Afago

Recebi em 20/03/2019


Alteia-se no azul aos poucos o crescente,
O ar embalsama, os cirros leva, o escuro afasta;
Vasto, de extremo, enche a alameda vasta
E emborca a urna de luz, nas águas da corrente.

E mais ligeiramente a gente esquece
Uma hora que a alma de carinhos vaza,
Que de ter visto, em roxa luz saudosa,
Uma imperial tulipa que já enternece...

Já tivemos um coração um dia,
Que disparava, ou quase se detinha
Se, aos meus braços palpitante vinha,
Tantas ternuras boas, que consumia...

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
Desse amor... o teu afago... me consome

O meu carinho... o teu olhar tão lindo...
Parece-me o presente um rio luminoso,
Onde vogo a rever pelas margens, florindo,
A dor que, ao longe, tem as seduções do gozo!

Luiza De Marillac Bessa Luna Michel
São Paulo - SP


 

 
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