Conivência

Recebida em 09/12/2005


Atualmente, as informações circulam de forma livre e célere.

Por consequência, é possível ter uma noção de conjunto dos valo-res e hábitos da humanidade.

Certas ocorrências repetem-se com tanta frequência, nos mais di-versos locais e ambientes, que chamam a atenção.

E a observação do que ocorre no mundo por vezes causa estarreci-mento.

Uma das coisas que impressionam é a audácia das pessoas desones-tas.

Elas parecem ter uma habilidade incomum para colocar-se nas po-sições mais relevantes.

Na política, na educação, nos meios jurídico e empresarial, a im-prensa não cessa de apontar focos de corrupção e desonestidade.

Já é bastante ruim haver tantas pessoas desleais.

Mas o que causa estupefação é como elas assumem facilmente po-sições de liderança.

Ninguém consegue disfarçar sua essência por muito tempo.

Quem não possui um nível ético satisfatório evidencia isso em inú-meras oportunidades.

Ninguém se corrompe de repente.

Uma pessoa genuinamente honesta não acorda um dia disposta a apoderar-se do que não lhe pertence.

O ser humano revela suas mazelas morais ao longo do tempo.

Sendo assim, como é possível que seres viciosos tornem-se tão in-fluentes?

Em todo e qualquer ambiente, há homens íntegros e inteligentes.

Por que esses não agem, para obstar a influência perniciosa?

À primeira vista, parece pouco caridoso evidenciar os vícios de um semelhante, para limitar sua ascensão.

Ocorre que a caridade não possui como bandeira a ingenuidade e a conivência.

Constitui equívoco imaginar que o homem bondoso deve ser tolo e falho de percepção.

A criatura íntegra e generosa procura ser um fator de progresso e bem-estar no mundo.

Mas age com critério e discernimento, não de forma piegas.

Nessa delicada questão, importa considerar o móvel da ação e quanto bem ela pode produzir.

Certamente é condenável divulgar os defeitos do próximo por ma-levolência, com o fito de denegri-lo.

Mas também é censurável prestigiar a comodidade de um único ser, em detrimento de inúmeros outros.

A corrupção que atinge um ambiente prejudica a todos os que se vinculam a ele.

O dinheiro público surrupiado por alguns faz falta na construção de hospitais e escolas.

O desfalque realizado em uma empresa talvez seja a causa de sua falência.

Trata-se da vantagem desonesta de uma pessoa causando a penúria de muitas outras.

A compaixão não justifica a inércia perante esse tipo de situação.

Nada há de louvável em assistir-se silenciosamente a atos desones-tos que prejudicam o meio social.

Na verdade, a timidez e a acomodação dos homens íntegros favore-ce a preponderância dos desonestos.

Grande parcela de culpa pela corrupção que grassa no mundo se deve às pessoas honestas.

Caso estas desejassem, preponderariam.

Quando o vício for combatido, sem ódio, mas firmemente, ele en-contrará pouco espaço para proliferar.

É preciso ter compaixão pelo delinquente, mas jamais compactuar com seus atos.

Assuma, pois, sua responsabilidade perante o mundo em que você vive.

Por timidez ou preguiça de desempenhar tarefas e ocupar postos, não permita que eles caiam em mãos indignas.

A título de ostentar virtude, não simule ignorância e nem seja co-nivente.

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Redação do Momento Espírita
www.reflexao.com.br

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