RUGAS

Carmo Vasconcelos


Em cada ruga houve um caminho percorrido,
Em cada estria outra jornada sem avesso,
Marcas de um tempo irreversível e pregresso,
Fundos sinais de antigo carma já vencido.

Todas afago sem revolta e sem lamentos,
E bendizendo-as me desdobro em oração,
De alma ora leve e apaziguado coração,
Grata e liberta de penhores e tormentos.

Esculturais sulcos divinos a lembrar
Que o purgatório tem morada permanente
Aqui na Terra onde se saldam fatalmente
Dívidas cármicas deixadas por pagar.

Outrora filhas de actos vãos, irreflectidos,
As minhas rugas, mais que contas liquidadas,
São no presente as mães de luz, purificadas,
Destes meus versos, de pecado redimidos.

***
Lisboa/Portugal
1/Fevº/2010



RABISCOS

Humberto Rodrigues Neto


Citar-te as que amei bem ou que amei mal,
é ler-te o livro que o meu fado escreve,
com temas fortes ou de enredo leve...
romances sem princípio, nem final....

E nesse livro, num repente breve,
também te inscreverias, afinal,
na personagem da mulher fatal
que o meu desejo a pretender se atreve.

Mas há entre nós alguém que a sorte há posto
a inibir-me os assédios que refugas,
e a quem dizes amar, pra meu desgosto...

Meus olhos secas, porém não enxugas
as lágrimas que escorrem destas rugas,
que hoje vês rabiscadas no meu rosto!


* * *

S.Paulo/Brasil
30/Janº/2011


(Publicado na Era do Espírito, em 30/01/2001)



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