Considerações sobre o Mundo


Vendo e lendo sobre a situação mundial, e sobre o que se apregoa como Fome Zero, vi passar por meus olhos, um filme tantas ve-zes visto...

Um filme muito triste.

Seja no sertão nordestino, seja no interior de Minas, seja nas aldei-as e florestas africanas...

Seja nas favelas dos grandes Centros.

É terrível o quadro da fome...

Ainda mais quando paramos um pouco para pensar, e vemos que o que mais gera essa triste situação é a incúria e a desonestidade das classes dirigentes das nações.

Quantas vezes verbas destinadas a aliviar a fome no Nordeste, fo-ram desviadas para os bolsos de políticos inescrupulosos...

Quantas vezes, caminhões e mais caminhões com donativos para flagelados de alguma coisa tomaram rumo diferente do que aquele ao qual estavam destinados...

É triste chegar-se à conclusão de que certas situações de penúria são mantidas, apenas para que certos dirigentes não percam a for-ça política sobre a região, mantendo o povo sempre no cabresto, e o povo sequer tem forças e tampouco vontade para reagir, sempre se contentando com as migalhas que lhes são oferecidas, com os fami-gerados Grupos de Trabalho.

Na África, então, a coisa é pior ainda, pois em muitos países africa-nos, o que mais provoca a fome endêmica, é a perseguição racial que ocorre entre os grupos étnicos rivais.

Grupos esses que foram agrupados em um mesmo país pelos coloni-zadores, visando apenas jamais permitir que os países africanos obtenham paz interna, ou mesmo um arremedo de união.

Veja-se também o que ocorreu com o racha havido na Iugoslávia e na União Soviética, e a consequente subdivisão dos países que sur-giram desse racha.

Explodiram rivalidades que estavam latentes, provocando guerras, guerrilhas, atentados.

Claro que isso tudo apenas gerou fome, desemprego, miséria.

E incrível progresso para os fabricantes de armas.

É o bicho homem empenhando-se na destruição da raça humana.

Contrassenso?

Claro que é, mas é o que ocorre.

E isso traz para nosso espírito um estranho e indesejado desâni-mo...

Essa situação é provocada deliberadamente, e aceita deliberada e acomodadamente...

Levando-nos a cada vez mais nos fecharmos dentro de nós mesmos, pois se nada ou quase nada podemos fazer... para que fazer? Se o que tentamos fazer geralmente é mal empregado, para que fazer?

Se, ao reclamarmos, somos criticados... então, para que falar?

Estes poucos Quixotes que se batem contra os moinhos de vento da incompreensão geral, sempre terminam sua obra com a frustração e a perplexidade estampadas na face.

Que fazer, Amigão?

Se é o homem que quer acabar com o homem?

Desculpem-me esta revolta, mas ao ver tanto luxo nos desfiles de Escolas de Samba, tantas verbas mal empregadas que, ao invés de serem direcionadas para a tal Fome Zero, são direcionadas para a Vergonha Zero.

Mas... que fazer?

Já pararam para pensar quantos hospitais poderiam ser feitos em zo-nas carentes com a verba que os Governos sempre dispensam apenas com os preparativos de uma possível e indesejada guerra?

Já imaginaram se tal e qual guerra é realmente deflagrada?

Assim caminha a humanidade e, como dizem, não adianta remar contra a maré... mas é um excelente exercício...

Bem... Já desabafei.

Agora quero ver se escrevo poesias... faz mais bem para a alma... e tira este nó da minha garganta... ao lembrar-me das tristes cenas que já assisti ao vivo e a cores, de gente morrendo de fome...

Ainda consigo desejar a todos UM LINDO DIA.

Marcial Salaverry
Santos - SP



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