É assim o Poeta - Eugénio de Sá

Da essência humana se nutre o poeta
na poesia da vida, que recolhe
e dá-lhe a forma em verve mais dileta
no desfiar do mote a que se acolhe.

É feita de silêncios e de memórias
a longa noite do poeta.
Longe ficaram os frios invernais,
vividos de mistura com versos de solidão.
Pela sua janela aberta ao mundo
assomam-se, distantes,
as luzes e os bulícios da cidade grande.

Debruçado na mesa de trabalho,
vela-lhe a escrita a escassa luz
de uma tremulenta lâmpada.
Como parece fluida a paz que os seus versos desfrutam,
embalados pela tépida brisa que espreguiça a madrugada!
Mas, de súbito, empalidece a fronte do asceta
de coração mimoso;
e ele escreve, um atrás d’outro, emocionado,
os versos da saudade, da tristeza...
em que todo o seu ser está mergulhado.

- É assim o poeta; um ente amargurado!

Eugénio de Sá
Agosto/2008

A ti, Poeta! - Ceres Marylise

Tu que te entregas e te presenteias,
na existência de invenção das horas
em que te afastas sempre do real,
como artesão da arte caprichosa.

Muito além dos últimos vestígios,
deságuas sentimentos nas palavras
e doas tua essência aos que sonham,
com o lirismo do verso preso à alma.

Tu que pares protestos e amores
e abortas tuas queixas, teus soluços,
já entregaste há muito os teus sonhos
que adormeceram frios e inconclusos.

Ceres Marylise
11/11/2007

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