Obrigada, Ilustre Poeta Humberto Soares Santa,
pelo honroso dueto! O meu abraço.
Carmo Vasconcelos

Guernica, Picasso, 1937
(Poemas em tempo de guerra)
Hoje os rios correm vermelhados de vergonha,
plúmbeos 
os céus, envergam traje de ímpar dor,
na 
atmosfera gaseifica-se o estertor,
poeira 
de sangue sem limite que se oponha.
É 
uma barbárie turbulenta que regressa,
a insanidade da feroz Roma de Nero,
a arena ignóbil do bestial exemplo fero,
a demoníaca atrocidade, ira 
pregressa.
Qual 
a que à morte condenou natos varões,
pra 
aniquilar a voz do Cristo Redentor,
chegado 
ao Mundo pra pregar a paz e o amor,
mote 
enjeitado por Herodes e vilões.
A mesma que, ímpia, conduziu à Inquisição,
injustamente, 
os desafectos, fés avessas,
e fez
 rolar na guilhotina mil cabeças,
sem 
vacilar um só momento em compaixão.
Hoje, 
motivos e razões tão divergentes,
vestem de igual a guerra, em sangue mergulhada,
e capitula a Paz, às mãos da malfadada
carnificina 
que dizima os inocentes.
Novo 
Dilúvio venha à Terra! E que extermine
os vis demónios que a ambição trazem aos pés,
e nos 
devolva o Mundo, tal o que Deus fez,
um 
Mundo Novo que a violência recrimine!
***
Lisboa/Portugal
Janº/2009
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SILÊNCIOS
Humberto Soares Santa
Regressam 
os silêncios já passados!...
Catacumbas romanas!... teologia!...
Preces!... odor da morte!... agonia
De véus cobrindo rostos já velados.
Os césares vão voltando, esses malvados
Filhos de falsos deuses!... vilania!
Os homens viram monstros!... Quem diria
Ver, Nero e Calígula, regressados.
Nas arenas do ódio, os gladiadores,
Derramam o seu sangue inocente
Por um regresso ao sangue de outras eras.
Espártaco!... Vês?!... Voltaram os teus senhores!...
Cristo!... Olha!... Teu mundo está 
doente:
Há gritos de crianças junto às feras!
***
Cotovia/Sesimbra/Portugal
