Escolhas que fui obrigada a fazer I

Recebi da Poetisa em 22/03/2018


Quando meu marido foi embora de casa, para não dar pensão, ele “
sumiu”.

Mesmo eu trabalhando, meu ordenado não dava para sustentar uma casa e duas crianças.

Passando por dificuldades financeiras fui obrigada, naquela época, a fazer algumas escolhas que me fizeram chorar.

Apesar do tempo decorrido, quando elas me vêm à mente, ainda fazem as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Minha filha Rita nasceu com os pés virados para dentro.

Para colocá-los na posição correta, ela começou a usar um apare-lho ortopédico.

Por ser muito elaborado, ele era feito numa local especializado.

O aparelho tinha um cinturão de ferro coberto por feltros, que era preso à sua cintura; ferros presos, à direita e à esquerda, prendi-am-se através de faixas aderentes, nas pernas de Rita; na altura dos joelhos havia, em ambos os lados, uma pequena alavanca que travava os ferros laterais (
parasegurar Rita em pé) e destravar (para o aparelho dobrar e Rita puder se sentar); no final dos ferros haviam molas que se prendiam às botas.

Eduardo, por ter problema nos pés (pé chato), também precisava usar botas ortopédicas.

Um dia engraxando-as, reparei que elas estavam muito gastas e pe-quenas... era um número menor do que eles já estava usando.

Ao saber o valor do aparelho completo da Rita e o valor das botas do Eduardo, comecei a chorar.

Eduardo, puxando a barra da minha saia, perguntou:

- Mãe porque vc está chorando?

E eu lhe explique que meu dinheiro não dava para comprar novos pares de botas para os dois.

Que eu precisava escolher se comprava as botas dele ou comprava as botas da Rita.

Ele, com apenas 5 anos, falou:

- Mãe compra a bota da Rita ela precisa mais do que eu.

Muriel E. T. N. Pokk


 

 
Anterior Próxima Crônicas Menu Principal