Homenagem a Ary Barroso o Autor do "OUTRO" HINO NACIONAL

Recebi em 07/11/2014
 


ARY BARROSO
(O autor do "outro" Hino Nacional)

ALGUNS REGISTROS PESSOAIS

Neste 07 de novembro, se vivo fosse, ARY BARROSO, compositor (sua maior marca), pianista, radialista e poético, estaria aniversariando.

Filho de João Evangelista Barroso, promotor público, e de Angelina de Rezende Barroso, nasceu em Ubá (MG), no dia 07/11/1903, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 09/02/1964, meses depois de completar 60 anos; bem antes, então, de suas expectativas e muito aquém do tempo que os brasileiros esperavam conviver, cada dia mais, com a exaltação ao "Brasil Grande" de suas canções.

Em 1911, o menino Ary, então com 8 anos, perdeu a mãe, de apenas 22 anos, vitimada por tuberculose.

Dois meses depois, o pai faleceu vitimado pela mesma doença.

Foi criado pela avó Gabriela, e pela tia Ritinha, sua primeira professora de piano.

Devido as dificuldades financeiras, com apenas 12 anos de idade passou a ajudar a tia, fazendo, ao piano, fundo musical para filmes no Cinema Ideal.

Pouco depois, empregou-se como caixeiro na loja "A Brasileira", onde trabalhou por um perãodo de seis meses.

Cursou o primário na escola do professor Cícero Galindo, seguindo seus estudos no Ginásio São José.

Deste, por seu comportamento pouco disciplinado, passou pelos ginásios de escolas nas cidades de Viçosa, Leopoldina e finalmente Cataguases, onde concluiu o curso.

Por essa época, já frequentava a boêmia local, era goleiro do Botafogo Futebol Clube de Ubá e desfilava no "Bloco Ubaenses e Estrelas", contrariando a família que saía no "Bloco Dragões e Opalas".

Em 1919, foi pela primeira vez para o Rio de Janeiro.

Em 1921, deixou Ubá definitivamente e passou a residir na então capital da República, onde prestou vestibular para a Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro.

Enquanto cursava a faculdade no período da manhã, voltou a fazer fundo musical para cinema mudo, traba-lhando das 14 as 18 horas no Cinema Íris e, das 20 as 22 horas, no Cinema Odeon.

Com a carga intensa de trabalho, o curso iniciado em 1922 foi interrompido inúmeras vezes, e, assim, só se formou em 1930, na mesma turma  do cantor Mário Reis.

Envolveu-se com a política, tendo sido, em 1946, o segundo candidato mais votado da União Democrática Nacional (UDN) nas eleições para a Câmara de Vereadores do Distrito Federal.

Na política, venceu uma grande batalha, a construção do Estádio do Maracanã.

Participou ativamente no campo da arrecadação do direito autoral, como membro da UBC - União Brasileira de Compositores (da qual foi o primeiro presidente, em 1942), da SBAT - Sociedade Brasileira de Autores e da SBACEM - Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música.

Em 1954, apresentou-se como convidado no programa "O meu maior sucesso", da TV Tupi, e, na ocasião, declarou que sua música predileta era o samba "Na Baixa do Sapateiro".

Em 1960, foi vice-presidente do departamento cultural e recreativo do Clube de Regatas do Flamengo, sua grande paixão.

Pouco depois, adoeceu de cirrose hepática, doença da qual se restabeleceu em 1962, retomando seu programa "Encontro com Ary", apresentado pela TV Tupi e transmitido aos domingos.

Em 1963, a Ordem dos Músicos do Brasil ameaçou proibir a execução de suas composições, por desentendimento entre as sociedades arrecadadoras UBC e SBACEM.

Em represália a decisão, a imprensa e o meio musical chegaram a realizar uma "Semana de desagravo", que incluiu concentração popular na Praça Serzedelo Correia.

Neste mesmo ano, sofreu nova crise de cirrose, tendo sido internado na Casa de Saúde São José, onde teve uma breve recuperação. 

No dia 07/11/1963, o jornal O Globo apresentava a seguinte manchete: "Ary chega aos 60 anos sem festa".

Dizia a notícia: "Ary Barroso completa hoje 60 anos. Para tristeza de seus amigos, a data não poderá ser comemorada, pois o estado de saúde do popular compositor é melindroso.

Em 12 de fevereiro de 1964, assim noticiava o jornal O Globo: "O último adeus a Ary Barroso.

Mais de cinco mil pessoas acompanharam o enterro de Ary Barroso, anteontem, no dia seguinte de sua morte.

O caixão ia coberto por uma bandeira do Flamengo e conduzido, entre outras pessoas, pelo ministro Abelardo Jurema, representando o presidente da República, e pelo deputado Paulo Amora, que representava o governador".

Uma semana depois, o mesmo jornal dava a seguinte nota: "Candelária lotada de amigos de Ary: Com a igreja da Candelária inteiramente lotada, foi celebrada ontem por Dom Hélder Câmara a missa de 7º dia em memória de Ary Barroso, que contou com o coro do Teatro Municipal, representantes do mundo político e social, músicos (como Ataulpho Alves, Pixinguinha, Almirante, Vicente Celestino, Donga e João de Barro), artistas e amigos do compositor.

Uma grande fila formou-se para dar pêsames a família de Ary, cuja mensagem de despedida - gravada em mil pequenos discos - será enviada aos amigos pelo seu filho, Sr. Flávio Rubens Barroso, que fez a gravação".

Em 2003, ano do centenário de seu nascimento, sua filha Mariúza conseguiu definitivamente corrigir o nome do pai, que é, na verdade, Ary de Resende Barroso e não "Evangelista  Barroso", como até então vinha sendo divulgado.

Afinal, Ary era "Rezende" por parte de mãe (Dona Angelina de Rezende Barroso) e, logicamente, "Barroso" por parte de pai, nascido "João Evangelista" Barroso.

CARREIRA ARTÍSTICA

Sua carreira artística no Rio de Janeiro começou como pianista na sala de espera do Cinema Íris.

Em seguida, fez parte da orquestra que tocava na sala de espera do Teatro Carlos Gomes, dirigida pelo maestro Sebastião, e, logo depois, atuou na orquestra de J. Thomás que se apresentava na sala de espera do Teatro Rialto.

Com a mesma orquestra, atuou no Cinema Central, além de participar de inúmeros bailes pela cidade.

Atuou em seguida na orquestra de Alarico Paes Leme.

Pouco depois, passou a integrar a Jazz Band Sul-Americana, de Romeu Silva, que se apresentava nos principais clubes da então capital federal.

Em 1925, deixou a orquestra de Romeu Silva que viajou para a Europa.

Em 1926, recebeu convite para formar uma orquestra e apresentar-se por dois meses na cidade de Santos, em São Paulo, e por três meses na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais.

Em 1927, de volta ao Rio de Janeiro, ingressou na orquestra American Jazz, de José Rodrigues.

Em dezembro de 1928, teve suas primeiras composições gravadas, os sambas "Vou a Penha", por Mário Reis, na Odeon, e "Tu queres muito", por Artur Castro, na Parlophon.

Em 1929, foi convidado pelo maestro Napoleão Tavares para uma viagem a Bahia com sua orquestra, atuando como pianista.

Esta viagem marcou definitivamente sua obra que passaria, a partir de então, a cantar sistematicamente os encantos e belezas da Bahia.

Nessa mesma época, começou a compor para o Teatro Musical por encomenda dos autores teatrais Marques Porto e Luiz Peixoto, que lhe pediram seis foxtrotes a serem apresentados no dia seguinte.

Passou a noite compondo para desespero dos hóspedes da pensão onde morava, protegido pela dona da mesma, sua futura sogra.

As músicas foram aprovadas e receberam letra de Luís Peixoto.

No mesmo período, suas composições "Vamos deixar de intimidade" e "Vou a Penha", além do foxtrote "Febre azul", foram selecionadas por Olegário Mariano, autor da revista "Laranja da China", dirigida por Luís Peixoto, para apresentação na peça, interpretadas por Aracy Cortes.

Seu nome, entretanto, não apareceu nos jornais nem nos cartazes do Teatro Recreio, sendo indicada a música como sendo de Júlio Cristóbal, Sá Pereira e outros.

Ainda em 1929, Francisco Alves gravou na Odeon mais uma composição de sua autoria, o samba-canção "Amizade", e Mário Reis, também pela Odeon, o samba "Vamos deixar de intimidade".

Este último tornou-se título da primeira revista que trouxe seu nome como autor da música, escrita por Olegário Mariano, com esquetes de Humberto de Campos.

Desta revista saiu o samba "Tu qué tomá meu home", parceria com Olegário Mariano, gravado por Aracy Cortes na Odeon.

Ainda neste ano, compôs os sambas "Cor morena" e "Juramento", apresentados na revista "Pátria amada", de Luiz Peixoto e Marques Porto, levada a cena no Teatro Recreio. Corria ainda 1929 e ele atuou em São Paulo com a orquestra do maestro J. Spina.

Em 1930, teve músicas incluídas em 11 revistas, entre as quais, "Concurso de beleza", de Afonso de Carvalho, apresentada no Teatro Recreio, na qual foi lançada o samba "No tabuleiro da baiana" pela atriz e cantora Aracy Cortes.

Musicou também, com Augusto Vasseur, a revista "Vai dar o que falar", de Marques Porto e Luiz Peixoto que marcou a estreia de Carmem Miranda no teatro musicado.

É, também do mesmo ano, a revista "Dá nela", título da marcha carnavalesca com que o compositor venceu o concurso de carnaval promovido pela Casa Edson no Teatro Lírico.

Esta marcha, composta quase por acaso, tornou-se o grande sucesso do carnaval daquele ano.

Na época, estava decidido a casar com Ivone Belfort de Arantes, filha da dona da pensão onde morava, mas sem recursos para o casamento decidiu participar do concurso de músicas carnavalescas promovido pela Casa Edison.

Não só ganhou o primeiro prêmio, mas  tornou-se o grande sucesso de carnaval de 1930.

Com a ajuda do prêmio, ele e Ivone puderam se casar em 26 de Fevereiro de 1930.

Ainda nesse mesmo ano, teve mais 19 composições gravadas, com destaque para a marcha "Dá nela", por Francisco Alves na Odeon; os sambas "Outro amor", por Mário Reis; "Você não era assim", parceria com Arieles França, por Aracy Cortes e "Eu vô!", parceria com Francisco Alves e Nilton Batista, por Patrício Alves, os três, também na Odeon.

Foram também gravados nesse ano, o samba "Nego no samba", parceria com Luiz Peixoto e Marques Porto, por Carmem Miranda na Victor e a canção "Teus óio", por Gastão Formenti, na Parlophon.

Neste mesmo ano, para uma revista de Luiz Peixoto e Freire Júnior compôs uma música cujos versos foram trocados por Peixoto.

Nasceu, assim, a composição "Maria", feita para a peça teatral "Me deixa Ioiô", uma homenagem a atriz portuguesa Maria Sampaio, estrela da peça. 

No princípio de 1931, compôs, com Freire Júnior e Vadico, as músicas para a revista "Com que roupa?", de Luiz Peixoto, estrelada no Teatro República.

No mesmo ano, na revista "É do balacobaco", de Victor Pujol e Marques Porto, o cantor Sílvio Caldas apresentou a primeira versão do samba "No rancho fundo", ainda com o título de "Na grota funda".

O mesmo Sílvio Caldas cantou na mesma revista os sambas "Malandro" e "Caboclo da cidade".

Também no mesmo ano, obteve grande sucesso na revista "Brasil do amor", de sua autoria e Marques Porto, com o samba "Faceira", que foi repetido oito vezes pelo cantor Sílvio Caldas a pedido do público.

Ainda em 1931, teve diversas composições gravadas, em especial por Carmem Miranda e Sílvio Caldas.

A "Pequena Notável" registrou na Victor a marcha "Sou da pontinha" e os sambas "Deixa disso" e "Benzinho".

Já Sílvio Caldas gravou, também na Victor, os sambas "É do balacobaco", "Não faz assim, meu coração", "Vai tratar da tua vida" e "Mão no remo", este, uma parceria com Noel Rosa.

Elisa Coelho gravou, com acompanhamento de piano e dois violões, o samba-canção "No rancho fundo", parceria com Lamartine Babo.

Esta parceria nasceu de maneira inusitada, pois o compositor havia feito para a revista "É do balacobaco" uma melodia que recebeu letra de J. Carlos intitulada "Na grota funda".

Impressionado com a beleza da música, Lamartine Babo, que estava na plateia, escreveu novos versos para a música com o novo nome de "No rancho fundo", apresentando-a com o Bando de Tangarás no dia seguinte na Rádio Educadora, sem pedir licença ao autor.

Assim começou a parceria dos dois grandes compositores.

Em 1932, Ary fez sua estreia no rádio, levado por Renato Murce, que conhecera na Casa Édison.

Estreou no programa "Horas do outro mundo", na Rádio Philips, acompanhando os cantores da emissoras ao piano.

Nesse mesmo ano, Sílvio Caldas gravou seus sambas "É mentira, oi!" e "Um samba na Piedade" e a marcha "Pente fino".

Teve ainda gravados, entre outras 18 composições, os sambas "Não posso acreditar", parceria com Claudemiro de Oliveira, interpretado, dentre outros, por Jonjoca, Castro Barbosa e Grupo da Guarda Velha e "Nosso amô veio dum sonho", além da canção "Primeiro amor", na voz de Elisa Coelho, com acompanhamento de Rogério Guimarães ao violão e ele próprio ao piano. 

Em 1933, escreveu, com Marques Porto e Velho Sobrinho, a revista "Segura esta mulher", apresentada no Teatro Alhambra que aproveitou o título de sua marcha que fez grande sucesso naquele carnaval.

Nessa época, a convite do empresário teatral Francisco Serrador assumiu o comando da orquestra do Teatro Alhambra.

Escreveu ainda no mesmo ano, com Marques Porto a revista "Mossoró minha nega", apresentada no Teatro Recreio.

Também no mesmo ano, escreveu, com Noel Rosa e Francisco Alves, o samba "Estrela da manhã", gravado por Francisco Alves e Madelou de Assis.

Ainda em 1933, Sílvio Caldas gravou "Vou pro Maranhão" e Moreira da Silva o samba "Cabrocha inteligente", ambos pela Victor.

Depois de trabalhar na Rádio Philips, transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga, indo atuar com Valdo de Abreu no "Programa esplêndido".

Neste ano, fez grande sucesso no carnaval com a marcha "Segura essa mulher", gravada no final do ano anterior por Sílvio Caldas.

Em 1934, Aurora Miranda gravou sua marcha "É assim que se vai no arrastão" e Francisco Alves o samba canção "Cabocla" e a marcha "Negra também é gente", esta, uma parceria com De Chocolat.

Elisa Coelho gravou duas composições com acompanhamento do próprio autor ao piano: a "Canção da felicidade" e "Caco velho".

Também nesse ano, Carmem Miranda gravou com acompanhamento dos Diabos do Céu e arranjos de Pixinguinha "Na batucada da vida", com letra de Luiz Peixoto, clássico da música popular brasileira.

Ainda nesse mesmo ano, acompanhou ao piano Francisco Alves, Almirante, Luís Barbosa e Madelou de Assis em show realizado no Cine Broadway.

Também recebeu menção honrosa no concurso oficial de músicas para o carnaval com o samba "Anistia".

Pouco depois, apresentou-se em Belo Horizonte acompanhando o cantor Sílvio Caldas, um de seus intérpretes favoritos, ao piano.

Também nesse mesmo ano, escreveu com Luiz Peixoto a revista "Bandeira nacional", apresentada no Teatro instalado no térreo do Edifício Goais, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, e compôs com Freire Júnior e outros a música para a revista "Voto secreto", de Luis Iglézias e Freire Júnior, encenada no Teatro Recreio. Um dos grandes sucessos do ano foi o samba-canção "Tu", gravado por Sílvio Caldas. 

Em 1935, teve as marchas "Garota colossal", parceria com Nássara, "Grau dez", parceria com Lamartine Babo e o samba "Foi ela", incluídos na revista "Cidade Maravilhosa", de César Ladeira, apresentada no Teatro Recreio.

Nesse mesmo ano, o samba "Foi ela", gravado por Francisco Alves na Victor, obteve grande sucesso dando ensejo a criação da revista com o mesmo, de Luis Iglézias e Freire Júnior, e apresentada no Teatro Recreio.

Essa revista seria reelaborada pelo compositor com a inclusão de números novos e recebendo o novo título de "Tempo quente".

Nesse mesmo ano, conheceu ainda mais dois grandes sucessos, a marcha "Grau dez", com Lamartine Babo, gravada na Victor pelo próprio Lamartine, Francisco Alves e Diabos do Céu, e que se tornou presença obrigatória do repertório carnavalesco pelos anos afora.

O outro grande sucesso foi o samba "Inquietação", cujos versos diziam: "Quem se deixou escravizar/E no abismo despencar/De um amor qualquer".

Esta composição, foi incluída no filme "Favela dos meus amores", de Humberto Mauro e gravada na Odeon por Sílvio Caldas, que também a interpretou no filme.

Ainda em 1935, iniciou a carreira de compositor para propagandas comerciais com a marcha "Chope em garrafa", que recebeu letra de Bastos Tigre e foi gravada na Victor por Orlando Silva e propagandeava o chope da Brahma.

Passou também a atuar como jornalista, escrevendo a seção diária "Falando a todo mundo" no jornal carioca "Correio da Noite".

Neste mesmo ano, estreou como locutor esportivo auxiliando Gagliano Neto na transmissão de corridas de automóvel no circuito da Gávea. 

Em 1936, transferiu-se por algum tempo para São Paulo, indo trabalhar na Rádio Kosmos a convite de Luiz Peixoto como humorista no programa "Hora H", juntamente com Gagliano Netto e o próprio Luiz Peixoto.

Ainda em São Paulo, inscreveu a marcha "Paulistinha querida" no concurso de músicas carnavalescas, obtendo o segundo lugar, apesar de a composição ter sido a mais executada no carnaval paulista daquele ano.

No mesmo ano, escreveu com Ércole Vareto a opereta "Lili".

Ainda em 1936, gravou com Carmem Miranda, Conjunto Regional Pixinguinha e Luperce Miranda, sua marcha "Como "vais" você", pela Odeon.

Na mesma gravadora, Carmem Miranda, Luís Barbosa e o Conjunto Regional de Luperce Miranda gravaram o batuque "No tabuleiro da baiana", que se tornou um dos grandes clássicos do compositor e da música popular brasileira, música encomendada por Jardel Jércolis que pretendia incluí-la em uma das revistas de sua companhia, a peça "Maravilhosa", encenada em outubro de 1936, cantada e dançada pela dupla Déo Maia e Grande Otelo.

Em dezembro, a música voltou a cena na revista "É batata!", da mesma companhia, desta vez apresentada por Oscarito e pela menina Isa Rodrigues.

Ainda no mesmo ano, teve entre outras obras gravadas, o samba "Sem ela", por Francisco Alves e Diabos do Céu, na Victor, a marcha "Colibri", por Odete Amaral e Diabos do Céu, também na Victor, e a marcha "A casa dela", por Sílvio Caldas, na Odeon.

Em 1937, realizou sua primeira viagem internacional para transmitir pela Rádio Cruzeiro do Sul os jogos do Campeonato Sul-Americano de Futebol, realizados na Argentina.

No jogo final, entre brasileiros e argentinos, sua presença ficou marcada pela passionalidade, torcendo mais do que transmitindo e chegando a largar o microfone para incentivar os jogadores brasileiros e cedendo sua gravata para improvisar uma tipoia para um jogador brasileiro machucado.

No retorno ao Brasil, foi recepcionado pelos torcedores como um verdadeiro herói.

Nessa época, além de transmitir jogos de futebol tinha um programa esportivo diário e apresentava o programa "Calouros em desfile", todos na Rádio Cruzeiro do Sul, onde lançou seu primeiro programa do gênero.

Seus programas de calouros tornaram-se famosos pois fazia uso de estridente gongo para apontar a desclassificação dos calouros.

Entre outros nomes da música popular brasileira que passaram por seus programas estão Lúcio Alves e Ângela Maria.

Nesse mesmo ano de 1937, escreveu com Luiz Peixoto e Gilberto de Andrade a revista "Quem vem lá", apresentada no Teatro Carlos Gomes.

Já na revista "Maravilhosa", de Geysa Boscoli e Jardel Jercolis, lançou o samba "No tabuleiro da baiana", com interpretação de Déo Maia e Grande Otelo, que se tornou outro de seus grandes sucessos.

Também nesse mesmo ano, teve oito composições gravadas por diversos intérpretes, entre as quais, as marchas "Não se deve lamentar" e "Eu dei", por Carmem Miranda e Benedito Lacerda na Odeon, sendo que, nesta última, participou dos acompanhamentos ao piano, e as valsas "Amor" e "Confissão de amor" por Augusto Henriques na Columbia.

Ainda em 1937, o samba "Quando eu penso na Bahia", parceria com Luiz Peixoto, foi gravado por Carmem Miranda e Sílvio Caldas na Odeon. 

Em 1938, Carmem Miranda gravou com Almirante e Orquestra Odeon a cena carioca "Boneca de piche" e, com a Orquestra Odeon, o samba-jongo "Na baixa do sapateiro".

No mesmo ano, escreveu a revista "Cordão do Catete" apresentada no Teatro Recreio e teve músicas incluídas na revista "O que há contigo?", de Luiz Peixoto e José Bastos.

Nesse mesmo ano, fez uma rápida temporada na Rádio Record de São Paulo, atuando com Francisco Alves e Carmem Miranda.

Nesse ano, inovou as transmissões esportivas ao introduzir o uso de uma gaitinha, que soprava a toda vez que um time marcava um gol.

Sua carreira de locutor esportivo, por sinal, é cheia de lances pitorescos e inusitados.

Proibido de entrar no estádio do Vasco da Gama certa vez, transmitiu o jogo do telhado do Ginásio Pio-Americano assistindo a partida de binóculos.

Além disso, não escondia sua paixão pelo Clube de Regatas do Flamengo e, quando este jogava, comportava-se ao microfone muito mais como um torcedor do que como locutor.

Ainda em 1938, teve gravado pelas Irmãs Pagãs e Benedito Lacerda e seu conjunto Regional o samba "Meu amor não me deixou" e por Aurora Miranda a marcha "A cigana lhe enganou", parceria com Gomes Filho, entre as 17 composições de sua autoria gravadas naquele ano.

Também nesse ano, foi escolhido como locutor oficial dos filmes do Campeonato Mundial de Futebol disputado na França e que chegavam ao Brasil ainda sem som e eram dublados por ele como se estivessem sendo narrados ao vivo.

Também em 1938, gravou com Carmem Miranda o samba "Deixa falar", de Nelson Peterson.

Em 1939, ingressou na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, assinando um fabuloso contrato.

Nesse mesmo ano, fez sucesso no carnaval com a marcha "Casta Suzana", parceria com Alcyr Pires Vermelho, gravada por Déo na Odeon.

Nesse ano, gravou ao piano algumas de suas composições que se tornaram clássicos da música popular brasileira como "Na baixa do sapateiro", e "Boneca de piche", cena carioca, com acompanhamento de Laurindo de Almeida e Garoto.

Gravou ainda, com acompanhamento de violão, bateria e baixo, os sambas "Tu", "Maria", parceria com Luiz Peixoto, "No rancho fundo", com Lamartine Babo, "Faceira", "Foi ela" e "Terra de Iaiá".

Ainda nesse mesmo ano, Aracy de Almeida lançou com sucesso o samba "Camisa amarela".

Também nesse ano, "Aquarela do Brasil", um samba-exaltação, conheceu sua primeira gravação feita por Francisco Alves, com arranjos e acompanhamento de Radamés Gnatalli e sua orquestra.

Também no mesmo ano, escreveu com Luís Iglézias a revista "Entra na faixa", apresentada no Teatro Recreio, e, com Luiz Peixoto, a revista "Em ponto de bala", apresentada no mesmo teatro. 

Em 1940, gravou ao piano um "pot pourri" com suas composição "Sem ela", "No tabuleiro da baiana", "Por causa dessa cabrocha", "Novo amor" e "Quando penso na Bahia".

Nessa época, suas transmissões esportivas eram sucesso absoluto, sendo chamado de "O speaker das multidões".

Ainda nesse ano, teve gravados por Dircinha Batista os sambas "Eu gosto de samba" e "Nunca mais" e a marcha "Upa! Upa! (Meu trolinho)".

Em 1941, teve cerca de 20 músicas gravadas, entre as quais, a valsa "Canta, Maria", por Cândido Botelho, a marcha "Blim! Blém! Blão!", por Déo e os sambas "A batucada começou", por Odete Amaral, e "Os quindins de Iaiá", por Cyro Monteiro, as quatro na Odeon, e o samba "Não é vantagem", por Aracy de Almeida e a canção "Três lágrimas", por Sílvio Caldas, as duas pela Victor. 

Em 1942, o samba "Isso aqui o que é" foi gravado por Morais Neto na Odeon.

No mesmo ano, Fernando Alvarez gravou o samba "Os quindins de Iaiá" e Sílvio Caldas regravou "Aquarela do Brasil", ambos na Victor.

Em 1943, o samba "Terra seca", outro grande sucesso, foi gravado pelos Quatro Ases e Um Curinga na Odeon e "Pra machucar meu coração", por Déo e Chiquinho e seu Ritmo na Columbia.

Nesse mesmo ano, teve músicas incluídas na revista "Sabiá da favela", de Freire Júnior e Paulo Orlando.

Ainda no mesmo ano, o samba-exaltação "Aquarela do Brasil" foi incluída no filme "Alô amigos", de Walt Disney com o título de "Brazil" e versos em inglês de S.K.Russel.

Por conta do sucesso de "Aquarela do Brasil" nos Estados Unidos, para lá viajou no final de 1943, conhecendo estúdios e artistas.

No mesmo ano, teve as músicas "Os quindins de Iaiá" e "Na Baixa do Sapateiro" incluídas no filme "Você já foi a Bahia?", de Walt Disney.

"Na Baixa do Sapateiro", com o título de "Bahia" e "Aquarela do Brasil", com o título de "Brazil", foram as primeiras músicas brasileiras a ter mais de um milhão de execuções nos Estados Unidos.

Em sua estada nos Estados Unidos, compôs músicas para o filme "Brazil", de Robert North.

Em 1944, foi convidado por Walt Disney para assumir a direção musical da Walt Disney Productions, mas recusou para poder acompanhar seu time do coração, o Flamengo, que então disputava o tricampeonato carioca de futebol (naquele tempo, tricampeonato significava conquista em três anos consecutivos).

Viajou ao término do campeonato para Hollywood a fim de compor as músicas para o filme "Três garotas de azul", que, no entanto, nunca chegou a ser filmado.

Nessa sua segunda viagem aos Estados Unidos, foi homenageado pela Academia de Ciências e Artes Cinemato-gráficas de Hollywood com um prêmio de "mérito" pelo samba "Rio de Janeiro".

Nesse mesmo ano, concorreu ao Oscar de melhor música com "Rio de Janeiro", novo nome dado a música "Isto é o meu Brasil", da trilha sonora do filme "Brazil". 

Em 1945, teve várias composições gravadas pelo cantor Déo na gravadora Continental, como os sambas "Sonho de amor", "Eu nasci no morro", um dos sucessos do ano e "Bahia imortal", este último, em dueto com Dircinha Batista.

No ano seguinte, a mesma Dircinha Batista gravou o samba "Assobia um samba".

Em 1947, Aracy de Almeida gravou a marcha "㉠Pão ou não é?" e o samba "Deixa o mundo falar". No mesmo ano, "Aquarela do Brasil" foi regravada pelos Quatro Ases e Um Curinga e pelos Anjos do Inferno e Regional Pixinguinha-Benedito Lacerda. 

Em 1948, voltou mais uma vez aos Estados Unidos para musicar o "Trono das Amazonas", filme que não chegou a ser completado.

No mesmo ano, compôs com Benedito Lacerda o samba "Falta um zero no meu ordenado", gravado com sucesso por Francisco Alves.

Ainda no mesmo ano, Dircinha Batista gravou os sambas "Rio" e "Pode vir, meu amor". 

Em 1950, gravou na Odeon, com um grupo intitulado "Sua Escola de samba", os sambas "Ai Geni" e "Na beira do cais", de sua autoria.

No mesmo ano, Francisco Alves gravou "Aquarela mineira" e Linda Batista o samba "O Brasil há de ganhar", este último, enfocando a presença da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo que aqui seria disputada. 

Em 1951, gravou ao piano, de sua autoria, o choro "Chorando" e o samba "Sambando na gafieira".

No mesmo ano, teve entre outras músicas gravadas, o samba "Rio de Janeiro" por Dalva de Oliveira, o samba-canção "Plena manhã" por João Dias e a marcha "Fechei a porta" por Zaira Rodrigues.

Em 1952, gravou com Sua Escola de Samba, com vocais de Alcides Gerardi, os sambas "O nosso amor morreu" e "Nada mais me consola", de sua autoria.

No mesmo ano, escreveu, com Luiz Peixoto e Roberto Ruiz, a revista "Há sinceridade nisso?", apresentada no Teatro Recreio e na qual foi lançado como fado pela cantora portuguesa Hermânia Silva o samba-canção "Risque", gravado depois como bolero. 

Em 1953, organizou a Orquestra de Ritmos Brasileiros com a qual excursionou pela Venezuela e México.

No mesmo ano, escreveu com Luiz Peixoto a revista carnavalesca "Na terra do samba", estreada no Teatro Recreio e na qual, ao fim do primeiro ato, toda a companhia interpreta sua "Aquarela mineira".

Ainda no mesmo ano, recebeu prêmios como melhor compositor do ano e melhor locutor esportivo, em concurso promovido pela Revista do Rádio.

Teve gravados no mesmo período, o samba "Eu não sou manivela" por Diamantino Gomes, "Trapo de gente" por Linda Batista e "Foi ela" por Fat's Elpídio e Britinho, entre outras composições. 

Em 1954, gravou ao piano a valsa "Um nome para esta valsa" e o samba "Ocultei", de sua autoria.

Ainda no mesmo ano, escreveu com Fernando Lobo a revista "Quem inventou a mulata?", levada a cena na boate "Night and Day".

Também no mesmo ano, estreou na Rádio Record o programa "Colégio Musical de Ary Barroso".

Teve gravadas no mesmo ano, entre outras composições, o samba "Faceira" por Lúcio Alves, a marcha "O mar também conhece" por Zaira Rodrigues e o samba "Maria das Dores" por Jorge Goulart.

Ainda em 1954, teve lançado por Sílvio Caldas um LP apenas com músicas de sua autoria, entre as quais, "Três lágrimas", "Faceira", "Terra seca" e "No rancho fundo". 

Em 1955, excursionou com sua Orquestra de Ritmos Brasileiros pelo Uruguai e Argentina.

Ainda em 1955, foi condecorado com a Ordem Nacional do Mérito, em cerimônia que contou com a presença do então Presidente da República Café Filho.

Nesse mesmo ano, fez temporada de sucesso na Boate Plaza, acompanhado do cantor Ernâni Filho, considerado um de seus intérpretes preferidos.

Também nesse mesmo ano, Jamelão lançou outra de suas composições que se tornou um clássico da música popular brasileira, o samba-canção "Folha Morta".

Ainda em 1955, a Copacabana lançou o LP "Encontro com Ary - Um bate papo musical com o maior compositor brasileiro", no qual interpretou ao piano composições como o "Choro brasileiro nº 3".

Na contracapa do LP, o compositor afirmou: "Quero deixar as gerações futuras alguma coisa que o tempo não destrua.

(...) Então, fazendo rodar este disco, poderão ouvir minha voz e meu piano.

Em 1956, seu samba "Terra Seca" foi gravado pelo ator e cantor Nelson Ferraz para o LP "Lamento Negro" da gravadora Continental.

Em 1957, estreou na Boate Night and Day o show de Carlos Machado "Mister samba" contando sua biografia musical, com presença de Aurora Miranda, Grande Otelo e Elizeth Cardoso.

Além de seus grandes sucessos apareceram no show músicas quase desconhecidas como "Samba em Hollywood" e "Cassino da Urca".

No mesmo ano, o samba "É luxo só", parceria com Luiz Peixoto, foi gravado por Heleninha Costa.

Em 1958, foi lançado pela Odeon o LP "Meu Brasil brasileiro", com músicas suas, algumas pouco conhecidas como "Quando a noite é serena", "Malandro sofredor" e "O correio já chegou".

No mesmo ano, saiu também pela Odeon o LP "Ary Caymmi - Dorival Barroso", com obras dos dois compositores, no qual o autor de "Aquarela do Brasil" interpretava ao piano obras de Caymmi e este cantava composições do mineiro.

Também no mesmo ano, retornou a TV carioca contratado pela TV Rio para apresentar, juntamente com Antônio Maria, o programa "Rio, gosto de você", além de apresentar "Calouros em desfile".

Em 1959, Luciene Franco gravou o samba "Eu fui de novo a Penha" e João Gilberto o samba "Morena boca de ouro".

Em 1960, Elizeth Cardoso gravou o samba "Bebeco e Doca", parceria com Luiz Peixoto e Carminha Mascarenhas gravou os sambas "Esquece", parceria com Meira Guimarães, e "Samba no céu".

Instado pelo jornal O Globo para falar sobre as músicas carnavalescas deste ano, Ary Barroso afirmou que o carnaval atual é dirigido e que se obrigam os foliões a cantar verdadeiros abacaxis.

E, prosseguindo, disse textualmente: "As músicas carnavalescas de hoje, destituídas de qualquer inspiração, morrem na quarta-feira de cinzas, porque são simplesmente chatas."

Debruçando-se na janela do passado, o autor de Aquarela do Brasil falou sério: "As músicas de 15 anos atrás brotavam da alma, da inspiração de compositores autênticos, autênticos poetas.

A música trazia o toque da imortalidade, pois as letras eram bem feitas e artisticamente gravadas.

Todas elas continuam marcando a época de ouro dos carnavais e jamais morrerão.

Tudo porque eram músicas e não precisavam ser trabalhadas.

Hoje, porém, a coisa é diferente.

Cantores e falsos cantores, em sua grande maioria, tomam parte nas panelinhas, e o resultado aí está: não temos mais músicas carnavalescas".

Ainda em 1960, seus sambas "É luxo só", com Luiz Peixoto, e "Eu nasci no morro", foram gravados por Jorge Goulart no LP "Eu sou o samba" da RCA Victor.

Em 1961, Jorge Goulart gravou na Continental o samba "Quero voltar a Bahia" e Roberto Silva, na Copacabana, a valsa "Três lágrimas".

Em 1962, teve, de sua parceria com Vinicius de Moraes, lançado por Ângela Maria, o samba-canção "Em noite de luar".

Em 1963, teve a execução de suas músicas proibidas pela Ordem dos Músicos do Brasil devido ao fato de, segundo a OMB, não ter pago a anuidade devida a instituição.

Segundo noticia publicado no jornal O Globo, uma multidão calculada em 2 mil pessoas fez-lhe um desagravo em função do ato da OMB e, reunidas na Praça Cerzedelo Correira, em Copacabana, entoaram seu samba-exaltação "Aquarela do Brasil".

A transmissão do desagravo foi feita pelo rádio e o compositor, preso em casa por motivo de saúde, ouviu a notícia com lágrimas nos olhos.

No mesmo ano, após longo período ausente do meio artístico devido a problemas de saúde, foi homenageado por diferentes artistas segundo notícia publicada no jornal O Globo: "Um cozido, sábado, na casa do radialista Luís Jatobá, foi a homenagem que velha guarda e bossa nova prestaram a Ary Barroso pelo seu regresso aos meios artísticos, do qual esteve afastado longo tempo por motivo de saúde.

As mais de 60 pessoas presentes cantaram músicas de Ary e aplaudiram a volta do nosso mais famoso compositor popular."

Em 1964, o G.R.E.S. Império Serrano desfilou na avenida apresentando o enredo "Aquarela Brasileira", em sua homenagem.

O compositor morreu quase que simultaneamente ao desfile em sua honra, tendo sido enterrado em plena realização do carnaval carioca, no qual tanto brilhou.

Em 1967, seu samba "Eu nasci no morro", foi gravado pelo grupo Os Cinco Crioulos, no LP "Samba... No duro", lançado pela Odeon.

Em 1974, Elis Regina regravou  "Na batucada da vida".

No ano seguinte, o samba "Camisa amarela" conheceu novo sucesso na gravação da cantora Célia.

Em 1979, a cantora Waleska gravou o samba-canção "Inquietação", no LP "Palavras Amigas", lançado pela gravadora Copacabana.  

Em 1980, a cantora Gal Costa lançou o LP "Aquarela do Brasil", no qual interpretou 12 obras do compositor, entre as quais, a música título, mais "Folha morta", "Faceira", "Jogada pelo mundo" e "No tabuleiro da baiana", que contou com a participação especial de Caetano Veloso. 

Em 1988, foi mais uma vez homenageado como tema de escola de samba; desta vez, pela União da Ilha do Governador.

Em 1993, o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral lançou o livro "No tempo de Ary Barroso", uma biografia do compositor.

Em 1995, foi lançado pela Editora Lumiar o song book "Ary Barroso", com três Cds resumindo sua obra.

Em 1996, a dupla de cantoras sertanejas Célia e Celma lançou o CD "Ary mineiro", no qual interpretaram obras do compositor. 

Em 2003, foi constituída pelo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, a comissão "Ary Barroso - 100", presidida pelo acadêmico Antônio Olinto, da Academia Brasileira de Letras, visando as comemorações dos cem anos de nascimento do compositor.

No mesmo ano, foi homenageado por ocasião da entrega do "Prêmio Tim de Música" no Teatro Municipal com o show "Ary sem fronteiras", no qual Yamandú Costa, Elza Soares, João Bosco, Stella Miranda, Zélia Duncan, Luiz Melodia, Chitãozinho e Xororãó Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Alcione e Mart'Nália, dirigidos por Wagner Tiso, interpretaram clássicos de sua autoria.

No mesmo ano, foi lançada, pelo selo "Revivendo", uma caixa com seis CDs intitulada "Ary Barroso - Nossa homenagem 100 anos" reunindo 122 composições interpretadas por diferentes artistas entre os quais, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso; Angela Maria, Linda Batista, Dircinha Batista e Orlando Silva.

Também em 2003, como parte dos festejos do centenário de seu nascimento, ganhou uma estátua na calçada do restaurante Fiorentina, no Leme, que era frequentado pelo compositor.

Em 2005, sua filha Mariúza Barroso contratou o músico Hugo Braule para transcrever cerca de 60 partituras deixadas pelo compositor, entre as quais as inéditas "Ubá" e "Ubaense glorioso", feitas em homenagem a cidade natal Ubá, "Ave Maria" e "Santa Maria", dois manuscritos descobertos por Mariúza, além de uma valsa sem letra e sem título que era tocada em casa pelo autor de "Aquarela do Brasil", que a havia composto para a mulher Ivone.

A ideia é transformar todo o material num song book no qual Hugo Braule tentará aproximar-se o mais possível daquilo que originalmente o compositor havia pensado.

Em 2007, estreou em sua homenagem o espetáculo "Aquarelas do Ary", musical apresentado pelo grupo formado pelos atores e cantores Cláudia Ventura, Alexandre Dantas e Marcos França, com direção de Joana Lebreiro, e direção musical e arranjos de Fábio Nin, no Centro Cultural dos Correios.

Na peça são apresentadas 25 músicas do compositor mineiro, como o clássico "Aquarela do Brasil", incluindo o samba inédito feito para sua cidade natal, Ubá.

Em 2010, seu samba-canção "No rancho fundo", parceria com Lamartine Babo, foi gravado, em dueto de acordeão e violão, por Dominguinhos e Yamandu Costa, no CD "Lado B", do selo "Biscoito Fino".

Em 2011, seu samba-canção "Canta Maria" foi gravado por Francis Hime e sua mulher Olívia Hime no CD "Alma música".

No mesmo ano, foi lançado pelo selo "Discobertas", em convênio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin, a caixa "100 anos de música popular brasileira" com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975.

Nesses CDs estão incluídos seus sambas "Faceira", na voz de Paulo Marquês, e "Aquarela do Brasil" na interpretação de Altamiro Carrilho e Seu Conjunto.

Em 2013, estreou no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, o espetáculo "Ary Barroso - Do Princípio ao Fim", escrito, dirigido e estrelado pelo ator Diogo Vilela. 

Em 2014, foi lançada pelo Museu da Imagem e do Som, de São Paulo, a caixa "Ary Barroso - Brasil Brasileiro", inventariando a obra do compositor mineiro.

Em 20 CDs estão reunidas, em ordem cronológica, 316 das 321 obras do compositor.

A pesquisa foi realizada pelo pesquisador paulista Omar Jubran, e levou oito anos para ser realizada, tendo sido iniciada em 1996 e concluida em 2006.

Nesse lançamento estão presentes o samba "Vou a Penha", de 1928, gravado por Mário Reis, ao fox "Amor fatal", composto para a revista "Brasil da Gente", de 1932, e somente gravado em 2006, pela pianista Janete Afonso, especialmente para a coletânea.

Entre as gravações mais raras estão dois registros do samba-canção "Semente do amor", da trilha sonora do filme "Três colegas de batina", de 1962, e a marcha "Jânio, Jânio, Jânio", composta em 1960 para a campanha de Jânio Quadros a presidência da República.

UM POUQUINHO SOBRE A MÚSICA "AQUARELA DO BRASIL", O "OUTRO" HINO NACIONAL

A música,  uma declaração de amor ao pais, com  versos  enaltecedores do povo, das paisagens e tradições brasileiras, foi a primeira composição responsável pelo surgimento do gênero samba-exaltação, posteriormente tão cultivado.

"Aquarela do Brasil" foi lançada por Aracy Cortes na revista "Entra na faixa", do compositor Luis Iglesias.

Inadequada a voz da cantora a música não fez sucesso.

Antes de ser gravada, "Aquarela do Brasil", inicialmente chamada de "Aquarela brasileira", foi apresentada pelo barítono Cândido Botelho no musical "Joujoux e Balangandans", espetáculo beneficente patrocinado por Darci Vargas, esposa do então presidente Getúlio Vargas.

A discografia da música é monumental, contando com interpretação de grandes artistas brasileiros e também estrangeiros, entre os quais Ray Conniff, Tommy e Jimmy Dorsey, Bing Crosby e Frank Sinatra.

Curiosamente, contrastando com tantas glórias, "Aquarela do Brasil" não ficou entre as três primeiras colocadas no concurso de sambas carnavalescos de 1940, cujo júri era presidido por Villa-Lobos, com quem o autor cortou relações, que só foram retomadas 15 anos depois, quando ambos receberam a Comenda Nacional do Mérito.

No espetáculo "Joujoux e Balangandans", foram ainda incluídas, de sua autoria, as músicas "Brasil moreno", "Trolinho" e "Canta Maria".

Pesquisa: Ógui Lourenço Mauri
Fonte: Internet, com predominância de consulta ao "Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira".

(Música de fundo: "Aquarela do Brasil", com Ray Conniff, Orquestra e Coro)



 

Letra da Música inserida por Carlos Roberto Lemberg

Aquarela do Brasil
Autor: Ary Barroso

Brasil, meu Brasil Brasileiro,
Meu mulato inzoneiro,
Vou cantar-te nos meus versos:

O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar;
O Brasil do meu amor,
Terra de Nosso Senhor.
Brasil!... Brasil!... Prá mim!... Prá mim!...

Ô, abre a cortina do passado;
Tira a mãe preta do cerrado;
Bota o rei congo no congado.
Brasil!... Brasil!...

Deixa cantar de novo o trovador
À merencria a luz da lua
Toda canção do meu amor.
Quero ver essa Dona caminhando
Pelos salões, arrastando
O seu vestido rendado.
Brasil!... Brasil! Prá mim ... Prá mim!...

Brasil, terra boa e gostosa
Da moreninha sestrosa
De olhar indiferente.

O Brasil, verde que dá
Para o mundo admirar.
O Brasil do meu amor,
Terra de Nosso Senhor.
Brasil!... Brasil! Prá mim ... Prá mim!...

Esse coqueiro que dá coco,
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar.
Ô! Estas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar.

Ô! Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro,
Terra de samba e pandeiro.
Brasil!... Brasil!

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