Dia de cinzas


Hora de tirarmos as máscaras
e voltarmos à realidade
As luzes apagadas do salão
silenciam a madrugada triste
Alguns ainda soltam, agoniados,
os últimos acordes de uma música,
que aos poucos vai perdendo a força,
calando as gargantas secas e desafinadas
Um desfile de corpos suados e extenuados
que ao dobrarem a esquina, deixam para trás
momentos, sensações, desejos...
Mais um carnaval que ao findar,
deixa na boca o sabor da saudade
Amores que se perdem...
Outros que se despedem...
E nós?
Como ficamos?
Alimentando talvez os sonhos que virão,
vivendo das ilusões fugazes...
Sentindo o desejo enorme de
renascer nas cinzas de uma
quarta-feira qualquer...

Regina Bertoccelli
São Paulo - SP




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