Renascer

Recebi em 21/06/2005

 


Tenho olhado de esguelha
para as noturnidades de minh´alma,
povoadas por sonhos constelados,
qual vaga-lumes piscando longínquas primaveras.

Tenho olhado de esguelha
para estas mãos tateando tênues sombras de quimera,
mãos desejosas do afago,
mãos ansiosas da textura de cálidas manhãs.

Tenho olhado de esguelha
para este falar perambulante nos labirintos da garganta,
buscando e batendo em portas sem eco;
para este corpo arqueado,
contido por um vendaval de saudades,
de lembranças ariscas,
que me aprisionam ao morrer do Tempo.

Tenho olhado de esguelha
para o que estou - mas não sou.
Pois esse verde maroto, que se insinua...
E essa réstia de aurora primeira...
E uma ternura, de face tão verdadeira...
Teus olhos, num estender de mãos,
num murmurar de caminhos banhados por amanhãs gentis...
Esse chamado de seguir adiante, de despertar...

Que até ouso pensar em ter coragem;
e despir essas vestes de tristeza,
E dizer sim...
E te amar...

Patrícia Neme



 

 
Anterior Poetas Menu Principal