Ao meu Pai
 


Pai, lembro de nossos momentos
Na tua intimidade com as escrituras,
Falando de Deus com muita mesura,
Rezando, cantando com sentimentos
E muita empolgação. Que alma pura,
A tua, meu pai. Quando falavas para nós
Como viver dignamente, com tua voz
Cativante. Contavas os teus "causos"
Na Amazônia e, com muito entusiasmo,
Falavas da fé, para de lá sair e da oração
Que te deu uma mulher. Pôs no coração,
Pondo-se na fila, passando pela tripulação
Sem ser visto. No navio e sem dinheiro,
Conseguistes atravessar a selva até o Pará,
Onde de carona em carona, chegaste à casa
Paterna. Trocando relógio, roupa que levavas,
Por comida e gorjeta a quem carona te dava.
Meu pai acreditou nas promessas do futuro
Promissor, ultrapassando aqueles muros
Da vida de agricultor, no aconchego do lar.
Preferiu trilhar terras estranhas, se aventurar.
Disso tirou, certamente, algumas lições
Que serviram de parâmetros nas suas ações.
Pai, lembro de nós, eu atenta a te escutar,
Tu, na tua necessidade de sempre falar
Dessa tua aventura. Tu, meu pai amigo,
Filantrópico, que a todos o bem fazia:
Enfermeiro prático, ourives, bom ferreiro,
Agricultor, construtor, aquele obreiro
Cujas obras sempre fazia com imenso amor.
Pai que gerou 24 vidas numa única mulher,
Criando oito prendas que seguiram tua fé,
Teu exemplo de homem íntegro e trabalhador.
Pai, eu retribuo, nesta homenagem, com amor,
Os desvelos que em mim plantaste.
Partiste para receber o galardão de Deus
Pelo bem que semeaste aqui, entre os teus
Familiares e amigos. Guardo com saudades
A tua imagem, que por certo, na eternidade,
Está alegrando os anjos e aqueles que lá
Já chegaram e puderam te encontrar...
É teu dia, pai, recebas esta homenagem
Que revive em mim a tua linda imagem
Na cadeirinha de balanço a se balançar
E com um terço na mão, sempre a rezar
Por nós. Beijos espirituais no teu coração,
Quero dizer que te amo de montão.


Ninita Lucena



 

 
 

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