Por pouco, eu não nasci Maria 
Não quiseram os deuses, tive outro nome 
Mas minhas faces, o tempo não consome 
Misturas químicas, pura alquimia 
Ah eu queria... ser Maria... 
Na simplicidade do amor que principia 
Está a doce sensação de ser Maria 
Na vastidão da tsunami em ventania 
Está a força oculta de ser Maria 
No sim dito sem vontade, sem alegria 
Está a prisão sem carta de alforria 
Queria ser Maria de muitas outras faces 
Usar todos os disfarces que me devolvesse ao dia 
Só para sentir na pele, a sensação da ser Maria 
 
	Denise Severgnini 
	Novo Hamburgo - RS 
  
[Ao republicar meu poema 
"MARIAS-MARIAS", feito em 1983] 
     
    Como o mundo mudou, também mudei. 
Fiz besteiras na vida, 
quebrei a cara tantas vezes 
que perdi a conta. 
Tantas vezes me vi desnorteada, 
feito barata tonta, 
procurando acertar 
e me encontrando errada. 
A muitos amores me entreguei 
porque os busquei e quis. 
Se em alguns braços eu chorei, 
em muitos outros fui feliz. 
Não medi consequências, 
sempre ousei, me atrevi, 
livre e solta voei, 
umas vezes cedi, 
outras me rebelei, 
e acertando ou errando 
sei que vivi. 
Por muitos nomes fui chamada: 
polêmica, briguenta, 
rebelde e guerreira, 
por muitos inimigos 
e amigos também. 
E até em Afrodite 
em Sal da Terra 
me transformou 
o carinho de alguém. 
     
    E hoje ao me ler 
em “MARIAS-MARIAS”, 
percebi de repente 
que não quero meus nomes verdadeiros, 
nem os apelidos, 
elogiosos ou grosseiros. 
Eu quero ser somente 
mais uma simples Maria 
entre as milhares Marias, 
para o que der e vier. 
Pois é Maria que sou, 
força, coragem, poesia, 
fermento que faz crescer, 
sal que tempera e sustenta: 
Sal-Maria, Sal-Mulher! 
     
    Sal 
    
    Marília/SP 
 
 
 
 
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