Drogas Malditas... (Poema de Reflexão)


Quando a vi pela primeira vez,
Ela estava cercada de pessoas.
Todos pareciam estarem extasiados de prazer...
Queria saber,
Por que todos se encontravam naquele estado.
Olhei de longe e pensei:
O que os levou,
A se apaixonarem por ela,
Como se estivessem hipnotizados?

Minha curiosidade de adolescente foi crescendo.
Não consegui me afastar.
Fui me aproximando cada vez mais,
Quando percebi estava no mesmo estado,
Daquelas pessoas extasiadas de prazer...

Foi à maldita curiosidade que me atraiu,
Para eu chegar onde estou.
Confesso que fui cega por ser curiosa,
E essa curiosidade me traiu.
Já tentei de tudo para me afastar dela.
Faço juramentos para mim mesma...
Não consigo cumprir,
Juramentos nem promessas...

Quando estou sóbria repito muitas vezes:
"Nunca mais vou usá-la"
Mas consigo no máximo,
Ficar longe dela três dias...
Não tenho mais palavra,
Dignidade nem hombridade, personalidade.
Ela tirou tudo,
Até a vida ela roubou de mim...

Se não tenho dinheiro para comprá-la,
Roubo dos meus pais, tudo o que vejo pela frente.
Na hora não penso em nada,
Só penso nela, em poder usá-la.
Minha alma e meu ser,
Não me comandam mais.
Vivo pela necessidade química
Que tomou conta de mim...

Estou no fundo de um poço,
Que não tem fim.
Sou um trapo humano!
Virei à escória desse mundo.
Ela é a pior desgraça da humanidade.
Destrói a vida de um ser humano.
Depois que caí nas garras dela
Sinto-me fraca, sem vontade de viver!

Comecei usando maconha,
Deixava-me calma e serena.
Depois de algum tempo,
A maconha não me satisfazia mais.
Ela é o trampolim,
Para outras drogas mais maléficas.
Com o tempo passei a usar cocaína.
A cocaína é o pior trampolim,
Que existe no mundo das drogas...

O tempo foi passando...
Não morava mais em minha casa.
Fui para as ruas,
Onde eu podia roubar com mais facilidade.
Tudo o que eu conseguia,
Era para as malditas drogas...

Virei uma adolescente,
Que não tinha teto.
Vivia no meio dos lixos,
Em busca do que comer.
Perdi contacto com a minha família.
Vivia nas ruas,
Em busca de drogas,
Mais fortes que a cocaína.
Foi aí que apareceu o crack,
E eu comecei a usar...

A essas alturas,
Percebi que seria meu fim.
Andava maltrapilha e suja,
Virei uma mendiga das ruas.
Era estuprada por outros usuários,
Por causa da mesma droga maldita.
Nada mais me importava,
Já tinha perdido tudo na vida...

Ao anoitecer desse dia.
Fumei crack até o amanhecer.
Quando vi os raios do sol,
Brilhando no meu rosto sujo e desfigurado.
Percebi que estava,
Nos últimos momentos da vida...

Antes de partir, cai em mim e pensei:
"As drogas vão me matar"
Me arrependi de tudo que tinha feito.
Pensei na vida que tinha antes,
E comecei a chorar.
Lagrimas banhavam meu rosto sujo.
Era tarde demais para voltar atrás...

Depois de tanto tempo voltei a mim,
Antes de dar os últimos suspiros.
Olhei para o infinito, lembrei de Deus.
E de todos os ensinamentos,
Que eu aprendi com meus pais.
Que existe um Deus vivo,
Que perdoa todas as nossas fraquezas.

É o Deus do impossível.
Que transforma a vida,
De cada ser humano que se arrepende...
Continuei olhando para o infinito,
Lagrimas brotavam,
Abundantemente na minha face desfigurada.
Clamei a Deus e pedi perdão,
De todo o mal que causei,
A mim, e aos meus pais.
Nos meus últimos suspiros,
Tive certeza que Deus me perdoou...

Pensei:
"Vou deixar meu depoimento rabiscado perto de mim"
Quem achar esse depoimento faça-me um favor...
Colem esse depoimento que eu escrevi,
Para que muitos adolescentes não caíam,
Nas profundezas das drogas,
Como que eu cai...

Com certeza quando acharem esses rabiscos,
Não estarei mais aqui.
Meus amigos e adolescentes leiam,
Com profundidade e seriedade.
Tudo o que eu escrevi...
"Para que vocês"
Não cometam o mesmo erro que eu cometi...


Celina Miranda
SC - 30/03/2006




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