Livro Encontro XIV - Ano de 1992 -
Poesia classificada em 1º lugar

TRIGAIS DE FOZ DO AREIA - Valter Francisco das Chagas

   Quando eu me encontrava distante
   fosse um astronauta errante
   um débil navegante
   a mercê do mar de asfalto
   eu lia nos lábios do sol
   a mensagem gravada pelo vento
   eu sentia a febre
   e não imaginava a saudade
   feito uma forma de vida
   na retina dos olhos
   os dourados trigais da Rússia
   da Prússia e da Alemanha dividida

  
   Quando a distância me envolvia
   feito um cobertor de lã
   em atravessava as noites em claro
   e só ressuscitava com o sol da manhã
   eu não sabia
   que a saudade corta feito faca
   que a saudade marca o peito feito brasa
   que a saudade é bicho, um gavião
   devorando quieta o coração
   e a saudade se esconde pela vida
   até mesmo entre os trigais da Rússia
   da Prússia e da Alemanha dividida

  
   Mas eu não viajava sozinho
   seu rosto estava em todo caminho
   é que a saudade é feito uma fotografia
   e quanto mais se está longe
   mais as cores do filme ganham vida
   e eu via seu rosto até entre os trigais
   da Rússia da Prússia e da Alemanha dividida



Formatação de Carlos Roberto Lemberg
 

 
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