Umbanda: Texto Explicativo: Umbanda - Uma visão sistêmica

 


Uma visão sistêmica

“A explicação da Umbanda em rede veio ao encontro do que tenho adotado como postura politico-filosófica.

Trabalhei como formadora em alguns trabalhos de responsabilidade social sob a ótica ecologista de Marcos Reigota e outros, além de ser uma admiradora de Egar Morin que escreveu sobre a teoria da com-plexidade.

Costumo referir-me à metáfora moriniana quando estou ensinando professores ou alunos na escola onde trabalho, que diz: “Os fios com-põem o tapete, mas esse só é tapete por causa dos fios”.

Conseguir trazer esse conceito de rede, de sistema, para a Umbanda foi muito bom, excelente!

Uma lição da qual não me esquecerei e que possibilitou um passo meu a mais na Umbanda.

Estou sinceramente agradecida por estar aprendendo com o Manoel Lopes.

Poderia citar outras generalizações decorrentes desse conceito, mas acho que não é preciso por ora.

Obrigada Meu Pai Oxalá, por mais esta ajuda que veio através de um irmão, Manoel Lopes, que teve a ousadia de usar a internet para ensi-nar o que eu preciso aprender.”

Stella Martins (aluna do curso EAD do Núcleo Mata Verde)

No Núcleo Mata Verde (www.mataverde.org) estudamos e ensinamos, uma doutrina umbandista, que tem como características principais:

1 - Os Sete Reinos Sagrados

Modelo que tem por origem a formação do planeta Terra.

2 - Campo Estrutural

Estruturas de natureza mental e emocional, mantidas pelos espíritos e que são, entre outras coisas, a origem de toda a realidade material e espiritual.

3 - Visão sistêmica de sua organização

Diversidade de Rituais umbandistas.

Vamos discutir neste artigo, de forma sucinta o item 3 – Visão sistê-mica da organização umbandista, origem da diversidade de rituais existentes na Umbanda.

Este texto (Diversidade de rituais umbandistas) que apresentamos logo abaixo foi escrito pela primeira vez em 2005, depois em 2006 quando lançamos a RBU – Rede Brasileira de Umbanda.

(www.rbu.com.br)

Novamente tornamos a lembrar sobre a estrutura complexa da Um-banda e que a RBU tinha como uma das principais funções revelar esta complexidade da organização umbandista.

Em 2007 quando lançamos o livro “Umbanda Os Sete Reinos Sagra-dos”, incluímos ao final do livro o capitulo “Nasce um Rede”, cha-mando a atenção dos Umbandistas para a importância da RBU como uma nova rede social, e que teria entre outras características a fina-lidade de unir os umbandistas sem impor qualquer tipo de comando ou direcionamento doutrinário; pois devido a sua natureza complexa não admitia este tipo de comando único, centralizado.

Em 2009 publicamos novamente o texto “Diversidade de Rituais Um-bandistas” fazendo questão de mostrar aos umbandistas esta visão sistêmica da Umbanda, realçando o conceito de estrutura em rede de sua organização.

Neste texto de 2009 incluímos logo ao início comentários sobre os “choques” entre os umbandistas ao se depararem através da RBU com centenas (ou talvez milhares) de formas de se vivenciar a Umbanda.

Continuamos a divulgar este conceito de organização em rede através dos cursos desenvolvidos no Núcleo Mata Verde e que estão a dis-posição dos interessados através da plataforma EAD.

(www.mataverde.org/ead)

Muitos foram os alunos que passaram (e continuam a passar) pelos nossos cursos; alunos (Umbandistas ou não) de várias origens, dos mais diferentes tipos de Terreiros, Centros, Núcleos, Ilês, etc. e todos sem exceção ao estudarem a questão da “Diversidade Ritualís-tica da Umbanda” comentam sobre a estrutura em rede, que permi-tiu finalmente que pudessem entender esta diversidade.

Adiciono abaixo alguns comentários destes alunos:

“Este é um conceito que até então não conhecia, e me ajudou muito a entender a diversidade encontrada nos terreiros de Umbanda.

Chamou minha atenção por ser abrangente, mostrando que a Umban-da é uma religião acolhedora e não preconceituosa, permitindo que cada um escolha a vertente com a qual se tenha maior afinidade.”

Sandra Regina N. Rodrigues

“Este tipo de organização apresentada na Umbanda é maravilhosa, por ser aberta e abrangente.

Nunca tinha tido contato com esta figura organizacional, mas foi exa-tamente sua característica igualitária que me chamou atenção.

Se Deus se encontra em tudo e todos, Deus está naqueles com quem nos afinamos, mas também nos diferentes.

Avançar na vida trabalhando em mim este conceito é uma meta.”

Rossana Fatima C. de Andrade

“Concordo com esse sistema, aliás tive a oportunidade de ler a anos atrás o livro “A teia da vida” que foi indicado pelo Manoel.

A rede faz com que não exista na Umbanda um poder único, ou seja, cada “ponto” dessa rede é importante no sistema todo.

A rede permite que novos pontos sejam acrescentados sem compro-meter a eficiência do todo além de não engessar a nossa religião.”

Sérgio Eustáquio Sardinha (Yorotaman)

“Ainda não tinha conhecido este conceito, achei bem realista e dire-to, raramente escutamos alguma explicação sobre o porquê dos dife-rentes terreiros no Brasil.

Mas está ai a resposta, de um forma simples, e fácil de absorver.”

Luiz Carlos S. Farias

“Tendo em vista a minha formação na área jurídica, bem como pelo fato de eu fazer pós-graduação em direito educacional, tenho profes-sores que trabalham com a concepção de redes e sistemas, extraída inclusive da Administração de Empresas, e da moderna ideia de Ges-tão.

Desta forma, já conhecia o conceito, entretanto, nunca tinha ouvido falar sobre essa concepção aplicada à religião umbandista, mas con-fesso que achei a ideia muito interessante, já que possibilita explicar a diversidade existente nesse meio.

Realmente, sem esse conceito de organização fica difícil compreen-der a liberdade que existe dentro da Umbanda, e que, por essa ra-zão, deve-se divulgar cada vez mais a organização em rede, e suas características e consequências.”

Carolina Nogueira Pedroso

“Achei muito esclarecedora a explicação dada sobre a organização em rede da Umbanda.

Já ouvi falar várias vezes que a Umbanda é uma religião desorganiza-da onde cada um à pratica de uma maneira.

Assistindo a explicação entendi perfeitamente o conceito da organi-zação em rede e concordo plenamente com ela.”

Andrea Cavalheiro Rodrigues

“Já tive oportunidade de conhecer a organização em rede por ocasião do curso Exu o Guardião do Templo. (Curso do Núcleo Mata Verde).

Concordo plenamente com o que é exposto nesta “rede”, pois tenho visitado vários terreiros e após ter conhecimento desta “rede” pude perceber que segue o que é exposto.”

Ulisses Fanti

“Concordo com a organização, acredito sim na liberdade e na diversi-dade de cultos dentro da Umbanda, isso é o que torna a Umbanda tão encantadora, a liberdade que ela nos permite é o que nos faz esco-lhe-la como religião, com muito amor e muita dedicação.”

Priscila

“A explicação da Umbanda em rede veio ao encontro do que tenho adotado como postura político-filosófica.

Trabalhei como formadora em alguns trabalhos de responsabilidade social sob a ótica ecologista de Marcos Reigota e outros, além de ser uma admiradora de Edgar Morin que escreveu sobre a teoria da com-plexidade.

Costumo referir-me à metáfora moriniana quando estou ensinando professores ou alunos na escola onde trabalho, que diz: “Os fios com-põem o tapete, mas esse só é tapete por causa dos fios”.

Conseguir trazer esse conceito de rede, de sistema, para a Umbanda foi muito bom, excelente! Uma lição da qual não me esquecerei e que possibilitou um passo meu a mais na Umbanda.

Estou sinceramente agradecida por estar aprendendo com o Manoel Lopes.

Poderia citar outras generalizações decorrentes desse conceito, mas acho que não é preciso por ora.

Obrigada Meu Pai Oxalá, por mais esta ajuda que veio através de um irmão, Manoel Lopes, que teve a ousadia de usar a internet para ensinar o que eu preciso aprender.”

Stella Martins

“Não conhecia esse conceito e não entendia porque os terreiros de Umbanda eram tão diferentes uns dos outros.

Isso me dava a impressão de desorganização e desconhecimento da religião.

Também achava que dessa maneira alguns estavam certos e outros errados... mas agora entendi perfeitamente que a Umbanda, uma re-ligião tipicamente brasileira, é tão miscigenada quanto o próprio povo brasileiro e se um terreiro se aproxima mais dos orixás africa-nos, e outro se aproxima mais da doutrina Kardecista ou Católica elas não são necessariamente antagônicas ou excludentes.

Todas elas trabalham num mesmo universo energético.

Concordo plenamente com a organização em rede e acredito que por esse motivo, a Umbanda seja uma religião do futuro onde estamos to-dos interligados, conectados a uma rede maior, cada um de nós esco-lhe aquele ponto que mais se identifica.

Essa explicação da organização em rede foi o ponto alto dessas qua-tro primeiras aulas.

E, para mim, por enquanto já valeu o curso.

Foi muito importante para mim tomar conhecimento deste conceito que deve mesmo ser aplicado em muitos outros aspectos da vida.

Dá até para fazer uma relação com o “Caminho do Meio” indicado por Gautama Buda como o caminho da sabedoria.”

Márcia Helena Valle da C. Ferraz

“Achei muito interessante a organização da Umbanda em rede e ela explica o que vemos nos terreiros.

Eu sempre achei muito estranho que um terreiro diferenciava de outro na organização do congá, no uso ou não de imagens, na ritualís-tica, nas roupas, nos termos utilizados, e nunca soube o motivo dessa diferenciação, o quê nos foi explicado com essa aula.

Tudo que sempre diziam é que era Umbanda branca e que cada “ca-cique” decidia a forma de trabalho em sua “casa”, hoje eu entendi perfeitamente bem as influências que a Umbanda recebe de outras religiões e que essa influência determinará o tipo de culto que será realizado naquele terreiro.

Eu sempre achei interessante as denominações e a ausência de por-quês, tais como: aquele terreiro pratica a Umbanda de caboclo, aquele outro pratica a Umbanda de ciganos, outro a Umbanda espíri-ta.

Sempre me questionava e a os outros: afinal Umbanda não é tudo Umbanda?

Penso que todas essas indagações sem nenhuma resposta é que me levaram a desistir da Umbanda.

Que bom que me foi dado pelo Universo esta possibilidade de esclare-cimentos e entendimento.”

Iegle Cristiane Vicentim

“Me foi de muita valia tal explicação. Não conhecia esta organização em rede e sempre vinha a dúvida, por que a Umbanda tem tantas di-ferenças nos rituais de uma casa para outra.

Hoje a minha dúvida foi sanada, veja só, com tanto tempo de Umban-da, hoje é que me foi esclarecido o porque dos diversos rituais.

Estou convencido e aceito tal explicação sem dúvida.”

João Batista Paes

“A organização da Umbanda em rede, é um conceito moderno e es-clarecedor.

Eu não conhecia até assistir o curso do Arapé. (Técnica desenvolvida no Núcleo Mata Verde)

Essa visão acaba com preconceitos entre os próprios umbandista, nos ensina a entender porque existem vários rituais dentro da Umbanda, nos ajuda a argumentar quando ocorre discussões sobre a diversidade umbandista.

O conceito de rede faz parte do mundo globalizado, onde todos esta-mos unidos.

Na Umbanda estamos unidos em busca do aperfeiçoamento moral, e da prática da caridade, não importa se sua casa é mais africanizada, ou mais Kardecista, o importante é o ideal de prestar a caridade, aos mais necessitados. Seja para encarnados ou desencarnados.

Com a organização em rede não há espaço para o preconceito nem para o julgamento, só fortalece e une os vários terreiros sobre a ban-deira do respeito e do amor a essa religião brasileira.”

Simone Cristina do Amaral Porto

“Boa tarde, eu ainda não conhecia esta explicação da organização da Umbanda em rede, apenas conhecia o conceito de que a Umbanda havia recebido influência do catolicismo e do candomblé.

Todavia, achei bem interessante e muito mais lógica a explicação da organização em rede, pois refletindo e analisado os terreiros que co-nheço começo a perceber o porquê das diferenças entre métodos e rituais, por isso eu concordo e aceito a explicação sobre as influên-cias que a Umbanda recebe.”

Alexandre Rodriguez Ayres

“Gostei muito da explicação sobre a organização em rede para a Um-banda, de fato prova os conjuntos de itens que a religião possui, as influencias, os rituais em si de cada terreiro/casa.

Foi a melhor explicação que já ouvi, vem reafirmar a Diversidade Ri-tualística, o que nos beneficia a encontrar um lugar que se identifi-que com nosso grau espiritual, com a nossa necessidade terrena, para que assim possamos trabalhar e praticar os dons que cada um possui e nem sempre é igual.”

Davi Soares de Campos

“Já dominava esse conceito de sistemas de redes como cultura orga-nizacional, uma vez que possuo formação em gestão.

Concordo em todos os aspectos que a Umbanda é uma religião organi-zada em redes, com unidades soberanas.

Uma vez que não possuímos um poder unificado e cada célula do processo, no nosso caso o terreiro, tem autonomia pra se autogerir e coordenar suas formas de trabalho, com influencias externas, cultu-rais, geográficas e antropológicas, não vejo possibilidade de se apre-sentar de forma diferente nossa Cultura Organizacional.”

Jefferson Renato Bezerra

Temos centenas de depoimentos que nos foram passados pelos alunos do EAD Mata Verde (www.mataverde.org/ead), incluímos apenas al-guns para mostrar a reação dos umbandistas em relação ao modelo proposto por nós, também achamos interessante incluirmos estes comentários pois cada um deles trouxe um pouco de sua experiência, o que nos ajuda a enriquecer o conteúdo deste artigo.

Passados mais de cinco anos da publicação do texto inicial, estamos novamente apresentando aos umbandistas, para reflexão e pondera-ção, novamente o texto que mostra a estrutura complexa da forma-ção umbandista.

Citamos no Manifesto que fizemos para o lançamento da RBU fatos históricos mostrando que durante muitos anos, vários grupos tenta-ram “codificar” a Umbanda e a história comprova que todas estas tentativas foram em vão.

Precisamos entender que a Umbanda possui características diferentes de outras religiões tradicionais e somente através de uma abordagem moderna e utilizando conceituação da teoria dos sistemas complexos conseguiremos produzir alterações nesta estrutura.

Costuma-se dizer de um sistema complexo que “o todo é mais que a soma das partes”.

O texto escrito em linguagem simples, como sempre escrevemos, bus-ca facilitar o entendimento de seu conteúdo por todo tipo de pesso-as.

Exemplificamos com experiências pessoais de nossa trajetória umban-dista, também pela experiência nas listas de debates e posteriormen-te nos entrechoques provocados dentro da RBU.

Falamos pela primeira vez (desconhecemos outros textos anteriores ao nosso) sobre a organização hierárquica piramidal das religiões tra-dicionais e fizemos uma comparação com a estrutura em rede, mos-trando as características dos diversos “nós”, mostrando através de gráficos a explicação desta rede complexa que é a Umbanda.

Um sistema aberto, complexo e em constante evolução e que mais do que nunca segue a máxima “o todo é mais que a soma das partes”.

Lembramos no texto, que existem muitos fundamentos em sua ori-gem, e exemplificamos com alguns dos principais fundamentos exis-tentes em nossa religião (Africano, Católico, Indígena, Espírita).

Mostramos que cada Terreiro representado pelos “nós” desta rede se-ria uma casa de Umbanda com fundamentos diferentes.

É possível entender claramente a existência de uma gama variada de casas umbandistas, com liturgia e doutrinas diferenciadas, graças a amalgama dos fundamentos “básicos” ou “fundamentos raízes”.

Finalmente acho interessante mencionar que em nosso modesto ponto de vista não podemos de forma alguma falar em uma única doutrina para a Umbanda, também consideramos simplista falarmos em escolas umbandistas; a não ser que aceitemos um número infinito de escolas umbandistas e aí recairíamos novamente num sistema complexo.

Acreditamos que a abordagem da natureza da Umbanda deve ser feita de forma sistêmica, holística, complexa e não de maneira linear.

É necessário que entendamos que não é possível se falar em Umbanda certa ou Umbanda errada, assim como não se pode falar em Umbanda branca, Umbanda africana, Umbanda amarela, Umbanda esotérica, etc.

A Umbanda é uma só como demonstramos em nosso texto, o que pre-cisamos entender é que a liturgia, a ritualística, os fundamentos de cada casa é que são diferenciados, e que não é possível querer impor limites a quantidade de “escolas” existentes.

Para aqueles que ainda não tiveram oportunidade de ler o texto “A Diversidade de Rituais Umbandistas”, segue abaixo a versão disponí-vel na RBU e que provavelmente foi o artigo mais lido e comentado das páginas da RBU.

São Vicente, 09/11/2010
Manoel Lopes

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Diversidade de Rituais Umbandistas

É muito comum ouvirmos de pessoas que não são umbandistas, que a Umbanda é uma grande confusão.

Algumas chegam a falar que a Umbanda é “casa da mãe Joana”, onde cada um faz o que quer.

Não conseguem entender o motivo de um Terreiro não utilizar ataba-ques enquanto outros utilizam; outros usam roupas coloridas enquan-to outros usam somente o branco, outros não trabalham com exus, enquanto outros fazem questão de trabalharem, outros criticam com rigor o uso de sangue e sacrifícios de animais, enquanto outros utili-zam estes elementos.

Chamamos isto de Diversidade de Rituais.

Quando iniciamos nossa caminhada na Umbanda na década de seten-ta, tivemos oportunidade de visitarmos alguns terreiros e naquela época já percebemos a grande diferença existente entre os rituais de cada Terreiro.

Infelizmente existia naquela época um grande preconceito, e eram comuns comentários de que determinada casa não era de Umbanda, outros falavam que determinada casa era mais forte que a outra, o estudo era muito raro e na maioria das vezes desprezado pelos diri-gentes.

O tempo passou e por volta de 1997 começamos um trabalho de di-vulgação da Umbanda pela internet através da lista de debates Sara-vá Umbanda.

Foi a partir desta experiência que percebemos o grande preconceito existente entre os umbandistas.

A Internet veio facilitar o contato, o estudo e a divulgação das várias formas de se trabalhar na Umbanda.

A diversidade de rituais era desconhecida por muitos, e tivemos opor-tunidade nestes 12 anos de presenciar terríveis disputas e choques entre umbandistas, cada um querendo afirmar que a “sua” Umbanda era a verdadeira Umbanda.

Em alguns momentos as agressões chegavam ao extremo, passando de agressões verbais para processos judiciais.

Com o passar do tempo e com o convívio nas listas, algumas pessoas passaram a entender que a Umbanda, embora seja única, não possui uma única doutrina.

Que não existe Umbanda melhor ou mais forte que outra.

Estas pessoas começaram então a respeitar e entender a diversidade de rituais existentes em nossa religião.

Em 2006 criamos a RBU que atualmente possui mais de 10.300 inte-grantes (agosto/2009) e é com tristeza que continuamos a verificar que a grande maioria das pessoas ainda desconhece esta realidade de nossa religião.

Este pequeno texto tem a finalidade de mostrar para as pessoas de uma maneira simples e racional como que entendemos a Diversidade de Rituais existentes na Umbanda.

O conteúdo deste texto é apresentado no curso de doutrina umban-dista “Umbanda Os Sete Reinos Sagrados” que desenvolvemos de for-ma gratuita no Núcleo Mata Verde e agora através do portal EAD do Núcleo Mata Verde (www.mataverde.org/ead), no curso a distancia é cobrada uma pequena taxa para ajudar na manutenção do site.

Qual a diferença entre a Umbanda e as demais religiões tradicionais?

O que é uma estrutura piramidal hierárquica autoritária?

Repare na figura abaixo
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Várias organizações possuem como forma de organização e comando uma estrutura autoritária (centralizadora).

Podemos citar como exemplo, a Igreja Católica que segue rigidamen-te as orientações de Roma, do Vaticano e que possui no Papa o chefe da igreja.

Outro exemplo é o dos militares (Forças Armadas), que possuem uma hierarquia rígida e um comando único.

Podemos enquadrar dentro desta estrutura hierárquica autoritária aquelas religiões ou filosofias que possuem uma doutrina rígida.

Normalmente seguem algum livro ou livros e possuem muita dificul-dade em fazer qualquer alteração doutrinária em função do modelo hierárquico autoritário.

Por exemplo, o “Espiritismo” (chamado popularmente de Kardecis-mo).

No ápice da Pirâmide está a “doutrina”, o Pentateuco Kardequiano, e que por condição dos próprios espíritos que apresentaram a doutrina, não pode ser alterado em hipótese alguma sem a “concordância uni-versal dos espíritos”.

A doutrina espírita é do século XIX (1857)

Este autoritarismo doutrinário se reflete em várias situações.

É do conhecimento público os vários autores espíritas que ficaram proibidos de publicarem suas obras por serem considerados “não dou-trinários”.

Espíritos foram taxados de enganadores e mistificadores e seus livros psicografados deixaram de ser considerados espíritas.

Não vamos citar os nomes, mas basta realizarem uma pesquisa na In-ternet e encontrarão vários casos.

O uso de recursos como cromoterapia, uso de cristais, incensos, ba-nhos, equilíbrio dos chakras, magia, apometria, reiki, e muitos outros assuntos não são considerados “doutrinários”, portanto os Centros que utilizam alguns deste recursos não são casas espíritas, podendo no máximo serem chamados de centros espiritualistas.

Estrutura em rede
O que é Estrutura em rede?

Desde a década de 20, quando os ecologistas começaram a estudar teias alimentares,o padrão de rede foi reconhecido como o único pa-drão de organização comum a todos os sistemas vivos: “Sempre que olharmos para a vida, olhamos para redes” (Fritjof Capra – A Teia da Vida).

As redes, basicamente descritas como conjuntos de itens conectados entre si são observadas em inúmeras situações, desde o nível subatô-mico até as mais complicadas estruturas sociais ou materiais concebi-das pela humanidade.

Átomos ligam-se a outros na formação de moléculas, seres vivos de-pendem de intrincadas redes de reações químicas e de interações proteicas.

Vasos sanguíneos e neurônios formam redes essenciais para organis-mos complexos.

Construções humanas como a distribuição de água, energia elétrica e telecomunicações podem ser vistas como redes, da mesma forma que estradas, rotas marítimas e aéreas, percursos feitos para entrega de bens e serviços.

Relações sociais e negócios conectam pessoas e organizações segundo os mais variados padrões.

Computadores, bancos de dados, páginas web, citações bibliográficas e tantos outros elementos compõem suas redes cotidianamente.

Foi a partir destes conceitos que criamos a RBU – Rede Brasileira de Umbanda. (www.rbu.com.br)

Se estudarmos com mais detalhes, verificaremos que a Umbanda se or-ganiza desta maneira.

Repare na figura abaixo
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Todos sabem que a Umbanda possui vários fundamentos, entre eles: Fundamentos Africanos, Espíritas, Católicos, Indígenas, Teosóficos, Hinduístas, etc.

A Umbanda é uma religião universalista”.

Vamos voltar nossa atenção para a imagem acima.

Fizemos um desenho de uma rede plana e para ilustrar o que foi dito acima incluímos somente quatro fundamentos básicos de nossa reli-gião: Africano, Católico, Espírita e Indígena.

Reparem que existem alguns “pontinhos” escuros nesta rede, são os “nós” da rede e que representam os diversos Terreiros de Umbanda existentes.

Cada “” ou Terreiro tem um conjunto diferente de fundamentos, o que acaba refletindo no ritual seguido pelo Templo.

Por exemplo
Terreiro (1)

O Terreiro identificado por (1) tem uma forte influência Católica.

São Terreiros que possuem no congá muitas imagens de Santos, An-jos, Arcanjos, Jesus, Espírito Santo, etc.

É comum nestes Terreiros as procissões para São Jorge, Nossa Senho-ra Aparecida e demais Santos Católicos.

Os Pontos Cantados sempre relacionam os Orixás aos Santos, e muitos chegam a afirmar que o Santo e o Orixá são a mesma coisa.

As cerimônias são semelhantes aos da igreja católica: Batismo, Con-firmação (Crisma), Casamento, etc.

Sempre lembrando as cerimônias católicas.

Algumas casas não trabalham com Exu, algumas chegam a identificar o Exu ao demônio.

Terreiro (2)

O Terreiro identificado como (2) está bem próximo dos fundamentos africanos, isto significa que naquele Terreiro os rituais africanos es-tão presentes de forma significativa.

São Terreiros de Umbanda que tem uma forte influência do Candom-blé e do Culto Omoloko, alguns cultuam os Orixás de forma bem pró-xima ao do Candomblé, oferecem animais, usam inclusive sangue em alguns rituais, alguns chegam a afirmar que não são cristãos.

Possuem rituais como: borí, deitada, mão de pemba, mão de faca, etc..

Exu é cultuado como um Orixá.

O uso dos atabaques é imprescindível.

Terreiro (3)

Os Terreiros identificados como (3) tem uma forte influência da dou-trina espírita.

A doutrina espírita é estudada pelos seus integrantes.

Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, Exus, etc. são considerados espíri-tos em evolução e que já estão libertos do ciclo reencarnatório.

No congá não fazem uso do sincretismo religioso, ou seja, não exis-tem imagens de Santos; normalmente Orixás são entendidos como espíritos de muita evolução, sendo considerados pura energia.

Orixás nunca incorporam.

De forma alguma aceitam o uso de sangue ou sacrifício de animais co-mo oferenda para os Orixás.

Nestes Terreiros utilizam somente roupa branca; rituais de origem africana são totalmente desconhecidos nestes Terreiros.

Conceitos como mediunidade, passes, vibrações, obsessores são mui-to comuns.

Em alguns os Caboclos e Pretos-Velhos fazem uso do fumo.

Terreiro (4)

Nestes Terreiros a presença de rituais de origem indígena é muito forte.

Normalmente Caboclos comandam todos os Trabalhos, é comum o uso de charutos para defumação ou pajelança.

Em alguns os nomes utilizados internamente são de origem Tupy anti-go, e valorizam muito a tradição indígena brasileira.

Conclusão

Como podem verificar não esgotamos as possibilidades, os fundamen-tos existentes na Umbanda são muitos e naturalmente que não se apresentam de forma única como descrevemos acima, eles se fundem em proporções diferentes e dão as características de cada Terreiro, a egrégora, a vida, o axé de cada casa.

Não podemos de maneira alguma aceitar os absurdos que muitas ve-zes acabam na coluna policial dos jornais, mas precisamos neste mo-mento em que existe uma grande intolerância para com a nossa re-ligião nos unirmos e respeitarmos a maneira de trabalhar de cada Terreiro.

Se estudarmos a história do Movimento Umbandista, verificaremos que embora os homens tenham insistido, durante vários anos, em en-quadrar a Umbanda dentro de um sistema hierárquico autoritário (através de Federações, doutrinas, códigos, etc.), ela sempre resistiu mantendo sua estrutura em rede.

Precisamos entender que a Umbanda é uma religião nova, brasileira e que os Orixás nos presentearam com esta maravilhosa religião.

Podemos afirmar categoricamente que a Umbanda é uma religião do futuro.

Uma religião que permite que cada um busque aquele Terreiro que fale mais alto ao seu coração sem deixar de ser umbandista.

Se lembrarmos as palavras do Caboclo das 7 Encruzilhadas, veremos que os alicerces da Umbanda são a liberdade e a igualdade, gerando as mesmas oportunidades para todas as pessoas e espíritos virem tra-balhar e evoluir.

Manoel Lopes – Dirigente do Núcleo Mata Verde
www.mataverde.org
e-mail: ead@mataverde.org
São Vicente, 30/08/2009


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