A importância de um abraço

Recebi em 22/05/2011


       Em tempos idos era eu gerente da sucursal de uma empresa seguradora, em Belo Horizonte. Estressado pela responsabilidade imposta pelo cargo e por metas a serem alcançadas, sofri por quatro meses com o distúrbio de uma glândula que me provocava sudorese em excesso, independente do calor ou frio que estivesse fazendo.

       Minhas mãos estavam sempre suadas e por mais que as enxu-gasse em lenços preventivamente levados comigo, permaneciam úmidas.

       Meus contatos profissionais eram muitos, diariamente, e fica-va constrangido, na hora do aperto de mãos, nas apresentações ou  reencontros de clientes.


       Então, como recurso estratégico, ao ver mãos estendidas para mim, ignorava-as e partia para um abraço, acompanhado de "Muito prazer, Ary Franco". Neste período realizei bons negócios e fiz grandes amigos, como nunca dantes.

       Depois de "curado", com tratamento médico adequado, resolvi continuar com meus, agora espontâneos, abraços. Ao meu gabinete de trabalho eram conduzidos os funcionários novos, contratados pelo RH, para me serem apresentados. Desde o contínuo, até os mais graduados, eu levantava-me da cadeira, contornava minha mesa e abraçava o recém-chegado, dando-lhes as boas-vindas. Era eu o gerente "mais legal do mundo!".

       Certa feita o gari que varria a minha rua, tocou o interfone e perguntou-me se eu poderia assinar na "listinha de Natal". Peguei  uma nota (não me lembro mais do valor) e fui ao portão apor meu nome na lista. Ele retirou a luva da mão direita e estendeu-a para mim, desejando-me um Feliz Natal. Ignorei aquela mão e abra-cei-o,  retribuindo os votos. Meio acanhado ele disse-me, duran-te o abraço: "Doutor, estou sujo e suado" Eu respondi: "Perante Deus, talvez eu o esteja mais que você!".

       Daquele dia em diante, minha calçada era a mais bem varrida e limpa de todas e era na minha casa  que ele mitigava sua sede nos dias mais quentes sob o sol causticante que dificultava a exaus-tiva tarefa de seu trabalho.

       Então, aí ficou para mim uma lição de vida, transformando uma adversidade em um grande aprendizado, certamente ministra-do pelo nosso Deus Criador.

Ary Franco
Miguel Pereira, 22 de agosto de 2010



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