Concessão
Anoitece lá fora, persistentemente anoitece. 
E o dia, que ainda esta manhã  
enalteceu o rio, agora escurece, 
numa espécie de farrapos de purpurinas e de lã. 
 
Lembro bem que vivia para a noite; acontece 
que à medida que lá fora era manhã 
um novo sorriso, que não mais esmorece, 
inebriou-me de tal maneira, que todo o amanhã 
 
era ansiado, como o sol era mais radiante, 
quanto mais o dia e o sol aquecia 
o meu corpo novamente fascinante. 
 
Dir-se-ia que tinha renascido mais adiante 
largando pelo chão a pele cobreada que me entorpecia, 
como se a cada dia outro outorgante. 
 
Jorge Humberto 
Santa Iria da Azóia - Portugal - 02/05/2023 
 
  
 
*Por decisão do autor, o texto está escrito de 
acordo com a antiga ortografia.  |