espelho,
ante um rosto que franze e se esfacela!

Pranto de perda da falaz vaidade,
tributo amargo da fatalidade
de um dia ter sido tão formosa e bela!

* * *

S.Paulo/Brasil

Janº/2011



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