A força do amor à natureza


"Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados
a colher aquilo o que plantamos".

A partir deste provérbio chinês, eu os convido para refletirem sobre o tema de um relatório analítico, publicado pela BBC/UOL, em 12.12.2007 e que recebi do professor e escritor  André Prado.

O texto trata de um dos assuntos mais explorados do momento: o aquecimento global.

Contém a informação de que um estudo realizado nos Estados Uni-dos e na Polônia aponta que o Oceano Ártico poderá passar o verão totalmente sem gelo dentro de apenas cinco ou seis anos.

Mas não é ele o tema principal da reflexão que proponho, pois fa-lar de aquecimento global parece ter se tornado cansativo, repeti-tivo, distante da nossa rotina de vida.

É assunto para compor relatórios sobre mesas das reuniões de go-vernos e de grandes empresas, que têm a obrigação de encontrar os caminhos para evitar futuras catástrofes.

Não me cansarei de repetir que a nossa vida e a vida dos nossos de-pendentes estão sob a nossa guarda e administração.

Embora tenha nascido e sido criada no interior, com a maior parte da infância vivida em fazenda, eu não seria hipócrita: gostei da mordomia de ir ao supermercado e comprar alimentos prontos ou  semi-prontos.

É um alívio para quem administra um lar cumulativamente com ou-tras atividades pessoais e profissionais.

Como o dia continua tendo cerca de vinte e quatro horas, sobra mais tempo para tudo.

Assim como eu, pensam e agem milhões de pessoas em todo o mundo.

O processo de preparação de alimentos e o marketing em torno dessa opção de vida iniciado há menos de 40 anos acabou por nos conduzir a exageros, fazendo-nos abandonar praticamente toda a atividade de plantio, colheita e cozimento.

O Governo, através de seus Órgãos de Normatização e Fiscalização, tenta garantir condições mínimas de salubridade aos milhões de produtos ofertados aos cada vez mais apressados consumidores.

Mesmo assim, aqui e ali apareceram doenças e epidemias causadas por  produtos impróprios ao consumo humano.

Quem não se lembra do caso da vaca louca na Europa, da febre af-tosa no gado bovino brasileiro, da contaminação do leite pasteuri-zado.

Já comprei frutas e verduras contaminadas com agrotóxico, enlata-dos estragados, que me renderam dias de saúde comprometida e contas altas nas farmácias.

Pensando nisso, usei a Horta Comunitária como instrumento inédito de cultivo em área pública urbana para divulgação da ideia de que devemos nos reaproximar da terra, estabelecer contato físico com ela, plantar – não palavras ou ideias – mas sementes e mudas, co-mo faziam nossos pais e avós.

Imediatamente conquistei adeptos à proposta.

Foram chegando aos poucos, testando o espaço atraente e alguns até se estabeleceram e procriaram.

Vieram sabiás, pombos, beija-flores, morcegos, lagartixas – todos famintos e sedentos.

Bastou que eu lhes mostrasse que poderiam confiar em mim para que transformássemos o local em um salão de festa permanente.

Animada, vi dezenas de humanos visitarem e admirarem a concre-tização da ideia.

Foram insistentemente convidados à participação.

Centenas compareceram, cadastraram-se, envolveram-se no proje-to e o multiplicaram.

A novidade chamou a atenção da imprensa, que divulgou dezenas de vezes imagens, entrevistas e comentários positivos sobre a inici-ativa.

O desejo de chamar a atenção sobre si levou alguns pobres de espí-rito a causar danos a esse micro-ecossistema em funcionamento pleno, mas não o destruiu e nem o destruirá.

Nossa força está na união com a mãe terra, a fauna e a flora.

Nessa
empreitada somos imbatíveis.

Sandra Fayad
Brasília - DF - março/2010


 

 
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