O amor paga mais


Três amigas conversavam, sentadas a uma das mesas do lado de fora da sorveteria, enquanto terminavam seus Milk-shakes.

Falavam sobre seus objetivos de carreira e o que estavam plane-jando para o vestibular que se aproximava.

Um senhor estava passando por ali naquele momento, voltando para sua casa com um pacote de pães fresquinhos, recém compra-dos na padaria, e não pôde deixar de ouvir o que elas diziam.

- Hoje em dia o negócio é se formar nestas profissões que pagam mais. – falou uma delas enchendo o peito, achando-se muito esper-ta – Por exemplo, tudo o que é relacionado a informática, design gráfico, que são as profissões do futuro.

O pessoal ganha super bem nestas áreas!

- É... – falou a segunda, concordando - Fazer estes cursos que tem vagas tão concorridas  não tá com nada!

O negócio é a gente se especializar nas profissões que sempre pro-curam gente nova, que sempre tem vaga; profissões de mídia, que pagam os maiores salários.

Mas a terceira delas não pôde concordar, e suspirou com tristeza.

O que ela tinha em mente era algo bem diferente do que o que as amigas estavam dizendo.

– Mas o que eu quero é ser estilista!

Eu amo criar roupas, customizar peças...

Eu não me vejo fazendo outra coisa!

É o que eu  quero desde pequena.

- Estilismo? – falou a primeira delas, em tom de arrogância e debo-che.

– Você sabe como é difícil conseguir espaço nesta profissão?

São poucas pessoas nesta área que realmente chegam a algum lu-gar, ficam famosas, tem um reconhecimento...

Quer o quê?

Pagar os olhos da cara nos cursos, pra depois trabalhar num ateli-erzinho medíocre a vida toda?

- Imagine! – acompanhou a outra, no mesmo tom.

– Use a cabeça!

Escolha uma profissão que pague bem, que pague mais!

E as duas meninas riam, sentindo-se superiores e evoluídas, en-quanto a outra disfarçava a tristeza e a decepção diante da rea-ção e falta de apoio das amigas com relação ao seu sonho.

Então aquele senhor parou, deu um passo atrás, e não pestanejou em lhes tomar a atenção.

- Desculpem-me, jovens – ele  começou -, mas  acabei ouvindo o que vocês estavam comentando.

Vocês querem realmente saber qual é a profissão que paga mais?

As duas primeiras meninas  se animaram,  pensando  que aquele senhor teria alguma dica muito boa para lhes dar,  enquanto a ter-ceira  apenas sorrira e concordara em ouvi-lo  em respeito à  apa-rente idade  daquele homem, procurando não deixar  que ele  no-tasse  a vontade de chorar  que lhe  apertava o peito.

Sentia que, se o escutasse dizer que as amigas estavam certas em pensarem daquela forma seu coração se despedaçaria por comple-to.

Mas ela e as amigas tiveram uma grande surpresa quando ele anun-ciou a que vinha.

Gentilmente o senhor retomou a palavra: – Aquela em que se tra-balha com amor.

As duas primeiras meninas o ficaram olhando sem entender, en-quanto nos olhos daquela terceira menina sonhadora podia se notar que um brilho diferente estava surgindo.

Então o senhor continuou: - Nenhuma profissão paga mais do que o ofício que se ama fazer, do que fazer aquilo que se nasceu para fa-zer.

Então, se a sua vocação, se o seu amor, está em estilismo – ele di-rigiu-se àquela menina que trazia aquele sonho dentro de si -, faça estilismo!

Seja estilista!

Você pode ter certeza  de que receberá  muito mais do que pode-ria receber em toda a sua vida exercendo outra profissão, ou do que qualquer soma alta impressa num cheque de pagamento refe-rente a qualquer outro ofício poderia lhe oferecer.

O reconhecimento está aqui, dentro da gente - ele disse  a todas, apontando para  o peito - Por estarmos fazendo aquilo que gosta-mos de verdade; nenhum elogio pode nos trazer essa satisfação.

E se destacar na profissão só depende mesmo da nossa disposi-ção e empenho,  e é claro, daquilo que Deus tem reservado para nós.

A jovem sonhadora lhe sorriu de volta, com alegria e admiração, enquanto as outras apenas ficaram paradas e caladas, sentindo-se um pouco sem graça; as coisas, de fato, não eram tão práticas as-sim como elas tinham colocado.

Todos nós nascemos com talentos, habilidades e vocações, e quan-do não vamos em direção a realizar isto que está dentro de nós, qualquer ofício que exercemos parece não nos pagar o suficien-te; mesmo se os ganhos são formados por muitos zeros, e nos cer-cam de bens materiais, coisas palpáveis.

Sonhar, empenhar-se na realização de um sonho, e mais, de fazer a diferença, é que é usar a cabeça, em todo o seu potencial e ca-pacidade!

Pois é mais fácil tomar atalhos que levam a resultados instantâ-neos, evitando processos, aprendizados, crescimento, desafios que nos preparam para coisas maiores, e estacionar em qualquer estágio que não exige muito de nós e nem aproveita muito da nossa capacidade; porém isso não é o que traz a real satisfação e nem o que faz descobrir um sentido maior para se viver - pagam e não pagam ao mesmo tempo, pois pagam ao bolso, mas não podem fazer nada pela alma irrealizada.

Mas só os sonhadores, aqueles que dão espaço para esta coragem peculiar, que os faz chegar aonde realmente devem chegar, a con-cluir aquilo a que vieram a este mundo, descobrem o que é viver de verdade!

Não há atalhos para tal, a estrada deve ser percorrida por inteira, mas também não é tão difícil quanto enfrentar o sentimento da ir-realização e daquilo que um dia pudemos fazer por nós mesmos e deixamos de fazer em troca de um resultado instantâneo e clara-mente inferior.

Qualquer pessoa pode optar a dar o braço para os seus sonhos, a ir pela contramão da decisão majoritária para vê-los concretos  e re-alizados!

Basta uma decisão por se assumir um sonhador!

Não importa em que altura da vida esteja: seja criança, jovem, adulto, ou idoso; nem que situação esteja vivendo, que lhe pare-ça limitar os movimentos (os obstáculos existem para serem venci-dos!); só quando vivemos os nossos sonhos experimentamos da es-petacular sensação de nos sentir as pessoas mais ricas do planeta - e isto sem associação alguma a dinheiro e posses, pois que é um estado de resultado, mágico, um sentimento maior como o de sonhar!

Sem este processo que nos move interiormente qualquer quantia é qualquer coisa.

Quem trabalha por amor, naquilo que ama fazer, mesmo se não re-cebe em dinheiro se sente muito mais do que remunerado.

O amor sempre paga mais!

Viver um sonho é que é usar a cabeça!

Jacqueline Collodo Gomes


 

 
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