Hamilton Naki, O Cirurgião Clandestino

Recebi em 06/01/2007
 


Hamilton Naki

A revista “The Economist publicou a história de Hamilton Naki, um sul-africano negro de 78 anos de idade, que morreu no final de maio de 2005.

Embora não provocando manchetes, a vida dele é algo realmente extra-ordinário.

É preciso que se saiba que
foi ele quem retirou do corpo da doadora o coração transplantado para o peito de Louis Washkanky em dezembro de 1967, na cidade do Cabo, África do Sul, na primeira operação de transplante cardíaco bem sucedida.

Naki era talvez o segundo homem mais importante na equipe que fez o primeiro transplante cardíaco na história.

No entanto, não podia aparecer porque era negro no país do apartheid.

O cirurgião-chefe do grupo, o branco Christian Barnard, tornou-se uma celebridade instantânea.

Hamilton Naki não podia sequer sair nas fotografias da equipe.

Quando apareceu numa, por descuido, o hospital informou que era um faxi-neiro.

Naki usava jaleco e máscara, mas jamais estudara cirurgia.

Largou a escola aos 14 anos e era jardineiro na Escola de Medicina da Cidade do Cabo.

Aprendeu cirurgia assistindo experiências com animais.

Tornou-se um cirurgião tão excepcional que Barnard requisitou-o para sua equipe.

Era uma quebra das leis sul-africanas.

Naki, negro, não podia operar pacientes nem tocar no sangue de brancos, mas o hospital abriu uma exceção.

Virou cirurgião, mas clandestino, dava aulas aos estudantes brancos, mas ganhava salário de técnico de laboratório, o máximo que o hospital podia pagar a um negro.

Vivia num barraco sem luz elétrica nem água corrente.

Aposentou-se com uma pensão de jardineiro, de 275 dólares por mês.

Depois que o apartheid acabou, ganhou uma condecoração e um diploma de médico “honoris causa”.

Biografia



 

Hamilton Naki - Cirurgião sul-africano
(1926 - 2005)

Nasceu em 26 de junho de 1926 em Ngcingane, em Eastern Cape (Cabo Oriental ), numa família negra pobre.

Aos 14 anos foi para a Cidade do Cabo onde empregou-se como jardineiro da Universidade da Cidade do Cabo.

Robert Goetz o selecionou para trabalhar com os animais do laboratório da faculdade de medicina.

Auxiliando as cirurgias em animais, suas habilidades técnicas foram sendo observadas e conseguiu uma permissão especial para permanecer nas pesquisas do laboratório.

Fez parte da equipe liderada pelo cirurgião sul-africano Christiaan Barnard que realizou o primeiro transplante de coração do mundo no Groote Schuur Hospital, na África do Sul, em 1967.

Devido às leis de apartheid da época, o nome de Hamilton Naki não foi divulgado na mídia.

Embora formalmente jardineiro, recebia como auxiliar de laboratório, a maior remuneração que a legislação permitia à Universidade lhe pagar.

Após sua aposentadoria, foi para um asilo de jardineiros.

Recebeu a National Order of Mapungubwe em 2002 e a Graduação Hono-rária em Medicina pela Universidade da Cidade do Cabo, em 2003.

Faleceu em 29 de maio de 2005.

Colaboração da Poetisa e amiga Muriel Pokk


 
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