“A explicação da
Umbanda
em rede veio ao encontro do que tenho adotado como postura
politico-filosófica.
Trabalhei como
formadora em alguns trabalhos de responsabilidade social sob a ótica
ecologista de Marcos Reigota e outros, além de ser uma admiradora de Egar
Morin que escreveu sobre a teoria da com-plexidade.
Costumo referir-me
à metáfora moriniana quando estou ensinando professores ou alunos na escola
onde trabalho, que diz:
“Os fios com-põem o
tapete, mas esse só é tapete por causa dos fios”.
Conseguir trazer
esse conceito de rede, de sistema, para a Umbanda foi muito bom, excelente!
Uma lição da qual
não me esquecerei e que possibilitou um passo meu a mais na Umbanda.
Estou sinceramente
agradecida por estar aprendendo com o Manoel Lopes.
Poderia citar
outras generalizações decorrentes desse conceito, mas acho que não é preciso
por ora.
Obrigada Meu Pai
Oxalá, por mais
esta ajuda que veio através de um irmão, Manoel Lopes, que teve a ousadia de
usar a internet para ensi-nar o que eu preciso aprender.”
Stella Martins
(aluna do curso EAD do Núcleo Mata Verde)
No
Núcleo Mata Verde (www.mataverde.org)
estudamos e ensinamos, uma doutrina umbandista, que tem como características
principais:
1 - Os Sete Reinos
Sagrados |
Modelo que tem por origem a formação do planeta Terra.
Estruturas de natureza mental e emocional, mantidas pelos espíritos e que
são, entre outras coisas, a origem de toda a realidade material e
espiritual.
3 - Visão
sistêmica de sua organização |
Diversidade de Rituais umbandistas.
Vamos discutir
neste artigo, de forma sucinta
o item 3 – Visão sistê-mica da organização
umbandista, origem da diversidade de rituais existentes na
Umbanda.
Este texto (Diversidade
de rituais umbandistas)
que apresentamos logo abaixo foi escrito pela primeira vez em 2005, depois
em 2006 quando lançamos a
RBU – Rede
Brasileira de Umbanda.
(www.rbu.com.br)
Novamente tornamos a lembrar sobre a estrutura complexa da
Um-banda e que a RBU tinha como uma das principais funções revelar esta complexidade da
organização umbandista.
Em 2007 quando
lançamos o livro “Umbanda
Os Sete Reinos Sagra-dos”,
incluímos ao final do livro o capitulo “Nasce
um Rede”,
cha-mando a atenção dos Umbandistas para a importância da RBU como uma nova
rede social, e que teria entre outras características a fina-lidade de unir
os umbandistas sem impor qualquer tipo de comando ou direcionamento
doutrinário; pois devido a sua natureza complexa não admitia este tipo de
comando único, centralizado.
Em 2009 publicamos
novamente o texto “Diversidade
de Rituais Um-bandistas”
fazendo questão de mostrar aos umbandistas esta visão sistêmica da Umbanda,
realçando o conceito de estrutura em rede de sua organização.
Neste texto de
2009 incluímos logo ao início comentários sobre os “choques”
entre os umbandistas ao se depararem através da RBU com centenas (ou
talvez milhares)
de formas de se vivenciar a Umbanda.
Continuamos a
divulgar este conceito de organização em rede através dos cursos
desenvolvidos no Núcleo Mata Verde e que estão a dis-posição dos
interessados através da plataforma EAD.
(www.mataverde.org/ead)
Muitos
foram os alunos que passaram (e
continuam a passar)
pelos nossos cursos; alunos (Umbandistas
ou não) de várias
origens, dos mais diferentes tipos de
Terreiros,
Centros,
Núcleos,
Ilês,
etc. e todos sem exceção ao estudarem a questão da “Diversidade
Ritualís-tica da Umbanda”
comentam sobre a estrutura em rede, que permi-tiu finalmente que pudessem
entender esta diversidade.
Adiciono abaixo
alguns comentários destes alunos:
“Este
é um conceito que até então não conhecia, e me ajudou muito a entender a
diversidade encontrada nos terreiros de Umbanda.
Chamou minha atenção por
ser abrangente, mostrando que a Umban-da é uma religião acolhedora e não
preconceituosa, permitindo que cada um escolha a vertente com a qual se
tenha maior afinidade.”
Sandra Regina
N. Rodrigues
“Este
tipo de organização apresentada na Umbanda é maravilhosa, por ser aberta e
abrangente.
Nunca tinha tido contato com esta figura organizacional, mas foi
exa-tamente sua característica igualitária que me chamou atenção.
Se Deus se
encontra em tudo e todos, Deus está naqueles com quem nos afinamos, mas
também nos diferentes.
Avançar na vida trabalhando em mim este conceito é
uma meta.”
Rossana Fatima
C. de Andrade
“Concordo
com esse sistema, aliás tive a oportunidade de ler a anos atrás o livro “A
teia da vida” que
foi indicado pelo Manoel.
A rede faz com que não exista na
Umbanda um poder
único, ou seja, cada “ponto”
dessa rede é importante no sistema todo.
A rede permite que novos pontos
sejam acrescentados sem compro-meter a eficiência do todo além de não
engessar a nossa religião.”
Sérgio
Eustáquio Sardinha
(Yorotaman)
“Ainda
não tinha conhecido este conceito, achei bem realista e dire-to, raramente
escutamos alguma explicação sobre o porquê dos dife-rentes terreiros no
Brasil.
Mas está ai a resposta, de um forma simples, e fácil de absorver.”
Luiz Carlos S.
Farias
“Tendo
em vista a minha formação na área jurídica, bem como pelo fato de eu fazer
pós-graduação em direito educacional, tenho profes-sores que trabalham com a
concepção de redes e sistemas, extraída inclusive da Administração de
Empresas, e da moderna ideia de Ges-tão.
Desta forma, já conhecia o conceito,
entretanto, nunca tinha ouvido falar sobre essa concepção aplicada à
religião umbandista, mas con-fesso que achei a ideia muito interessante, já
que possibilita explicar a diversidade existente nesse meio.
Realmente, sem
esse conceito de organização fica difícil compreen-der a liberdade que existe
dentro da Umbanda, e que, por essa ra-zão, deve-se divulgar cada vez mais a
organização em rede, e suas características e consequências.”
Carolina
Nogueira Pedroso
“Achei
muito esclarecedora a explicação dada sobre a organização em rede da
Umbanda.
Já ouvi falar várias vezes que a
Umbanda é uma religião
desorganiza-da onde cada um à pratica de uma maneira.
Assistindo a explicação
entendi perfeitamente o conceito da organi-zação em rede e concordo
plenamente com ela.”
Andrea
Cavalheiro Rodrigues
“Já tive
oportunidade de conhecer a organização em rede por ocasião do curso Exu o
Guardião do Templo. (Curso
do Núcleo Mata Verde).
Concordo plenamente com o que é exposto nesta “rede”,
pois tenho visitado vários terreiros e após ter conhecimento desta “rede”
pude perceber que segue o que é exposto.”
Ulisses Fanti
“Concordo
com a organização, acredito sim na liberdade e na diversi-dade de cultos
dentro da Umbanda, isso é o que torna a Umbanda tão encantadora, a liberdade
que ela nos permite é o que nos faz esco-lhe-la como religião, com muito
amor e muita dedicação.”
Priscila
“A
explicação da Umbanda em rede veio ao encontro do que tenho adotado como
postura político-filosófica.
Trabalhei como
formadora em alguns trabalhos de responsabilidade social sob a ótica
ecologista de Marcos Reigota e outros, além de ser uma admiradora de Edgar
Morin que escreveu sobre a teoria da com-plexidade.
Costumo referir-me
à metáfora moriniana quando estou ensinando professores ou alunos na escola
onde trabalho, que diz: “Os
fios com-põem o tapete, mas esse só é tapete por causa dos fios”.
Conseguir trazer
esse conceito de rede, de sistema, para a Umbanda foi muito bom, excelente!
Uma lição da qual não me esquecerei e que possibilitou um passo meu a mais
na Umbanda.
Estou sinceramente
agradecida por estar aprendendo com o Manoel Lopes.
Poderia citar outras generalizações decorrentes desse conceito, mas acho que
não é preciso por ora.
Obrigada Meu Pai
Oxalá, por mais
esta ajuda que veio através de um irmão, Manoel Lopes, que teve a ousadia de
usar a internet para ensinar o que eu preciso aprender.”
Stella Martins
“Não
conhecia esse conceito e não entendia porque os terreiros de Umbanda eram
tão diferentes uns dos outros.
Isso me dava a impressão de desorganização e
desconhecimento da religião.
Também achava que dessa maneira alguns estavam
certos e outros errados... mas agora entendi perfeitamente que a Umbanda,
uma re-ligião tipicamente brasileira, é tão miscigenada quanto o próprio
povo brasileiro e se um terreiro se aproxima mais dos orixás africa-nos, e outro se aproxima mais da doutrina Kardecista ou Católica elas não são
necessariamente antagônicas ou excludentes.
Todas elas trabalham num mesmo
universo energético.
Concordo plenamente com a organização em rede e
acredito que por esse motivo, a Umbanda seja uma religião do futuro onde
estamos to-dos interligados, conectados a uma rede maior, cada um de nós
esco-lhe aquele ponto que mais se identifica.
Essa explicação da organização
em rede foi o ponto alto dessas qua-tro primeiras aulas.
E, para mim, por
enquanto já valeu o curso.
Foi muito importante para mim tomar conhecimento
deste conceito que deve mesmo ser aplicado em muitos outros aspectos da
vida.
Dá até para fazer uma relação com o “Caminho
do Meio” indicado
por Gautama Buda como o caminho da sabedoria.”
Márcia Helena
Valle da C. Ferraz
“Achei
muito interessante a organização da Umbanda em rede e ela explica o que
vemos nos terreiros.
Eu sempre achei muito estranho que um terreiro
diferenciava de outro na organização do congá, no uso ou não de imagens, na
ritualís-tica, nas roupas, nos termos utilizados, e nunca soube o motivo
dessa diferenciação, o quê nos foi explicado com essa aula.
Tudo que sempre
diziam é que era Umbanda branca e que cada “ca-cique”
decidia a forma de trabalho em sua “casa”,
hoje eu entendi perfeitamente bem as influências que a Umbanda recebe de
outras religiões e que essa influência determinará o tipo de culto que será
realizado naquele terreiro.
Eu sempre achei interessante as denominações e a ausência de por-quês, tais
como: aquele terreiro pratica a Umbanda de caboclo,
aquele outro pratica a Umbanda de ciganos,
outro a
Umbanda espíri-ta.
Sempre me questionava e a os outros: afinal
Umbanda não é tudo Umbanda?
Penso que todas essas indagações sem nenhuma resposta é que me levaram a
desistir da Umbanda.
Que bom que me foi dado pelo Universo esta possibilidade de esclare-cimentos
e entendimento.”
Iegle Cristiane
Vicentim
“Me
foi de muita valia tal explicação. Não conhecia esta organização em rede e
sempre vinha a dúvida, por que a Umbanda tem tantas di-ferenças nos rituais
de uma casa para outra.
Hoje a minha dúvida foi sanada, veja só, com tanto
tempo de Umban-da, hoje é que me foi esclarecido o porque dos diversos
rituais.
Estou convencido e aceito tal explicação sem dúvida.”
João Batista
Paes
“A
organização da Umbanda em rede, é um conceito moderno e es-clarecedor.
Eu não conhecia até assistir o curso do Arapé. (Técnica
desenvolvida no Núcleo Mata Verde)
Essa visão acaba com preconceitos entre os próprios umbandista, nos ensina a
entender porque existem vários rituais dentro da Umbanda, nos ajuda a
argumentar quando ocorre discussões sobre a diversidade umbandista.
O conceito de rede faz parte do mundo globalizado, onde todos esta-mos
unidos.
Na Umbanda estamos unidos em busca do aperfeiçoamento moral, e da
prática da caridade, não importa se sua casa é mais africanizada, ou mais
Kardecista, o importante é o ideal de prestar a caridade, aos mais
necessitados. Seja para encarnados ou desencarnados.
Com a organização em rede não há espaço para o preconceito nem para o
julgamento, só fortalece e une os vários terreiros sobre a ban-deira do
respeito e do amor a essa religião brasileira.”
Simone Cristina
do Amaral Porto
“Boa
tarde, eu ainda não conhecia esta explicação da organização da Umbanda em
rede, apenas conhecia o conceito de que a Umbanda havia recebido influência
do catolicismo e do candomblé.
Todavia, achei bem interessante e muito mais lógica a explicação da
organização em rede, pois refletindo e analisado os terreiros que co-nheço
começo a perceber o porquê das diferenças entre métodos e rituais, por isso
eu concordo e aceito a explicação sobre as influên-cias que a Umbanda
recebe.”
Alexandre
Rodriguez Ayres
“Gostei
muito da explicação sobre a organização em rede para a Um-banda, de fato
prova os conjuntos de itens que a religião possui, as influencias, os
rituais em si de cada terreiro/casa.
Foi a melhor explicação que já ouvi, vem reafirmar a Diversidade
Ri-tualística, o que nos beneficia a encontrar um lugar que se identifi-que
com nosso grau espiritual, com a nossa necessidade terrena, para que assim
possamos trabalhar e praticar os dons que cada um possui e nem sempre é
igual.”
Davi Soares de
Campos
“Já
dominava esse conceito de sistemas de redes como cultura orga-nizacional,
uma vez que possuo formação em gestão.
Concordo em todos os aspectos que a
Umbanda é uma religião organi-zada em redes, com unidades soberanas.
Uma vez
que não possuímos um poder unificado e cada célula do processo, no nosso
caso o terreiro, tem autonomia pra se autogerir e coordenar suas formas de
trabalho, com influencias externas, cultu-rais, geográficas e antropológicas,
não vejo possibilidade de se apre-sentar de forma diferente nossa Cultura
Organizacional.”
Jefferson
Renato Bezerra
Temos centenas de
depoimentos que nos foram passados pelos alunos do EAD Mata Verde (www.mataverde.org/ead),
incluímos apenas al-guns para mostrar a reação dos umbandistas em relação ao
modelo proposto por nós, também achamos interessante incluirmos estes
comentários pois cada um deles trouxe um pouco de sua experiência, o que nos
ajuda a enriquecer o conteúdo deste artigo.
Passados mais de
cinco anos da publicação do texto inicial, estamos novamente apresentando
aos umbandistas, para reflexão e pondera-ção, novamente o texto que mostra a
estrutura complexa da forma-ção umbandista.
Citamos no
Manifesto que fizemos para o lançamento da RBU fatos históricos mostrando
que durante muitos anos, vários grupos tenta-ram “codificar”
a
Umbanda
e a história comprova que todas estas tentativas foram em vão.
Precisamos
entender que a
Umbanda
possui características diferentes de outras religiões tradicionais e somente
através de uma abordagem moderna e utilizando conceituação da teoria dos
sistemas complexos conseguiremos produzir alterações nesta estrutura.
Costuma-se dizer
de um sistema complexo que “o
todo é mais que a soma das partes”.
O texto escrito em
linguagem simples, como sempre escrevemos, bus-ca facilitar o entendimento
de seu conteúdo por todo tipo de pesso-as.
Exemplificamos com
experiências pessoais de nossa trajetória umban-dista, também pela
experiência nas listas de debates e posteriormen-te nos entrechoques
provocados dentro da RBU.
Falamos pela
primeira vez (desconhecemos
outros textos anteriores ao nosso)
sobre a organização hierárquica piramidal das religiões tra-dicionais e
fizemos uma comparação com a estrutura em rede, mos-trando as características
dos diversos “nós”,
mostrando através de gráficos a explicação desta rede complexa que é a
Umbanda.
Um sistema aberto,
complexo e em constante evolução e que mais do que nunca segue a máxima “o
todo é mais que a soma das partes”.
Lembramos no
texto, que existem muitos fundamentos em sua ori-gem, e exemplificamos com
alguns dos principais fundamentos exis-tentes em nossa religião (Africano,
Católico,
Indígena,
Espírita).
Mostramos que cada
Terreiro representado pelos “nós”
desta rede se-ria uma casa de Umbanda com fundamentos diferentes.
É possível
entender claramente a existência de uma gama variada de casas umbandistas,
com liturgia e doutrinas diferenciadas, graças a amalgama dos fundamentos “básicos”
ou “fundamentos
raízes”.
Finalmente acho
interessante mencionar que em nosso modesto ponto de vista não podemos de
forma alguma falar em uma única doutrina para a Umbanda, também consideramos
simplista falarmos em escolas umbandistas; a não ser que aceitemos um número
infinito de escolas umbandistas e aí recairíamos novamente num sistema
complexo.
Acreditamos que a
abordagem da natureza da Umbanda deve ser feita de forma sistêmica,
holística, complexa e não de maneira linear.
É necessário que
entendamos que não é possível se falar em
Umbanda
certa
ou
Umbanda
errada,
assim como não se pode falar em
Umbanda
branca,
Umbanda africana,
Umbanda amarela,
Umbanda esotérica,
etc.
A
Umbanda
é uma só como demonstramos em nosso texto, o que pre-cisamos entender é que
a liturgia, a ritualística, os fundamentos de cada casa é que são
diferenciados, e que não é possível querer impor limites a quantidade de “escolas”
existentes.
Para aqueles que
ainda não tiveram oportunidade de ler o texto “A
Diversidade de Rituais Umbandistas”,
segue abaixo a versão disponí-vel na RBU e que provavelmente foi o artigo
mais lido e comentado das páginas da RBU.
São Vicente,
09/11/2010 Manoel Lopes
Pub 2017
Diversidade de
Rituais Umbandistas |
É
muito comum ouvirmos de pessoas que não são umbandistas, que a Umbanda é uma
grande confusão.
Algumas chegam a
falar que a Umbanda é “casa
da mãe Joana”,
onde cada um faz o que quer.
Não conseguem
entender o motivo de um
Terreiro
não utilizar ataba-ques enquanto outros utilizam; outros usam roupas
coloridas enquan-to outros usam somente o branco, outros não trabalham com
exus, enquanto outros fazem questão de trabalharem, outros criticam com
rigor o uso de sangue e sacrifícios de animais, enquanto outros utili-zam
estes elementos.
Chamamos isto de
Diversidade de Rituais.
Quando iniciamos
nossa caminhada na Umbanda na década de seten-ta, tivemos oportunidade de
visitarmos alguns terreiros e naquela época já percebemos a grande diferença
existente entre os rituais de cada Terreiro.
Infelizmente
existia naquela época um grande preconceito, e eram comuns comentários de
que determinada casa não era de Umbanda, outros falavam que determinada casa
era mais forte que a outra, o estudo era muito raro e na maioria das vezes
desprezado pelos diri-gentes.
O tempo passou e
por volta de 1997 começamos um trabalho de di-vulgação da Umbanda pela
internet através da lista de debates
Sara-vá Umbanda.
Foi a partir desta
experiência que percebemos o grande preconceito existente entre os
umbandistas.
A Internet veio
facilitar o contato, o estudo e a divulgação das várias formas de se
trabalhar na Umbanda.
A diversidade de
rituais era desconhecida por muitos, e tivemos opor-tunidade nestes 12 anos
de presenciar terríveis disputas e choques entre umbandistas, cada um
querendo afirmar que a “sua”
Umbanda era a verdadeira Umbanda.
Em alguns momentos
as agressões chegavam ao extremo, passando de agressões verbais para
processos judiciais.
Com o passar do
tempo e com o convívio nas listas, algumas pessoas passaram a entender que a
Umbanda, embora seja única, não possui uma única doutrina.
Que não existe
Umbanda melhor ou mais forte que outra.
Estas pessoas
começaram então a respeitar e entender a diversidade de rituais existentes
em nossa religião.
Em 2006 criamos a
RBU que atualmente possui mais de 10.300 inte-grantes (agosto/2009)
e é com tristeza que continuamos a verificar que a grande maioria das
pessoas ainda desconhece esta realidade de nossa religião.
Este pequeno texto
tem a finalidade de mostrar para as pessoas de uma maneira simples e
racional como que entendemos a
Diversidade de
Rituais
existentes na
Umbanda.
O conteúdo deste
texto é apresentado no curso de doutrina umban-dista “Umbanda
Os Sete Reinos Sagrados”
que desenvolvemos de for-ma gratuita no
Núcleo Mata Verde
e agora através do portal
EAD do Núcleo Mata
Verde (www.mataverde.org/ead),
no curso a distancia é cobrada uma pequena taxa para ajudar na manutenção do
site.
Qual a diferença
entre a Umbanda e as demais religiões tradicionais?
O que é uma
estrutura piramidal hierárquica autoritária?
|
Pub 2017 |
Várias
organizações possuem como forma de organização e comando uma estrutura
autoritária (centralizadora).
Podemos citar como
exemplo, a Igreja Católica que segue rigidamen-te as orientações de Roma, do
Vaticano e que possui no Papa o chefe da igreja.
Outro exemplo é o
dos militares (Forças
Armadas), que
possuem uma hierarquia rígida e um comando único.
Podemos enquadrar
dentro desta estrutura hierárquica autoritária aquelas religiões ou
filosofias que possuem uma doutrina rígida.
Normalmente seguem
algum livro ou livros e possuem muita dificul-dade em fazer qualquer
alteração doutrinária em função do modelo hierárquico autoritário.
Por exemplo, o “Espiritismo”
(chamado
popularmente de Kardecis-mo).
No ápice da
Pirâmide está a “doutrina”,
o Pentateuco Kardequiano, e que por condição dos próprios espíritos que
apresentaram a doutrina, não pode ser alterado em hipótese alguma sem a “concordância
uni-versal dos espíritos”.
A doutrina
espírita é do século XIX (1857)
Este autoritarismo
doutrinário se reflete em várias situações.
É do conhecimento
público os vários autores espíritas que ficaram proibidos de publicarem suas
obras por serem considerados “não
dou-trinários”.
Espíritos foram
taxados de enganadores e mistificadores e seus livros psicografados deixaram
de ser considerados espíritas.
Não vamos citar os
nomes, mas basta realizarem uma pesquisa na In-ternet e encontrarão vários
casos.
O uso de recursos
como cromoterapia,
uso de cristais,
incensos,
ba-nhos,
equilíbrio dos
chakras,
magia,
apometria,
reiki,
e muitos outros assuntos não são considerados “doutrinários”,
portanto os Centros que utilizam alguns deste recursos não são casas
espíritas, podendo no máximo serem chamados de centros espiritualistas.
O
que é Estrutura em rede? |
Desde a década de
20, quando os ecologistas começaram a estudar teias alimentares,o padrão de
rede foi reconhecido como o único pa-drão de organização comum a todos os
sistemas vivos: “Sempre
que olharmos para a vida, olhamos para redes”
(Fritjof Capra – A
Teia da Vida).
As redes,
basicamente descritas como conjuntos de itens conectados entre si são
observadas em inúmeras situações, desde o nível subatô-mico até as mais
complicadas estruturas sociais ou materiais concebi-das pela humanidade.
Átomos ligam-se a
outros na formação de moléculas, seres vivos de-pendem de intrincadas redes
de reações químicas e de interações proteicas.
Vasos sanguíneos e
neurônios formam redes essenciais para organis-mos complexos.
Construções
humanas como a distribuição de água, energia elétrica e telecomunicações
podem ser vistas como redes, da mesma forma que estradas, rotas marítimas e
aéreas, percursos feitos para entrega de bens e serviços.
Relações sociais e
negócios conectam pessoas e organizações segundo os mais variados padrões.
Computadores,
bancos de dados, páginas web, citações bibliográficas e tantos outros
elementos compõem suas redes cotidianamente.
Foi a partir
destes conceitos que criamos a RBU – Rede Brasileira de Umbanda. (www.rbu.com.br)
Se estudarmos com
mais detalhes, verificaremos que a Umbanda se or-ganiza desta maneira.
|
Pub 2017 |
Todos
sabem que a Umbanda possui vários fundamentos, entre eles:
Fundamentos Africanos,
Espíritas,
Católicos,
Indígenas,
Teosóficos,
Hinduístas,
etc.
“A
Umbanda é uma religião universalista”.
Vamos voltar nossa
atenção para a imagem acima.
Fizemos um desenho
de uma rede plana e para ilustrar o que foi dito acima incluímos somente
quatro fundamentos básicos de nossa reli-gião:
Africano,
Católico,
Espírita
e Indígena.
Reparem que
existem alguns “pontinhos”
escuros nesta rede, são os “nós”
da rede e que representam os diversos Terreiros de Umbanda existentes.
Cada “nó”
ou Terreiro tem um conjunto diferente de fundamentos, o que acaba refletindo
no ritual seguido pelo Templo.
O Terreiro
identificado por (1)
tem uma forte influência Católica.
São Terreiros que
possuem no congá muitas imagens de
Santos,
An-jos,
Arcanjos,
Jesus,
Espírito Santo,
etc.
É comum nestes
Terreiros as procissões para
São Jorge,
Nossa Senho-ra
Aparecida e demais
Santos Católicos.
Os Pontos Cantados
sempre relacionam os
Orixás aos Santos,
e muitos chegam a afirmar que o
Santo e o Orixá
são a mesma coisa.
As cerimônias são
semelhantes aos da igreja católica:
Batismo,
Con-firmação
(Crisma),
Casamento,
etc.
Sempre lembrando
as cerimônias católicas.
Algumas casas não
trabalham com Exu, algumas chegam a identificar o Exu ao demônio.
O Terreiro
identificado como (2)
está bem próximo dos fundamentos africanos, isto significa que naquele
Terreiro os rituais africanos es-tão presentes de forma significativa.
São Terreiros de
Umbanda que tem uma forte influência do Candom-blé e do Culto Omoloko,
alguns cultuam os Orixás de forma bem pró-xima ao do Candomblé, oferecem
animais, usam inclusive sangue em alguns rituais, alguns chegam a afirmar
que não são cristãos.
Possuem rituais
como: borí,
deitada,
mão de pemba,
mão de faca,
etc..
Exu é cultuado
como um Orixá.
O uso dos
atabaques é imprescindível.
Os Terreiros identificados como (3)
tem uma forte influência da dou-trina espírita.
A doutrina
espírita é estudada pelos seus integrantes.
Caboclos,
Pretos-Velhos,
Baianos,
Exus,
etc. são considerados espíri-tos em evolução e que já estão libertos do
ciclo reencarnatório.
No congá não fazem
uso do sincretismo religioso, ou seja, não exis-tem imagens de
Santos;
normalmente Orixás
são entendidos como espíritos de muita evolução, sendo considerados pura
energia.
Orixás nunca
incorporam.
De forma alguma
aceitam o uso de sangue ou sacrifício de animais co-mo oferenda para os
Orixás.
Nestes Terreiros
utilizam somente roupa branca; rituais de origem africana são totalmente
desconhecidos nestes Terreiros.
Conceitos como
mediunidade, passes, vibrações, obsessores são mui-to comuns.
Em alguns os
Caboclos e Pretos-Velhos fazem uso do fumo.
Nestes Terreiros a
presença de rituais de origem indígena é muito forte.
Normalmente
Caboclos
comandam todos os
Trabalhos, é comum
o uso de charutos para defumação ou pajelança.
Em alguns os nomes
utilizados internamente são de origem Tupy anti-go, e valorizam muito a
tradição indígena brasileira.
Como
podem verificar não esgotamos as possibilidades, os fundamen-tos existentes
na Umbanda são muitos e naturalmente que não se apresentam de forma única
como descrevemos acima, eles se fundem em proporções diferentes e dão as
características de cada Terreiro, a egrégora, a vida, o axé de cada casa.
Não podemos de
maneira alguma aceitar os absurdos que muitas ve-zes acabam na coluna
policial dos jornais, mas precisamos neste mo-mento em que existe uma grande
intolerância para com a nossa re-ligião nos unirmos e respeitarmos a maneira
de trabalhar de cada Terreiro.
Se estudarmos a
história do Movimento Umbandista, verificaremos que embora os homens tenham
insistido, durante vários anos, em en-quadrar a
Umbanda
dentro de um sistema hierárquico autoritário (através
de Federações,
doutrinas,
códigos,
etc.),
ela sempre resistiu mantendo sua estrutura em rede.
Precisamos
entender que a Umbanda é uma religião nova, brasileira e que os Orixás nos
presentearam com esta maravilhosa religião.
Podemos afirmar
categoricamente que a
Umbanda
é uma religião do futuro.
Uma religião que
permite que cada um busque aquele Terreiro que fale mais alto ao seu coração
sem deixar de ser umbandista.
Se lembrarmos as
palavras do
Caboclo das 7 Encruzilhadas,
veremos que os alicerces da
Umbanda
são a liberdade e a igualdade, gerando as mesmas oportunidades para todas as
pessoas e espíritos virem tra-balhar e evoluir.
Manoel Lopes –
Dirigente do Núcleo Mata Verde
www.mataverde.org e-mail: ead@mataverde.org São Vicente, 30/08/2009
Pub 2017
Se desejar continuar lendo mais Textos
Explicativos
sobre Umbanda clique em
Voltar |
Se desejar conhecer mais sobre
a Umbanda clique em
Voltar |
|