Não sei se é um bom começo para comemorarmos o seu aniver-sário, mas é assim 
	que esta madrugada me encontrou, cheio de saudades. E, dentro desta minha 
	reflexão, estendo estes meus braços cheios de afeto para festejarmos a data 
	que se aproxi-ma. Contemporâneos que somos, devemos desfrutar dos mes-mos 
	sentimentos.
Diferentemente da Maitê, já não dispomos de muito tempo para nos lermos 
	(risos)... E, de poema em poema, vamos deixando nossas saudade em forma de 
	versos. As noites, sempre tole-rantes, vão bordando em cores mais sóbrias a 
	minha existência. No lugar das músicas e do bater dos copos, o silêncio me 
	envol-ve. Perdido no olhar que percorre o infinito mundo das estre-las, vou 
	observando em minha noturna admiração a grandeza do céu que nos envolve. 
	Pequenas reflexões insistem em ocupar a minha preguiçosa mente hoje mais 
	preocupada com os pequenos problemas práticos da vida do que com complexas 
	teorias filosóficas.
Como não me lembrar do romance do Jorge Amado, ao narrar os feitos dos valentes personagens descritos em Mar Morto,
que, quando morriam, se transformavam em estrelas no céu?... E,
junto com eles, vem a saudade do meu mar. Quanta solidão, quantas milhas navegadas! Mas, ao final de tudo, a juventude se encarregava de recompensar estas pequenas privações. Quem sabe não
seremos duas estrelas no céu. Sem pressa, claro! Te-nho certeza de
que ainda escreveremos muitas linhas (risos)...
	Interessante os sons da madrugada. O motor de um 
carro
que passa. O sorriso ébrio de uma mulher que se recolhe 
levando
na bolsa migalhas de amor. O rapaz que entrega os jornais “antes
do sol nascer”, apenas para justificar o slogan da 
propaganda. A
vida não para. No encantamento dos fusos horários, sombra e luz
se alternam em cadenciada rotina. Como é bom poder 
con-versar
contigo neste solitário monólogo sem tempo determina-do para encerrar. Hoje ele, o tempo, é extremamente solidário às minhas angústias e satisfações.
	
Como é curiosa a vida. Quantos não retornarão à casa hoje, quantas festas ocorrerão, quantas alegrias, quantas tristezas,
quantas separações, amor, desamor... Esta é a vida com toda sua
grandeza e toda a sua mesquinhez.
	Brindemos, Amigo, à nossa felicidade, à nossa capacidade de sobrevivência, 
	ao que plantamos e colhemos. Ao nosso sorriso mais sincero e à nossa lágrima 
	mais sentida. Que possamos prorrogar por muito tempo a nossa participação 
	neste verdadei-ro espetáculo que é a vida.