O que eu sabia dos pampas 
      Estava em livros de história 
      E veja que minha memória 
      Borracha de meia guampa 
      Só me falava “churrasco”... 
      Um quera tocava uma gaita 
      Eu com u'a fome baita 
      E medo de fazer fiasco. 
      
       
      
      Dez pila e só, na guaiaca 
      Imaginava a distância... 
      O dono daquela estância 
      Na cinta tinha uma faca 
      Olhava lá da porteira 
      Com o rebenque na mão 
      E eu que nem um lebrão 
      Já preparava a carreira 
      
       
      
      Foi quando olhei o piquete 
      E exclamei: tri-legal 
      Eu monto o pingo bagual 
      E vou parar em Alegrete. 
      Mas só que o pobre animal 
      Mais rengo que cusco velho 
      Nem que dissesse o evangelho 
      Chegava além do curral. 
      
       
      
      Então chegou-se a guria 
      Vestida qual uma prenda 
      Com laços e muita renda 
      Voz doce que nem chimia 
      E nem te conto, patrão 
      Passou-me a bomba e a cuia 
      E eu pensei “ha ha huya” 
      To pronto prum pelotão 
      
       
      
      E eu já me vi no fandango 
      Garboso, todo pilchado 
      Por minha prenda laçado 
      Dançando xotes e tangos. 
      E fui até a alvorada 
      Nesta bailanta fagueira 
      Deixei a prenda faceira 
      E a família aumentada. 
      
      
       
      
      Sérgio Serra 
      
      Em homenagem aos amigos gaúchos, incluindo 
      os deixados em Jaguari. 
      Dedicado à amiga e consultora para assuntos gaudérios, 
      Denise de Souza Severgnini.
       
		
       
		
      
      
      Nasci aqui no Rio 
      Grande do Sul 
      Tenho muito orgulho do solo gaúcho 
      Nesta terra dou-me ao luxo 
      De flautear o Grêmio azul 
      Reverencio o Internacional 
      Gosto de comer churrasco 
      Não sorvo a bebida tradicional 
      O que considero um grande fiasco 
       
      Carrego dez 
      patacas na bolsinha 
      Por que mais não sobrou no mês 
      Nem deu pra pagar o curso de inglês 
      Em tal a situação fui apostar na rinha 
      Mas o patrão desta estância 
      Olhando para mim, uma mulher 
      Disse aqui tu não mete a colher 
      Fazendo eu tomar distância 
       
      Com o rabo entre 
      as pernas 
      Em companhia do fiel cusquinho 
      Rumei logo por outro caminho 
      A buscar companhias mais ternas 
      Lá pras bandas do Alegrete 
      Campeie viventes de montão 
      Festejando com carreteiro e chimarrão 
      Gineteando num baita piquete 
       
      Agitando num 
      baita entrevero 
      Aproximou-se um gaudério 
      Que resolveu me tirar do sério 
      Fiquei mais braba que piá em cueiro 
      Mais ardida do que pimenta 
      Fui mostrar pro tal quera 
      Que descendo de Ana Terra 
      E tenho cabelo nas ventas 
       
      Então se chegou 
      o gaúcho 
      Todo pilchado e bagual 
      Meu coração - potro infernal 
      Não aguentou o repuxo 
      Vesti-me então de prenda 
      fandangueie como diabo gosta 
      Mais faceira que laranja de amostra 
      E por nove meses carreguei a encomenda 
       
      Denise 
      Severgnini 
      
      
      Esta é a versão 
      feminina do poema 
      Gauderiando de Sérgio Serra 
      
      
      
      
      Novo Hamburgo - RS - Brasil 
      
       
		
  
		 
		Fundo Musical: 
		Prenda Minha 
 
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