Papel Picado


PAPEL PICADO

 
Árdua e cansativa tarefa. Empreitada para desocupar espaços. Desmontar arquivos, esvaziar pastas. Montanhas de papéis, boa parte deles já não fazem mais sentido. Tempo de trabalho que deseja ser esquecido. Picota daqui, picota de lá e descansa pois se descobre que, apesar da máquina que auxilia, até picotar cansa. Relatórios de serviços findos. Textos inconclusos.Versos lançados e abandonados. Outros esquecidos que merecem ser resgatados. Mas sempre surge a dúvida resgata ou não, quem sabe deixá-los num arquivo de exclusão como se fosse possível anular a inspiração? Que aflição, parece que não se vai conseguir o feito desejado. Safa-se da culpa em função de apagão. Retomada a energia não se aceita sermão pela bagunça gerada. Afinal é confusão proposital. O melhor de tamanha picotagem será, embora sentindo-se uma certa tristeza, porque ali naquele saco de lixo especial estão ações, força de lidas, sentires, emoções, resíduos de ilusões e de prazeres, reduzidos em papel picado mas que vai servir para reciclagem. Resultado do aprendizado...de vez em quando picotar faz um bem danado. Sensação de um alívio difícil de ser explicado.
Gui Oliva
maio/2013
Som: Red Roses for a Blue Lady - Ernesto Cortazar
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