Quando eu ficar velho...

Recebida em 12/02/2006


No quarto do hospital, onde a esposa estava internada sob trata-mento intensivo, com vários equipamentos ligados ao seu corpo, monitorando cada sinal vital, o esposo a observava, com ar de tris-teza.

A filha se esmerava em cuidados e carinho junto ao leito da mãe.

De repente, o marido aproximou-se da filha e lhe disse, com convi-cção: “quando eu ficar velho, desejo estar numa cidade onde não tenha hospitais, pois não quero ficar dessa maneira, sob um leito, totalmente dependente.

Um desejo natural, com certeza, que muitos de nós alimentamos.

O que vale a pena ressaltar, é que o esposo tem 92 anos de ida-de...

E não se acha velho... Porque velho ele realmente não é, apesar de ser idoso.

Ele é um nobre e dedicado advogado que mantém o mesmo entusi-asmo e motivação da sua mocidade.

Com sua jovialidade, de espírito lúcido, não se deixou levar pela idade...

Não permitiu que a soma dos anos lhe pesassem sobre os ombros, sempre eretos e dispostos às responsabilidades que a vida lhe apre-senta.

Ele já viveu 92 primaveras no corpo físico, mas não é um velho.

Já teve muitas desilusões, como todo mundo, mas não permitiu que isso o tornasse amargo.

Ele assistiu duas guerras mundiais, mas não deixou que seus sonhos fossem soterrados sob os escombros da violência.

Aceitou as dificuldades da caminhada como desafios, e nunca como obstáculos a impedir seus passos na estrada da evolução.

Usou sempre a moderação como guia seguro nas horas de decisão.

Jamais se deixou levar pelos apelos da inferioridade que arrastam muitos homens pelas veredas da desonra.

Um homem íntegro, bom esposo, bom pai, bom irmão e amigo, um cidadão correto.

É um espírito valente, respeitador dos valores morais; é um grande homem.

Por todas essas razões ele não é um velho...

Para ser velho não precisa ser idoso, basta fechar-se na concha es-cura do egoísmo, dos preconceitos, da vilania, do orgulho.

Existem pessoas de pouca idade que estão com a alma enrugada pela corrupção, pela prepotência, pela soberba, pela violência interna, pela deslealdade, pela depressão.

São jovens na idade mas esclerosados nos sentidos.

Não estão dispostos a renovar atitudes, a aprender novas lições, a libertar-se dos preconceitos e dos vícios aos quais se acorrentam cada vez mais.

Têm corpo jovem e mente envelhecida, cristalizada em ideias das quais não abrem mão.

Dessa forma, podemos entender que juventude e velhice são esta-dos d’alma, independentes da idade cronológica.

Jovem é todo aquele que tem disposição de viver, de crescer, de rever atitudes e aprender sempre.

Jovem é quem tem esperança, quem aposta na vida, quem enfren-ta desafios com um sorriso nos lábios e fé no futuro.

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Rubem Alves, o ilustre educador que já sentiu perfume de flores emmais de setenta primaveras, em seu livro intitulado: Mansa-mente pastam as ovelhas, escreveu o seguinte:

Balançar é o melhor remédio para a depressão. Quem balança vira criança de novo. Razão por que eu acho um crime que nas praças públicas só haja balanços para crianças pequenas.

Há de haver balanços grandes para os grandes!

Já imaginaram o pai e a mãe, o avô e a avó, balançando?

Riram?

Absurdo?

Entendo.

Vocês estão velhos.

Têm medo do ridículo. Seu sonho fundamental está enterrado de-baixo do cimento.

Eu já sou avô e me rejuvenesço balançando até tocar a ponta do pé na folha do caquizeiro, onde meu balanço está amarrado!

Pense nisso, e liberte o jovem que existe em você!

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Redação do Momento Espírita
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