Preconceitos


Esta é uma palavra que sempre causa um certo preconceito. Tenho preconceito por quem é preconceituoso. É algo que não tem nada a ver. Trata-se de um princípio básico para a harmonia entre  seres humanos. Precisamos respeitar para sermos respeitados. E precon-ceito é o máximo que existe em matéria de desrespeito. Seja qual tipo for, pois sempre será uma discriminação que estamos fazendo. Estamos condenando alguém por não ser igual a nós, ou pior ainda, por não ser como nós queremos que seja. Se uma presença ou com-panhia não nos agrada, basta que nos afastemos, sem deixar pa-tente nossa atitude discriminatória.

Podemos citar um sem número de preconceitos. Todos serão odio-sos. Seja racial, e neste caso há que se notar que existe um pre-conceito generalizado, de todos contra todos. Na teoria, somos to-dos iguais perante Deus, ou perante a Lei. Mas não é o que ocor-re. Depende de onde se esteja, sempre haverá alguém sendo pre-judicado, ou mesmo perseguido por não pertencer a esta ou aquela raça. Por não ter esta ou aquela cor de pele.

Também pode ser social, quando pessoas se discriminam por serem pobres ou ricas, como se as diferenças sociais fossem indicativo de uma melhor qualidade, ou de uma melhor moral. Salvo prova em contrário, todos merecem as mesmas oportunidades. É verdade que muitas pessoas não aproveitam chances para uma melhoria de condição de vida, mas isso nunca será motivo para discrimina-ção.

Contudo, existe um tipo de preconceito que é o mais triste de to-dos. É aquele praticado contra pessoas portadoras de alguma defi-ciência, seja de nascença, seja provocada por acidente. Pode-se até considerar que não lhes seja dado um tratamento diferenciado, mas pelo menos devem ter as mesmas oportunidades de sobrevi-vência que todo e qualquer ser humano merece.

Não podemos conceber que, apenas por não dispor das mesmas condições, sejam rejeitados. E muitas vezes por seus familiares mesmo. Justamente por aqueles que mais deveriam apoiá-los, que deveriam oferecer todo auxílio, ajudando-os a vencer na vida ape-sar da deficiência adquirida, seja ela auditiva, visual, mental, físi-ca.

Normalmente a falta de condições normais, poderá provocar blo-queios de personalidade, alguns chegam a se julgar inúteis para a Sociedade, principalmente quando as restrições e o desprezo co-meçam em casa. Se forem tratados como inferiores desde criança, lhes será mais difícil superar os traumas.

O ponto mais importante, é sua aceitação. Apenas isso já é um grande passo. O fato de não serem considerados um estorvo por causa de sua deficiência, mas sentindo-se amados, não por causa, mas apesar da deficiência, já será de grande ajuda. Não se trata de piedade, trata-se de amizade, carinho. O mesmo tratamento dispensado a todos. A mesma atenção.

O que mais lhes dói, é sentir que são discriminados, e até menos-prezados, simplesmente porque não estão no parâmetro de pes-soas normais. Talvez a pior de todas as deficiências seja de quem os trata assim, ou seja, a deficiência espiritual. Todas as outras tem solução.

Para os deficientes auditivos, já existe uma série enorme de recur-sos que lhes permitem ouvir quase tudo. E até melhor que muita gente. E se entendem muito bem. E ninguém reclama porque estão gritando...

Para os visuais, não só Braille deu um jeito, mas hoje até já conse-guem escrever ao computador.

Para os mentais, existem diversos tratamentos e muitas oportuni-dades que já conseguem colocá-los em um bom nível de vida.

Existem deficientes físicos campeões de diversas modalidades es-portivas. E são melhores atletas que muitos atletas não deficien-tes. As Paraolimpíadas estão aí para prová-lo.

Não podemos deixar de falar de um sem número de artistas plásti-cas que sequer conseguem usar as mãos, no entanto suprem essa dificuldade com sua vontade férrea, usando a boca, os pés para nos brindar com telas maravilhosas.

Agora os infelizes deficientes espirituais não tem jeito. Não se con-segue entender o que se passa na cabeça de pessoas capazes de discriminar um filho, um irmão, um amigo, um vizinho, apenas por-que não é normal, segundo sua mesquinha concepção de vida. Ponham a mão na consciência. Sintam a injustiça que estão prati-cando. E vamos tratar de salvar suas almas.

Para começar, que tal ter UM LINDO DIA.

Marcial Salaverry
Santos - SP



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