Saudade - Helena Morais

Um vento forte bate triste,
e abre em minha noite a solidão,
exibindo uma Lua majestosa
que brilha fria, sem a sua emoção...
O aço fino desse raio prata,
corta-me a alma, em mil pedaços...
E da janela, fico a ouvir seus passos,
afastando-se, partindo em lentidão,
levando sem perceber, consigo,
o meu desatinado coração...
Tenho o ímpeto de gritar, pedir que volte
devolvendo-me a alegria e a ilusão,
noites claras de encantamento e magia,
dos versos puros de amor, a inspiração...
Não devo...
Fico vendo-o partir, calada...
Guardo em paz minhas palavras
com seu doce beijo de mel,
tatuado como estrela cadente,
na minha boca molhada de céu...
Desejo...
No lugar do meu coração,
o seu amor,
fica, brincando em liberdade...
Saudade...

Helena Morais

Ritual do Adeus - Domingos Alicata

No forte pulsar do vento, chega à minha alma a
tua solidão. E a nossa noite, na majestade
da Lua, recolhe a falsa emoção do brilho das
distantes estrelas...

O aço fino que, vestido de prata, corta a tua
alma, é o mesmo que transpassa o meu coração.
E o sangrar das nossas feridas almas em
argento lago de amor tomba. Tu, apenas na
tristeza desta noite. Eu, já de morte ferido.

Passos...

Não sou eu quem te abandona e sim a vida que
me deixa!

No ritual do adeus tento enganá-la. Inutilmente
meus lábios cubro de mel e a beijo, com
ternura... Na profundidade deste beijo chego
aos teus lábios, sempre abertos ao desejo...

E meus derradeiros poemas deixo-os tatuados
no céu da tua boca, livres, brincando de viver na
eternidade da tua voz...

Como esta noite solitária em que a minha alma
já começa a recitar versos de saudade.

Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 28/10/2007

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