A amortalhada
 


Amedrontando crianças e deixando adultos menos corajosos de ca-belo em pé, por muito tempo se viu e ouviu falar da figura dos amortalhados, principalmente no interior nordestino.

Por trás de cada mortalha vestida, havia, com certeza, uma histó-ria forte de culpas e pecados a serem reparados.

Assim sendo a mortalha fazia parte do ritual de expiação aplicado ao grande pecador.

Contam que certa vez, uma linda moça, porém muito jovem, que-ria ir a uma festa.

Mas pela pouca idade só poderia ir acompanhada dos pais.

Sendo filha de uma pobre viúva, pai ela não tinha.

A mãe, no momento adoentada, não poderia acompanhá-la a tão desejada festa.

A jovem descontrolada num ímpeto de raiva e loucura, como se ti-vesse possuída pelo demônio, deu uma surra na pobre viúva que ficou prostrada durante muitos dias.

Vendo o sofrimento da mãe, não demorou muito tempo, bateu o arrependimento na filha desnaturada.

Tentando acabar com o remorso que lhe doía na alma foi até a igreja e contou tudo ao padre em confissão.

O padre  após ouvir atentamente o relato absurdo da jovem, apli-cou-lhe a penitência merecida:

Durante cinco anos a filha desalmada, teria de perambular pelas, ruas, becos e estradas vestida numa mortalha, e toda vez que pas-sasse em cemitérios e igrejas teria de parar para rezar um rosário.

A jovem cumpriu religiosamente sua penitência fazendo assim as pazes com Deus e obtendo o perdão de sua mãe.

Agora ela poderia ir a festa tão sonhada que acontecia todos os anos.

Sua mãe gozava de boa saúde, ela já tinha idade suficiente para frequentar as festas e tinha expiado sua culpa.

Bem vestida, foi ao baile, mas não teve um cristão que a tirasse para dançar, pois ninguém queria dançar com uma moça que no passado vestia-se com mortalha.

Eu sou Maria de Lourdes Aragão Catunda, assino meus artigos como
Dalinha Catunda

Ipueiras-Ce


 
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