O maluquinho inteligente
 


Ele não era uma pessoa normal.

Desde criança a mãe já percebia, contundo desde menino ele fazia muita arte, como colocar fogo no rabo do gato, despejar água quente sobre os periquitos, amarrar a saia da mãe na cadeira e quando ela levantava era aquele susto ou até uma queda.

A mãe o matriculou na escola e ele aprendeu a ler muito rápido, mas na oitava série teve que abandonar a escola, devido às crise que lhe dava só que ele nunca ficava bravo, porém quando vinha a crise tinha que interná-lo imediatamente.

Um dia ele se matriculou numa autoescola sem a ordem da mãe e tornou um excelente motorista, porém não conseguiu tirar a car-teira, pois a mãe avisou o médico e ele pediu alguns exames e foi revelada sua grave doença mental.

Certo dia ele estava internado com grave crise, depois de alguns dias ele disse para o médico que o deixasse assentar debaixo de umas árvores que estava em frente ao hospital psiquiátrico e que assim fazendo ele se sentiria melhor e ainda disse que poderia alguém ficar lhe vigiando que ele jamais fugiria do hospital, era tão esperto e cheio de conversa que o médico caiu na dele.

Lá fora ele dizia para o enfermeiro: que delícia é ver as folhas das árvores balançarem, sentir este doce vento, estou sentindo uma grande recuperação, mas estou com tremenda sede, veja se arruma um copo d'água gelada para completar a minha felicidade...

O enfermeiro foi buscar a água, enquanto isto um cidadão esta-cionou um veículo e ele (o maluquinho) disse: moço desengate o carro e deixe-me ver se dou conta de funcionar este motor, pois é meu sonho desde menino, o motorista lhe entregou a chave e desengatou o carro, e ele que era portador de uma doença psíquica, mas muito ativo e esperto disse: vou fazer de conta que estou dirigindo, entrou fechou a porta do carro apertou a embreagem e levou um papo com o motorista para distraí-lo, funcionou o carro foi soltando a embreagem e se mandou, fez uma fuga espetacular, visitou os parentes pela cidade sítios e chegou à casa sorridente.

Certo dia ele deu uma crise e foi levado pelo seu tio para um manicômio lá pro Estado de Minas Gerais, quando faltavam uns trinta quilômetros ele disse para o tio que parasse para ir ao banheiro, em seguida pediu que queria dirigir por uns cinco qui-lômetros tal foi a conversa que o tio acreditou e ele assumiu o vo-lante e ainda disse: quando entrar na cidade me ensina o caminho do hospital que só sairei do volante quando chegar lá.

Ao chegar ao hospital ele disse para o médico vim internar meu tio que está com uma grave crise e é portador de doença mental veja aqui os exames dele, o tio que era saudável, assustado perdeu a fala e quis correr, e o médico disse para o verdadeiro doente, mas você é que está com o olho vermelho e um aspecto de doente, mas ele disse isto tudo é o sono, dirigir lá da ponta de Goiás até aqui a noite inteira até o doutor ficaria como eu, e olha interna logo meu tio porque senão ele foge, já era tarde para o tio fugir, dois guardas já estavam até com algemas ao lado do tio e levaram o coitado enquanto o verdadeiro maluco ficou fazendo a ficha, ele saiu de mansinho funcionou o automóvel e voltou para casa, colo-cando milhares de motoristas e pedestres em risco pela rodovia, e o tio que não portava nenhuma doença ficou trancafiado num quarto do hospital e recebendo injeções e ninguém acreditava em suas palavras.

E assim continuou fazendo estripulias pela vida afora.

Às vezes acontecia de quando ele estava melhor até depósito no Banco fazia para a mãe, mas era tão esperto que vestia um paletó com uma gravata e para não enfrentar fila dizia para o gerente olha, eu sou o Doutor fulano de tal, advogado e tenho uma audi-ência daqui a cinco minutos como vou enfrentar tamanha fila, e o gerente o mandava para o caixa de clientes especiais, e assim continuou até que a doença o invalidou para sempre.

Valeriano Luiz da Silva
Anápolis - GO - 14/08/2004



 

 
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