A Morada de Deus


       Hoje acompanhei minha filha caçula a um hospital público, único nesta cidade em que resido. É lá que meu plano de saúde tem convênio firmado para atendimento urgente aos seus conve-niados. Foi atendida no setor de emergência por um médico de clí-nica geral, com fortes dores abdominais. Fez exames de rotina e tomou injeções. Depois de breve repouso, já sem dores, foi acon-selhada a procurar em clínica particular um gastroenterologista, munida dos resultados dos exames preliminares, acabados de fa-zer.

       Como ela estava o tempo todo acompanhada pela mãe, sen-tei-me em um banco num dos corredores do hospital e assisti um triste desfilar, para lá e para cá, de macas com feridos em aciden-tes, doentes carregando suas dores e gemidos e idosos exan-gues, maioria deles chegada às pressas em ambulâncias do Corpo de Bombeiros e do SAMU.

       Aquele sofrido vai-e-vem, levou-me a pensar: Como pode meu Amado e Onipresente Deus estar em todos os lugares, valendo e as-sistindo a seus bilhões de filhos por este mundo afora, em todos os espalhados continentes e em outros distantes planetas por Ele cria-dos, quiçá alguns habitados?

       Fechei meus olhos, inclinei minha cabeça para trás em profun-do transe meditativo e concluí que Ele faz sua morada no coração de cada um de nós. É isso! Só pode ser isso! Uns o sentem, outros não... Mesmo no coração daqueles que o renegam, lá está Ele pronto a ouvir uma súplica, benevolentemente atendida, ainda que não merecedores, no meu néscio entender.

       Tive o pensamento interrompido pela voz alta de alguém orde-nando a volta de u’a maca para a enfermaria pois o CTI já estava lotado. Nessa maca estava uma idosa, conduzida por duas enfer-meiras, uma delas carregando em nível elevado aquele indefectível soro, tênue liame que a obrigava a permanecer viva, inda que so-frendo, mas para satisfação de seus familiares.  Aquele homem era senhor absoluto de quem morreria ou deveria permanecer vivo? Al-guém outorgou-lhe tamanho poder decisório? Certamente que não; a palavra final caberia a Deus que ali estava onipresente em todos os corações.

       Chegados em casa, seguimos o recomendado pelo médico e marcamos uma consulta para minha filha. Será atendida ama-nhã por um especialista em“gastro”.

       Ao deitar-me esta noite, passo a reformular minhas orações no sentido de que Deus olhe por todos aqueles que estejam em real sofrimento e que, a mim, seja-me concedida apenas as dádivas que venha a fazer jus. Tenho vergonha de pedir-Lhe algo para mim, mormente cônscio de que já tenho tudo que mereço e lem-brando-me dos milhões que nada têm e que, carentes,  precisam muito mais do que eu.

       Obrigado meu Deus. Que Continues Fazendo morada em meu coração. AJUDE-ME A AJUDAR e DÊ-ME FORÇAS PARA SERVIR AO PRÓXIMO até o dia de Tua derradeira chamada.

Ary Franco
(O Poeta Descalço)
São Paulo - SP




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