Tetê, o relógio sem tempo


Ilustração: Marcelo de Oliveira e Irani Alves de Gennaro



Tic tac, tic tac,
Olha a cara de tristinho!
Está sempre chateado
Tetê o despertadorzinho.

Também, pudera, é só ele
Que trabalha noite e dia!
Naquela casa, o coitado
É um escravo da família

De manhã, logo cedinho,
Precisa acordar o Onório,
Senão o danado do homem
Chega tarde ao escritório

Enquanto Onório se apronta,
Tetê acorda a emprega
Que prepara o desjejum.
E assim ela acorda mais um.



Olha a cara da Cidoca
Preguiçosa como quê.
Mas também levanta cedo,
Pois tem aula de balé.

E agora chegou a vez
De acordar o Fabiano,
Que toda segunda e sexta
Vai para aula de piano.



Tetê arruma os ponteiros.
Uf! Que dia azarado!
Não tenho tempo pra nada?
Já estou ficando cansado!



Queria vadiar um pouquinho
Ou então poder parar.
Ah! Como seria bom
Dormir e depois descansar;

Assim pensando, dormiu,
E teve um sonho engraçado,
Sonhou que a família de Onório,
Toda, tinha viajado;

Ninguém pra ir ao escritório,
Ninguém pra fazer desjejum.
Pessoas eram de pano,
Ninguém mais tocava piano.

E, na escola de balé,
Não havia quem dançar!
Tudo era triste e calado,
Pois o mundo era parado!

"Não tem vida! Não tem vida!"
Grita o despertadorzinho.
"Não quero viver assim
Desse jeito é muito ruim"

Gritando, Tetê acordou.
Vendo as crianças orando,
Tetê suspirou aliviado.

Que bom! Foi apenas um sonho!
Será que estou atrasado?



Moral da história:

Não pense que o bom da vida
É só dormir.... descansar....
Nada disso tem valor,
Se você não trabalhar.


Irani Gennaro



Fundo Musical: Ninar - Brahms
 

 
Anterior Próxima Histórias Poesias
 
Menu Principal