A Lenda Da Rasga Mortalha - Por Marcus Pessoa

Recebi em 28/07/2018
 


Colaboração da amiga Maria Teresa (Portugal)

Conhecida também como Suindara, a Rasga Mortalha é uma coruja que possui fama de agourenta.

Em algumas regiões, principalmente no norte e nordeste do Brasil, acredita-se que quando essa ave passa por cima de alguma casa soltando um ruído semelhante a um pano sendo rasgado, é sinal de que algum morador por ali está perto de morrer.

Essa crendice teve início a partir de uma antiga lenda.

Conta-se que tudo começou com uma jovem de trinta e cinco anos de idade, um pouco gorda e de pele muito branca.

A jovem se chamava Suindara, trabalhava como carpideira (mulhe-res com mais de trinta anos que eram pagas para chorarem em velórios e cemitérios) e era filha de um temido feiticeiro chamado Eliel.

A jovem Suindara era muito inteligente e respeitada na sua comu-nidade, todos a conheciam como Coruja Branca.

Suindara levava uma vida normal, exceto pelo fato de ser carpi-deira.

Os problemas da jovem iniciaram quando ela começou a namorar as escondidas com um rapaz chamado Ricardo, que era filho de uma condessa chamada Ruth.

A condessa era conhecida por sua rigidez e era muito preconcei-tuosa.

Se o romance de Suindara e Ricardo fosse descoberto, jamais seria aceito pela condessa, mas Ruth acabou descobrindo e arquitetou um plano malévolo para acabar com a relação dos dois.

A condessa mandou que sua empregada Margarida entregasse um bilhete para a carpideira dizendo que contrataria os seus serviços e para isto seria necessário que as duas se encontrarem atrás de uma cripta azul, que ficava no local mais afastado e escuro do cemitério.

Assim que Suindara chegou no local combinado foi assassinada por um empregado de Ruth.

Todos lamentaram muito quando ficaram sabendo da morte da jovem, a enterraram em um luxuoso mausoléu e para homenageá-la esculpiram uma enorme Coruja Branca no meio da sua cripta.

Eliel, utilizou as cartas de tarô e acabou descobrindo que a ver-dadeira assassina de sua filha era a condessa da aldeia.

Foi aí que ele resolveu executar um poderoso ritual para se vingar da assassina.

Eliel foi até o túmulo de sua filha e executou sua magia.

O espírito da moça penetrou na enorme estátua de coruja branca e fez com que ela criasse vida própria.

A coruja saiu voando pela aldeia e foi até a sacada da janela do castelo onde dormia Ruth, começou a piar um canto estranho, se-melhante ao som de roupa de seda sendo rasgada.

Durante toda a noite a aldeia ouvia assustada o som aterrorizante da ave.

No dia seguinte a condessa amanheceu morta e suas roupas de seda foram encontradas rasgadas, como se alguém as tivesse corta-do.

A partir desse evento, a coruja começou a soltar seus gritos ater-rorizantes sempre que alguém estava perto de morrer na aldeia.

Até hoje as pessoas ainda temem quando a Rasga-mortalha sobre-voa suas casas soltando gritos, pois bom sinal não é.

Existe até um contrafeitiço para a maldição da coruja, são palavras que se diz para afastar o agouro do animal: Aqui não tem tesoura nem pano, não tem ninguém morando aqui.

Eu mesmo já testemunhei morte de gente que foi agourada pela Rasga-Mortalha, pode até ter sido coincidência, mas quem sou eu para duvidar?!



 
Anterior Próxima Você Sabia? Menu Principal