Obrigado por você me ter gerado Obrigado por nove meses me ter carregado Obrigado pela preocupação que te tenho dado Obrigado pela lavação das minhas fraldas Obrigado pelas primeiras palavras a mim ensinadas Obrigado, pois quando me geravas passaste quase todo tempo acamada... Quantas vezes deixava de andar por estar com as pernas inchadas Outras vezes você me batia, mas depois escondido choravas, Obrigado pelos conselhos que a mim foram dados Obrigado pelo exemplo de vida em mim gravado Muito do que sofro, foi porque seus conselhos foram rejeitados, Quantas vezes dentro de mim me sinto culpado Ah! Se a vida voltasse, por outros caminhos eu passasse, Mas parece que a vida da gente no mundo já vem traçada Obrigado, pois mesmo sendo adulto por mim tens chorado, Quantas noites de insônia por minha causa tens enfrentado Mãe obrigado por você sendo analfabeta me fez um homem letrado... Mãe me perdoe e obrigado porque meus colegas não foram a ti apresentados Porque eu sabia que és mulher simples e meus colegas de mim teriam zombado Mãe obrigado pelos dias que eu desaparecia e deixava você preocupada Mãe muito obrigado pelo dia que me encontraste embriagado E no teu ombro me colocaste com tanto cuidado Mãe muito obrigado pelo dia que descobriste que eu estava drogado Pelas dívidas que contraí e você pagou calada Mesmo com meus defeitos você só tem me elogiado Obrigado porque na prisão tens sempre me visitado O vício impediu que bom cidadão eu me tornasse Nem assim tu me deixaste nem de mim envergonhaste Mãe estou colhendo o que plantei Nos teus conselhos às vezes pensei, mas preferi os alheios, Lembras quando a turma chegava e escondido eu sumia Oh! Filho ingrato não sabia que o coração da mãe doía? Que saudade daquele tempo junto com meus irmãos Você nos dava comida, ensinava a lição e a fazer oração, Mãe, o tempo não volta e o arrependimento me corta, Aqui no presídio só no dia da tua visita minha alma se conforta Quantas vezes me jogam na solitária Não tenho com quem falar, mas ouço tua voz diária: Vai Com Deus filho, juízo filho, ou Mãe extraordinária! Amigo sumiu, o vício me destruiu, verme me engoliu, e o médico me despediu, Mãe talvez eu tenha só minutos de vida Sou um moribundo atrás das grades vigiado pelas autoridades Quem sabe daqui a pouco as últimas palavras falarei com as grades Mãe tenho um pressentimento, que logo partirei para a eternidade, Deste mundo não levarei saudade Peça aos jovens que não troque a felicidade, Pelos vícios deste mundo de maldade Mãe minha voz está sumindo, já estou indo, muito obrigado. Valeriano Luiz da Silva Anápolis - GO - 23/04/2004 Fundo Musical: Panis Angelicus |