Que Saudade...


Que saudade do tempo em que
eu não sentia saudades nem tantas
ausências viviam no meu presente...

O passado era apenas uma simples folha,
quase toda em branco, e o futuro um
lindo livro azul a ser escrito sem pressa.

Que saudade do tempo em que podia corrigir
as tortuosas linhas da vida, contornar o improvável,
redefinir sentimentos...

As noites não eram tão solitárias e
os meus sonhos se refugiavam nos
olhos da menina amada.

Que saudade...

Fantasias sucumbem aos meus desiludidos
encantamentos. Perdas se acumulam no
simples passar do tempo. O corpo definha
e a alma, sorrateiramente, me abandona.

Ah, que saudade da época em que virava as
páginas do tempo sem me preocupar com o
nefasto peso dos anos...

Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 01
/12/2001



 

 

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