Retalhos e trapos de mim


Rasguei as sedas,
Transformei-as em retalhos
Em trapos me tornei e chorei...
Porque me mataste assim vida minha?
Se um dia fui tua musa, tua rainha
De rendas bordadas meu corpo vestia
Despida, minhas vestes te atraiam
Aconchegada ao teu corpo eu te sentia
Dividíamos o calor de nossos corpos
As estrelas se ruborizavam com nosso amor na noite
E quando de manhãzinha o sol vinha e nos acordava
Continuávamos em silêncio profundo de encantamento
Cobrindo-nos apenas os lençóis de sedas em desalinho
E nas minhas vestes que tanto te atraiam espalhadas pelo chão
Resquícios de horas de prazer, desejo e loucura nua.
Mas tenho que partir! minhas horas finais chegam e tem pressa
Corpo em frangalhos sedas rasgadas vida em trapos
Te dou adeus! entrego-te minha sofrida partida
Dá-me o consolo nestas horas finais do teu sorriso
Pra que eu possa morrer com as estrelas rubras chorando
Apagando a noite para encobrir meu corpo despedaçado.

Rose Sadalla
Rio de Janeiro - RJ - 14/02/2003



 

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