| Recebi em 18/10/2007 |
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Ah! Minha vida do quase! Quase fui motorista, quase conheci a Grécia... Passei pertinho e não desci, acabei sem querer, na Suécia! Quase pesquei no pantanal, na última hora desisti... No Rio? Quase fui passar o carnaval e, no quase, me perdi! Quase me tornei evangélico e quase católico terminei... Espírita? Quase sou! Pensei... Quase fui poeta e quase amei... Quase fui piloto, quase fui professor... Quase fui músico, quase fui escritor! Andarilho? Tentei ser, quase consegui! Físico? Acreditem! Quase sem querer... Carteiro, pintor, marceneiro, quase! Não fosse quase por acaso... Psicólogo, analista, comentarista, não fosse o quase, tarólogo! Quase me apaixonei... Quase, quase! Quase dela eu gostei... Que raiva! Casei-me. Quase me separei, não fossem os filhos, quase adolescentes! Quase me mandei... Passaram-se os anos, quase velho, quase nada eu fiz... Quase, quase, passei pertinho de tudo que eu queria! Tive medo de encarar a vida... Quase dela eu desistia! Quase eu traí quem quase me traía. Quase chutei o balde e parti, quase abandonei a agonia! Quase fui padeiro, eu gostava! Terminei confeiteiro, quase cozinheiro. Eu detestava! Eu queria mesmo era ser motorista... Quase fui! Terminei quase manobrista... Quase, quase... Acabei comprando um barco. Quase fui pescador... Escriturário, delegado, quase fui doutor! Cantor? Quase fui! Artista, ator... Quase? Que droga! Quase! Eu queria ser motorista, ganhar o mundo e longas estradas na boleia de um caminhão... Sumir! Na quase morte... Quase em vida eu consegui! José Geraldo Martinez "Poema dedicado às pessoas que, ainda no apogeu de suas vidas, estão no quase." "A coragem é para poucos e covardes existem aos milhões." José Geraldo Martinez Há passagens em nossas vidas que ficam parecendo um enigma não identificado. Não sabemos como foi que aconteceu, o que de fato ocorreu, como foi que nos distanciamos... e por aí vai... Haverá possibilidade de resgatar ou concluir o inacabado, o QUASE, sempre me pergunto...? Não é um imponderável nem um jogo da vida. É um fato, de fato, inacabado, que nos faz estremecer ou refletir... É sentimento de falha, de derrota, que nos tira do sério, de acordo com a persistência ou com as frustrações. Barreiras não rompidas, oprimidas e opressoras, que nos obrigam ou ensinam a reagir, a revolver, a remexer, a enfrentar ou, para alguns, a desistir... O QUASE, fica no meio-termo, no meio do caminho, quase morno, nem lá, nem cá. Nunca é linha de chegada, maltratada, pisada pelo pé do vencedor. O QUASE vai aquém do seu limite, independe do querer, do ir à luta, do amar. Não foi vencido, mas sim interrompido até por uma pequenina e sentida lágrima, que quase desistiu de rolar... O QUASE me levou você e me arrebatou dos seus braços, porque com o QUASE não há apelação, somente uma conclusão: fica sempre na interrogação... Nídia Vargas Potsch Rio de Janeiro - RJ - 27/04/2005 
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