Expressões Curiosas Na Língua Portuguesa
 
 
Recebi em 16/10/2011 da Poetisa e amiga Sônia Maria J. Sogawa
 


À BEÇA:
O mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa.

A origem do dito é atribuída às qualidades de argumentador do ju-rista alagoano Gumercindo Bessa, advogado dos acreanos que não queriam que o Território do Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas.

A DAR COM O PAU:
O substantivo “
pau” figura em várias expressões brasileiras.

Esta expressão teve origem nos navios negreiros.

Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, pra isso, deixavam de comer.

Então, criou-se o “pau de comer” que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu pro estômago dos infelizes, a dar com o pau.

O povo incorporou a expressão.

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA:
Um de seus primeiros registros literários foi feito pelo escritor latino Ovídio (
43 a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como “A arte de amar” e Metamorfoses”, que foi exilado sem que soubesse o motivo.

Escreveu o poeta: “A água mole cava a pedra dura”.

É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito di-fundida formar rimas nesse tipo de frase pra que sua memorização seja facilitada.

Foi o que fizeram com o provérbio, portugueses e brasileiros.

ANDA À TOA:
Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra.

Um navio que está à toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca determinar.

DA PÁ VIRADA:
A origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá.

Quando a pá está virada pra baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo Homem vagabundo, irresponsá-vel, parasita.

DAR COM OS BURROS N'ÁGUA:
A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas.

O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de es-tradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados.

Daí em diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não conse-gue ter sucesso naquilo.

ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM:
Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no sé-culo XVIII.

Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial portu-guês.

O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara.

Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: “Vocês que são pardos, que se entendam”.

O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil.

Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o ofi-cial português que estranhou a atitude do vice-rei.

Mas, dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.

GUARDAR A SETE CHAVES:
No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arqui-vamento de joias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino.

Portanto eram apenas quatro chaves.

O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atri-buído a ele, desde a época das religiões primitivas.

A partir daí começou-se a utilizar o termo “guardar a sete chaves” pra designar algo muito bem guardado...

JURAR DE PÉS JUNTOS:
Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu.

A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa In-quisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado pra dizer nada além da verda-de.

Até hoje o termo é usado pra expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.

MOTORISTA BARBEIRO:
Nossa, que cara mais barbeiro!

No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc., e por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas.

A partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuí-do ao barbeiro, pela expressão “coisa de barbeiro”.

Esse termo veio de Portuga l, contudo a associação de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.

NHENHENHÉM:
Nheë, em tupi, quer dizer falar.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os indígenas não enten-diam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “
nhen-nhen-nhen”.

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vi-cent de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.

Foi um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via.

Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor.

Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.

O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano.

Angel ganhou a causa e entrou pra história como o cego que não quis ver.

OK:
A expressão inglesa “OK” (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA.

Durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa “0 kil-led” (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo ”OK”.

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:
Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas.

Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição.

Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas.

A partir daí surgiu a expressão, usada pra designar um lugar distan-te, desconhecido e inacessível.

PARA INGLÊS VER:
A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos.

No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, as-sim, essas leis eram criadas apenas “pra inglês ver”.
Daí surgiu o termo.

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:
A história mais aceitável para explicar a origem do termo é prove-niente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados.

Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada.

Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra.

Após alguns meses o garoto morreu.

QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO:
Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os ga-tos.

RASGAR SEDA:
A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente ou-tra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Car-los Martins Pena.

Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão pra cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua be-leza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: “Não ras-gue a seda, que se esfiapa”.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA:
Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje!

No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demo-rar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol.

Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”.

Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de algu-ma coisa.

VAI TOMAR BANHO:
Em “
Casa Grande & Senzala”, Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português.

Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o eu-ropeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja.

Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam.

Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em rou-pas que não eram trocadas com frequência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios.

Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos por-tugueses, mandavam que fossem “tomar banho”.

 
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