ARQUIVO

Carmo Vasconcelos

 

 

Tanta letra posta ao canto,

Tantos motes, tantos fados…

São agora encarcerados

No arquivo morto de espanto.

 

Tantas palavras escritas,

Tantas horas de emoção,

Vivem hoje em reclusão

Tal como amantes proscritas.

 

Tanto enlevo acalentado,

Tanto enlace em poesia,

Odes de fogo e euforia,

Verbo agora amordaçado.

 

Tanta noite sem cansaço,

Tanto mimo, tanto beijo,

Hoje são findo cortejo

Interditado no passo.

 

Tanta memória no vão…

Tantos megas, tantos gigas,

Lembram castradas espigas

Nunca chegadas a pão.

 

Tanta semente lançada,

Tanto regadio de encanto…

E desse lavrado tanto,

Deu campo arado de nada.

 

Tanta sílaba gritada,

Tanta mágoa no dilema,

Destruíram o poema,

Virou trova amargurada.

 

Mas ao rodar esse arquivo

E a laje que o sepultou,

Uma lágrima tombou

Ao ver que o cerne está vivo.

***

Lisboa/Portugal

11/Setº/2010

***

 

AMARGAS  REMINISCÊNCIAS

Zéferro

 

Recordo cada verso que te fiz

Quando o amor transbordava do meu peito

Lembrando esse teu rosto tão perfeito

Pra dizer-te: Contigo sou feliz

 

Recordo a doçura de tua voz

Dizendo que também tu me amavas

De emoção tuas lágrimas me davas

Universo não era senão Nós

 

Recordo o teu corpo estremecendo

Ao calor de um amor jamais sentido

Eu sentia jamais haver vivido

Em mim tanta ventura renascendo

 

Lembranças, transformadas em tortura

Partiste, como podes ser tão dura?

***

Zéferro, 28-nov-10

São Paulo - Brasil

***

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