Empresas oferecem vagas?


Lendo um artigo que fala sobre a lei que obriga as empresas terem uma cota de vagas que varia de 2% a 5% para portadores de defici-ência, lembrei-me das várias vagas oferecida em jornais e sites.

Realmente bancos, firmas e escolas ofereciam (ainda oferecem)oportunidade de emprego. Mas essas vagas são para pessoas com o segundo ou terceiro grau completo, com noções avançadas de Word e Excel, as vezes até exigem que fale um idioma e além de tudo exigem experiência mínima de UM ano.

Em nenhum momento, vi nos anúncios que li, vagas com funções simples onde o portador de deficiência pudesse trabalhar com pou-ca escolaridade.

Se o portador de deficiência não conseguiu completar segundo grau ou não conseguiu chegar à tão desejada faculdade, deverá ele ser excluído do mercado de trabalho?

Se o portador de deficiência nunca trabalhou, como poderá ter experiência? Deverá ele, ser condenado ao eterno desemprego, por ter cometido o crime de nunca ter trabalhado antes?

Ao ser colocada tanta exigência, a maioria é automaticamente ex-cluída. Talvez, até mesmo essa vaga nunca chegue a ser preenchi-da – “
não por culpa da empresa” – mas, por não ter aparecido ninguém capacitado para preenchê-la.

Tive a nítida impressão, que as vagas oferecidas, o eram, apenas por serem obrigatório por lei.

Lembrei-me da luta (infrutífera) que tive por vários anos em escolas e instituições, para  que houvesse realmente uma PRO-FISSIONALIZAÇÃO com portador de deficiência mental.

Lembrei-me das vezes que critiquei duramente diretores e diretoras de escolas especiais “profissionalizantes” (ONG ou não), por não oferecem no próprio local oportunidade de traba-lho.

Lembrei-me de uma escola, que após eu ter conversado “duramente”, resolveu deixar UM (a) aluno(a) por uma ou duas horas em “exposição”, uma ou duas vezes por semana na secre-tária da escola (só pra dizer que o aluno trabalhava lá).

Isso para mim é não é trabalho. Quando digo trabalho, o que quero dizer é: TRABALHO DE VERDADE. É dar responsabilida-de ao aluno-funcionário, é fazê-lo se sentir um ser humano de verdade.

Não quero um “enrolar”, um “passar de mão na cabeça” dos ge-nitores (já tão desgastados).

Creio que é um absurdo, e, cômico ao mesmo tempo; uma “escola especial profissionalizante”, não ter em seu próprio es-tabelecimento de ensino, um portador de deficiência trabalhan-do lá normalmente.

É como se dissessem:

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Há pais que por motivos óbvios ou por motivos particulares, não de-sejam colocar seu filho em uma escola “normal”. E por isso vão em busca de uma escola especial.

Não seria incentivante para um pai, ao chegar a esse local, ser atendido por um(a) recepcionista portador(a) de deficiência mental?

Imagine que conceito ele teria dessa escola se visse um rapazi-nho portador de deficiência, atendendo ao telefone e anotando os recados.

Que sensação gostosa experimentaria esse pai, ao tomar um ca-fezinho servido por um portador da síndrome de Down, enquan-to esperasse pelo diretor. Que conceito da escola levaria esse mesmo pai, ao ver uma mocinha simpática  e sorridente, por-tando algum tipo de deficiência mental tirando xerox?

Cheguei a triste conclusão que as escolas (
que visitei) não se in-teressavam realmente pela profissionalização no sentido exato da palavra.

No texto, li ainda: “Segundo as companhias, existe um proble-ma, que é comum a todo o mercado brasileiro: falta de qualifi-cação”.

No que se refere ao portador de deficiência, essa falta de quali-ficação continuará a existir, enquanto as escolas não se consci-entizarem que seus alunos têm capacidade, e que podem fazer muito mais, do simplesmente fazer bijuterias, cobrir caixinhas com papel e fazer objetos com cerâmica.

Quanto ao trabalhador em geral, também continuará a falta de profissionalização, enquanto entidades, igrejas etc., continua-rem a dar “assistência” ao desempregado, levando somen-te, roupas, cestas básicas e às vezes até dinheiro. Ele precisa muito mais que isso.

Faz-se necessário, que entidades (governamentais ou não), igre-jas e etc., formem grupos de pessoas qualificadas, e que essas pessoas se dirijam a bairros carentes e ensine uma profissão aos desempregado, dando-lhe assim uma qualificação.

Um provérbio chinês diz: “Se você der um peixe ao homem fa-minto, ele se tornará seu dependente, ensine-o a pescar e ele se tornará a vida inteira independente”.

Alguém pode dizer, mas, há alguns lugares que oferecem a pro-fissionalização. Verdade! Mas eu pergunto, como o desemprega-do sem dinheiro nem pra comprar um pãozinho para os seus filhos, vai arrumar o dinheiro da condução? As vezes ele mora num bairro tão afastado, que seria necessário tomar até três conduções (ida e volta, igual a seis).

Mesmo existindo um instituto com a competência do IBDD (
Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência), mostra se necessário então que haja também outras entidades que ajudem a completar o serviço acima citado.

Muriel E. T. N. Pokk
Texto registrado em cartório

Banner exclusivo do Site www.crlemberg.com.br
 

 
Próxima Crônicas Menu Principal