
TEMPOS 
DOURADOS
Humberto Rodrigues Neto
Tempos 
de sonho, em que a mente realça
minha 
garota a flutuar na valsa
sob 
os volteios de um amor sincero...
E 
vinha o mambo, um fox caprichado,
depois 
ao meu, seu rostinho colado,
curtíamos 
um romântico bolero!
	
Por 
sobre a anágua, a saia bem rodada,
a 
cinturinha fina e modelada,
como 
era bom rodopiar com ela!
Meu 
terno justo, na medida exata,
um 
brilhante afixado na gravata
e 
um perfumado cravo na lapela!
	
Tempo 
em que haurimos as canções da mídia:
“Besame 
Mucho”, “Dos Almas”, “Perfídia”,
em 
suspirosos tons sentimentais!
Hoje 
estou velho e fico aqui cerzindo
rotos 
farrapos de um passado lindo
que foi-se embora e que não volta mais!
* 
* *
S. 
Paulo/Brasil
 
TEMPOS 
DOURADOS
Carmo 
Vasconcelos
	
Tempos 
felizes, dum passado cheio,
lembrados 
quando em vez , pra nosso enleio,
memórias 
que nos trazem céus de encanto...
A 
colorirem nossa vida gasta,
onde 
parece nada haver que basta
e 
ser de sobra, só saudade e pranto.
	
Agora, 
o velho banco de jardim
chora 
em ferrugem lembranças de mim,
quando 
em abraço terno era adorada…
E 
até as roseiras, dantes tão floridas,
sem 
nossos madrigais, murcham doridas,
rogando 
orvalhos pela madrugada.
	
Longe 
ficaram os volteios de dança,
nesta 
imobilidade que nos cansa
dos 
frios cedês, gemendo tais boleros…
O 
romantismo foi-se na distância,
e 
os cravos na lapela, sem fragrância,
são quais amores d'hoje, não sinceros!
* 
* *
Lisboa/Portugal
7/Fevº/2012
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