Sinto frio


Acordei e ainda é madrugada
Sinto frio no coração e sinto o frio do tempo
Minhas noites são insones e dormentes
Na saudade que me inspira e devora a alma
Meu corpo exala suspiros ardentes de prazer
Meus lábios te descobrem e te desenham febris
No travesseiro cúmplice e doce companheiro
Há faíscas de fogo
que me rasgam as roupas e o ventre
Que me prende à cama numa tortura fatal
Que me sangra o corpo em movimentos inquietos
Numa sagrada profanação de fêmea esfomeada
Minhas mãos estonteantes procuram meus seios
Tenho vertigem,
espasmos tomam conta do meu corpo
Molhada e trôpega me entrego a orgia do gozo
Já não sinto frio ! descanso entre os lençóis saciada
Amanheceu ! meu coração não sente mais o frio
Vou dormir...

Rose Sadalla
Rio de Janeiro - RJ - 01/11/2001


 

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