Silenciar


Hoje cedo, a primeira coisa que me veio à mente foi o meu pai.

Hoje ele faria 94 anos.

Parece que foi ontem que ele foi morar com Deus definitivamente.

Digo assim porque papai morava com Deus aqui na Terra também.

Papai era simplório, bom, inocente.

Quando choro a sua falta hoje, é porque preciso urgentemente ter um reencontro com o silencio, que costumava me rodear até pouco tempo.

Estou desacostumada com o barulho que o mundo faz; com tudo que está acontecendo.

Leve o tempo que levar, eu não consigo me acostumar com as coisas ruins que acontecem.

Queria ser diferente do que sou, apesar de amar profundamente a mim mesma, justamente por ter alma silenciosa.

Preciso encontrar pessoas que entrem em sintonia com a minha maneira de silenciar.

A receptividade silenciosa é difícil de encontrar, mas posso convi-ver comigo sem que precise do silencio do meu próximo.

Neste mundo de tanta vaidade – o mundo se esvai em vaidade com uma velocidade de uma cachoeira forte fazendo as suas águas des-cerem – é preciso aprender, reaprender, calar-se.

A ansiedade em que vivo, de querer mais das pessoas, de exigir de-mais de mim mesma, de postergar coisas que deveriam ser feitas há muito tempo, tudo isso precisa estar em sintonia com o meu si-lêncio.

Eu espero reciprocidade onde nunca vou encontrar.

Preciso começar a achar graça de coisas bobas e não das que me fazem rir de verdade, como era o Mazzaropi, o Mussum, o Zaca-rias...

Aquilo sim era gente que me fazia sorrir com força.

Toda esta vaidade de hoje me cansa demais, me afeta fisicamente, me esgota, me tira o sono.

Preciso ficar tão quietinha que nem o som do meu respirar eu ou-ça.

Assim encontrarei respostas e estarei pronta para fazer o barulho do mundo que me cerca.

Sunny Landrith


 

 
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