Me vesti de preto!


Me vesti de preto.
Saí às ruas, sorrateira e silenciosamente...
Na calada da madrugada
fui visitar você.
Deslizei entre carros,
passei por bares locais em festa.
Movimento, algazarra...
Alaridos, gritos perdidos...
Passeei entre as nuvens,
alcancei as estrelas...
Derivei as brumas,
atravessei desertos, refiz-me no oásis,
sobrevoei planícies, vulcões...
Nada me abalava!
Minha vontade era determinada
por uma força inabalável
que eu tinha de ver você!
Tinha que lhe falar do meu amor,
da saudade que me cinge a alma,
fere meu coração,
invade todo meu ser...
Me vesti de preto,
mas você não me viu.
Estive ao seu lado,
caminhei com você,
sorri para você...
O vento gélido levava-me
cada vez mais distante!...
No silêncio dos túmulos
fiquei a pensar
nos tempos áureos,
felizes em que vivemos...
No silêncio, um grito rouco
cortou a madrugada!
Era o meu grito de revolta,
porque no túmulo frio
você não escutava minha canção de amor...


Arneyde T. Marcheschi
Vitória - ES - 27/01/2004



Fundo Musical: Danúbio Azul
 

 
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