Recebi da Poetisa Rivkah em 24/11/2004


inda viverei         
                                       josemir tadeu
 
 
Travas os tons de minhas falas,
como fosse eu delinqüente,
ages nos entrementes,
nas desvalidos intervalos,
onde o inconsequente,
mergulha no que se faz vertente,
de algo benevolente,
aparentemente complacente,
mas no fundo envenenado.
 
Busco no turvo abrumado,
do meu entejo,
talvez até um motivo,
algo ativo,
que me faça comemorar,
o teu desterro.
Forcejo meus sentidos,
e ainda sinto-os doridos,
pelas sessões de torturas,
as quais me impusestes.
 
Nem sei se o teu
pensamento denegrido,
e o teu sorriso ensandecido,
ainda existem
.
Só sei que,
marcaste a ferro e fogo,
toda a tristeza concebível,
no que em mim,
se fazia novo,
simplesmente,
por que tua flébil neurose,
ditava ordens,
para os teus algozes,
que em achincalhes,
pungiam-me,
com teus,
sujos detalhes,
faziam-me trapo,
caco, naco,
um espantalho,
que feito colcha de retalhos,
refletia cores acizalhadas,
quebradas,
quedadas...
 
Mas hoje parto...
Céu aberto,
feito um discreto,
e liberto pássaro colorido..
Vou ver se inda me valido,
e no vento,
que dita o frescor da brisa,,
retirar de mim,
que se fez nódoa,
pra poder esquecer
o momento bandido,
no qual durante,
antes e após,
fizeste do meu corpo,
laços, nós,
para que eu fizesse,
de uma mentira,
tua verdade.
Mas pra ti meus lábios
jamais se abriram.
Pra ti,
minhas pupilas,
sempre mentiram.
 
E hoje,
livre,
de teus domínios sórdidos,
lanço-me no ar...
Inda com dores,
e algumas sequelas,
mas inebriado,
com as cores vivas
de minhas asas,
que inda permaneceram,
livres, lisas e ilesas.!
Acreditando piamente,
no meu refazimento.
No fim do meu tormento.
 
E elas sim,
darão agora,
rumo à minha vida.
Buscarei,
ao longe,
os olhos azuis,
da mulher de fala estranha.
Abrigar-me-ei,
em suas entranhas,
e rirei de ti,
torturador bisonho.
Pois morrerás torturando.
Enquanto que eu,
viverei feliz o meu sonho.
 
josemir (ao longo...)
 
 
Não Verás Meu Renascer
Iracema Zanetti
 
 
Por que este sarcasmo
que vem de tua boca,
magoa-me tanto?
Não sou eu que travo
tuas falas,mas tua mente
doente que sempre vê
maldade em meu modo
de ser,mesmo, quando
dôo-me para ti,
tão santamente,
apedrejas-me,
no teu inconsciente!
 
Insana mente, que te faz
gozar ao ditar palavras
maquiavélicas,
comemorando
meu desterro inexistente.
Se buscavas em mim,
amor em demasia,
tornando-o vã orgia,
não me culpes
pelos teus sentidos
doridos.
Tu os buscaste,
sem que eu consentisse.
 
Meu pensamento
denegrido, clone
absoluto do teu,
jamais sorriu
ensandecido,
pois, nenhum sorriso
conheceu.
 
Teu desejo lúgubre
de se passar por mártir,
não me atinge mais.
Feriste-me com atos
e palavras,
pisaste em tudo
o que tentei construir.
Tu mesmo,
criaste teus algozes,
fazendo-se de vítima
infeliz, esquecendo-se
da lei do retorno.
Se de espantalho,
te comparas
a colcha de retalho,
desbotada,
quem escolheu
as cores do teu quadro
foste tu.
 
Se de colcha de retalho,
ausente de cores vivas,
partes hoje,
liberto feito pássaro
colorido, estás sendo
incoerente.
Se renasceste,
não foi por mero acaso,
mas, por sugares,
minha energia,
minha seiva
sempre atenta,
a teus desalentos!
Tentaste te enganar,
com tuas próprias
mentiras.
Conseguiste roubar de mim,
minha própria vida!
 
Para um homem
tão queixoso
de dores, padecimentos,
torturas, achincalhes,
laços e nós, 
tua partida alegre,
brinda-me
com tuas mazelas,
deixadas aqui.
Se te livraste delas,
deves a mim!
Se eu fosse a megera
da qual falas,
não te deixaria partir
feliz!
 
Vai, segue teu rumo,
procura a mulher
de fala estranha,
talvez, ela não trave
tuas palavras,
e permita
que tu te abrigues,
em suas entranhas.
Em te conhecendo,
somente depois disso,
renascerei das cinzas,
e serei feliz! 

Iracema Zanetti
Só eu sei!
Rivkah

Chegou aqui um anjo caído
Chegou chorando, sofrido
Feridas e mais feridas,
mal conseguia falar!
Olhos fechados...
Alguém que se recusa a olhar
Como se a vida
fosse uma sucessão de fases sofridas
e não quisesse mais lutar
Dei-lhe amor, dei guarida
mostrei que podia acreditar.
Que sempre existe um outro lado
por mais que esteja subjugado.
Hoje... vejo que está mudado,
em seus olhos, sinto o despertar
não tem mais o olhar assustado
de quem, a vida, só soube machucar.
Olha p'ra mim meio encabulado
como se quisesse me pagar
pelos meus carinhos, pelos cuidados.
Por favor...!
Aqui não existe o toma lá e dá cá!
Aqui existe o amor!
Mas ele não entende minha língua
e não sei como lhe explicar!
Sinto que quando estou muda
e ele está calado
a gente consegue se comunicar
mas amor é língua
que todos aprendem a falar
e ele também aprenderá
ao saber que é amado
Ah... vida!
A senhora foi má, foi ferina
e por isso carinho eu dei
porque do jeito aqui chegou,
Só eu sei!

 
 

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