Por que, papai?

Recebi em 25/09/2009


A estação de trem estava bem movimentada naquela manhã cinzen-ta, na cidade de Salvador.

A chuva caía, insistente e fria, e as pessoas indo e vindo, apressadas, nem percebiam o doloroso drama que ali se desenrolava.

Afinal, cada criatura se detinha nas suas próprias preocupações, sem tempo para olhar ao redor.

Mas, para as frágeis forças do pequeno Fábio, o sofrimento se fazia quase insuportável.

Ele estava diante do seu ídolo, do seu herói, do seu protetor, para di-zer a Deus...

Seu pai o estava abandonando... E ele, no auge dos seus cinco anos de idade, não conseguia entender o porquê, nem a necessidade da-quela separação que lhe fora imposta.

Sabia que a providência tinha sido tomada por sua mãe, mas não compreendia a razão que o forçaria a viver longe do seu amado pai.

O trem iria partir em breve. A mãe o apressava. Mas seus pequenos braços se esforçavam para reter o pai, num abraço demorado...

Eu o amo, papai! Dizia baixinho, entre soluços. Não entendo por que, papai...

Por que tenho que me separar de você a quem tanto amo?

O pai permanecia calado. Afinal, não tinha uma resposta convincente para aliviar a dor daquela separação.

Sua amargura não se pode mensurar, pois estava perdendo seu filho por causa do álcool.

Ele era alcoólatra, e a mãe desejava preservar o filho da convivência infeliz, para oferecer a ele um futuro digno.

É bem possível que o pai tenha sentido a amargura daquele momen-to, mas sua vontade não era bastante firme para renunciar ao vício... Preferiu renunciar ao filho, a quem dizia amar.

Aquela triste experiência abalou profundamente o coração do peque-no Fábio.

Aquele dia deixou marcas indeléveis em sua alma infantil. As gotas de chuva, que se confundiam com suas lágrimas quentes, foram teste-munhas silenciosas do seu drama de menino.

O trem partiu... O pai ficou na plataforma, observando o filho desa-parecer ao longe...

O tempo passou... Hoje Fábio já conta com mais de vinte e cinco pri-maveras, mas em sua retina ainda ecoa o ruído de seu coração aflito daquela manhã chuvosa de despedida e dor.

Seu pai ainda não largou o vício. E Fábio, mesmo não sendo mais um garotinho, ainda sente que cada gole que o pai ingere é como se des-ferisse uma punhalada em seu peito sensível.

A história é verdadeira e, infelizmente, não é um caso isolado.

Há muitos filhos de pais alcoólatras amargando a triste sina de pre-senciar ou de sofrer a violência por parte daquele que assumiu a res-ponsabilidade de proteger e educar.

Indefesas, essas crianças têm que se submeter a todo tipo de cons-trangimento provocado no lar por pais desequilibrados sob o vício do álcool.

Outras tantas, embora permaneçam debaixo do mesmo teto, amar-gam a indiferença que aniquila e mata a esperança.

E quantas crianças que, como nosso pequeno Fábio, tiveram que se distanciar de pais aos quais amavam e de quem desejavam proteção?

Importante que se pense com seriedade a esse respeito.

Importante, ainda, que o pai ou a mãe consciente possa preservar os filhos dessas tragédias consequentes do alcoolismo.

Pense nisso!

As lesões causadas nos corações infantis são de difícil cura.

Quantos dramas, quantas fobias, quantos desequilíbrios podem surgir de uma lesão afetiva provocada na infância, e seguir o indivíduo por toda uma existência!

Por essa razão, vale a pena tratar essa questão com muito carinho e atenção.

Pense nisso!

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Equipe de Redação do Momento Espírita,
com base em uma história real.

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www.reflexao.com.br

 

 
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