Feitiço da Vila

Recebi do Poeta e amigo Alberto Peyrano em 22/04/2009
 

 

Feitiço da Vila

Interpretação: Elizeth Cardoso & Jacob do Bandolim

 

 

Quem nasce lá na Vila
nem sequer vacila
ao abraçar o samba,
que faz dançar os galhos
do arvoredo e faz a lua
nascer mais cedo.

Lá, em Vila Isabel,
quem é bacharel
não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
e a Vila Isabel dá samba.

A vila tem um feitiço sem farofa,
sem vela e sem vintém
que nos faz bem...
Tendo nome de princesa
transformou o samba
num feitiço descente
que prende a gente.

O sol da Vila é triste,
samba não assiste
porque a gente implora:
"Sol, pelo amor de Deus,
não vem agora
que as morenas
vão logo embora".


Eu sei tudo o que faço,
sei por onde passo,
paixao não me aniquila...
Mas tenho que dizer,
modéstia à parte:
Meus senhores,
eu sou da Vila!

 

Estatua de Noel Rosa
localizada na entrada de Vila Isabel

Noel Rosa (Rio de Janeiro, 1910 - 1937) foi um sambista, cantor, compositor, bandolinista, violonista brasileiro e um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil.

Foi responsável pela união do samba do morro com o do asfalto.

Fato este que mudaria para sempre, não só o samba, mas a his-tória da música popular brasileira.

Noel nasceu de um parto difícil em que o uso do fórceps pelo médico causou-lhe um afundamento da mandíbula que o marcou por toda a vida.

Criado no bairro carioca de Vila Isabel, era de família de classe média, tendo estudado no tradicional Colégio São Bento de 1923 a 1928.

Adolescente, aprendeu a tocar bandolim de ouvido e tomou gos-to pela música.

Logo, passou ao violão e cedo tornou-se figura conhecida da bo-emia carioca.

Entrou para a Faculdade de Medicina, mas logo o projeto de es-tudar mostrou-se pouco atraente diante da vida de artista, em meio ao samba e noitadas regadas à cerveja.

Noel foi integrante de vários grupos musicais.

Em 1929, Noel arriscou as suas primeiras composições, "Minha Viola" e "Toada do Céu", ambas gravadas por ele mesmo.

Mas foi em 1930 que o sucesso chegou, com o lançamento de "Com que roupa?", um samba bem-humorado que sobreviveu décadas e hoje é um clássico do cancioneiro brasileiro.

Noel revelou-se um talentoso cronista do cotidiano, com uma se-quencia de canções que primam pelo humor e pela veia crítica.

Também foi protagonista de uma curiosa polêmica travada atra-vés de canções com seu rival Wilson Batista.

Os dois compositores atacaram-se mutuamente em sambas agressivos e bem-humorados, que renderam bons frutos para a música brasileira, incluindo clássicos de Noel como "Feitiço da Vila" e "Palpite Infeliz".

Entre os intérpretes que passaram a cantar seus sambas, desta-cam-se Mário Reis, Francisco Alves e Aracy de Almeida.

Noel teve ao mesmo tempo algumas namoradas.

Casou-se em 1934 com Lindaura, mas era apaixonado mesmo por Ceci, a dama do cabaré.

Passou os anos seguintes travando um batalha contra a tuber-culose.

A boemia, porém, nunca deixou de ser um atrativo irresistível para o artista, que entre viagens para cidades mais altas em função do clima mais puro, sempre voltava para o samba, a bebida e o cigarro.

Mudou-se para Belo Horizonte, trabalhou na Rádio Mineira e en-trou em contato com compositores amigos da noite, como Rô-mulo Pais, recaindo sempre na boêmia.

De volta ao Rio, jurou estar curado.

Faleceu em sua casa no bairro de Vila Isabel no ano de 1937, aos 26 anos, em consequência da doença que o perseguia desde sempre.


 

 

 

 
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