Deserto inconstante - Dionísio Teles

Será que devo acreditar em ti?
Já te proibi inúmeras vezes
de falar que me ama.
Diga, por exemplo
que me queres na cama.
Seria bem mais honesto
não causaria ilusão, querida.
e, quando um dos dois partisse
não abriria a ferida
o adeus, seria só mais um gesto.

Meu coração é um bunker
cercado
de arame farpado
e, mesmo assim tu insistes.
jurando que ainda me quer.
Resisto às tuas investidas
e continuo a ser um Saara,
árido – sem arbustos de paixão
somente répteis rasteiros de tesão.
Mesmo assim, desejas ser meu oásis.

Querida,
sou caso perdido.
Ame a tua vida
viaje em outro navio,
procures um outro desvio.
Sou pôquer sem apostas
– nada a ganhar!
Sou deserto inconstante
- dunas traiçoeiras
movendo-se a todo instante.

Dionísio Teles
São Paulo - SP
https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=4989

Oásis de luz - Akasha De Lioncourt

Em meio a temores e desconfianças,
Quero surgir feito oásis na tua vida...
Sem qualquer interesse obscuro,
Apenas o de refrescar seu cansaço estéril...
Permita-me amolecer esse coração,
Enrijecido pelas areias do tempo...
Se temes ser amado, sofres, e muito,
Pois o amor é sentimento inato da alma...
Não basta o desejo, o tesão, a luxúria,
Pois são efêmeros, e só o amor permanece,
Se temes sentir seu coração estremecer,
Temes a vida, e acabarás por querer morrer!

Sei que me repelis, e mandaste-me embora!
Mas, não posso crer que sintas o que dizes...
Blefas...
Tentando assustar-me,
Mas não tenho qualquer receio de ti.
Estou aqui, teu oásis fresco e puro,
Matarei sua sede e saciarei tua fome,
Podeis vir, sem medo,
Nada exigirei de ti,
Apenas que respeite o meu amor!

E, ainda que insista em refugar meu amor,
Abandonando meu seio e meu regaço,
Jamais me esquecerá,
Pois estou em teu corpo,
Feito tatuagem, marcada a ferro,
Mas, respeitarei tua vontade,
E, tal como último ato,
De uma tragédia inacabada,
Baixarei as luzes sobre o palco,
E cerrarei as cortinas da ribalta...

Akasha De Lioncourt
Bauru - SP


 
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